segunda-feira, 27 de junho de 2016

Quebra da Oi mostra o fim de “multinacionais brasileiras”


O pedido de recuperação judicial feito pela Oi na sexta-feira(17) é a expressão maior e acabada da falência da política do Partido dos Trabalhadores de criar multinacionais brasileiras pretensamente semelhantes aos paquidérmicos monopólios corporativos.
Essa estratégia foi a justificativa dos governos petistas para transferir abundantes recursos públicos para esses projetos. No caso da Oi, dos 65,4 bilhões de débitos totais declarados no pedido de recuperação, R$ 4,4 bilhões são do Banco do Brasil, R$ 3,3 bilhões do BNDES e R$ 2 bilhões da CEF. Junto à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) a dívida chega a R$ 10 bilhões.
A dívida da Oi - a maior de toda a história do Brasil - supera em muito a dívida do Estado do Rio de Janeiro, que recentemente decretou estado de calamidade pública. A previsão é que o caixa do Estado do Rio feche as contas em 2016 com déficit de R$ 19 bilhões. O serviço total da dívida (os juros devidos) do estado em 2016 é de R$ 10 bilhões, sendo R$ 6,5 bilhões com a União.
Não por coincidência, como resultantes dessas mesmas pretensões, em 2014, só a empresa petrolífera OGX do grupo de Eike Batista – “o orgulho do Brasil”, segundo Dilma Rousseff – com uma dívida aproximada de R$ 14 bilhões, teve decretado seu pedido de recuperação judicial, até então o maior pedido da América Latina.
Já a dívida da Sete Brasil, arapuca financeira organizada por Renato Duque, condenado na Lava Jato, para extorquir a Petrobrás no fornecimento de sondas para o Pré-Sal, também com o pedido aceito pela Justiça em abril, a dívida chega a R$ 19,3 bilhões.
Três projetos praticamente falidos que arrastaram para o ralo dezenas e dezenas de bilhões dos impostos dos brasileiros e bilhões dos bancos públicos.
A Oi surgiu em 2008 da fusão a Brasil Telecom e da própria Oi, reestruturada da ex-Telemar. União essa propiciada pelo governo Lula injetando de um lado bilhões de recursos públicos, de outro, modificando a legislação que impedia esse tipo de fusão, resultando numa empresa com 60% do mercado de telefonia fixa.
A dívida da OI, já existente antes da fusão, saltou com os empréstimos necessários à costura entre as duas gigantes. A fusão posterior com a Portugal Telecom, em 2013, que deveria injetar recursos para estabilizar a telefônica, derrubou ainda mais a situação de caixa da companhia, devido a complicações econômicas dos grupos acionistas desta última no processo.
Com mais um exemplo derrubando as idéias de supremacia absoluta da eficiência na gestão privada, pela “ironia do destino”, toda “engenharia” privatista para criar uma grande multinacional genuinamente brasileira, acabou numa empresa desnacionalizada e às portas da falência.
Considerando-se a função estratégica das comunicações, a incapacidade dos capitais privados nacionais de enfrentar a recuperação da empresa e ainda, ser o governo o principal credor da Oi, a reestatização parece ser a solução natural no resgate companhia.
J.AMARO

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