sexta-feira, 22 de abril de 2016

O povo cubano vencerá


Fidel fala ao VII Congresso do PC cubano

  Discurso do líder da Revolução cubana, Fidel Castro, no encerramento do 7º Congresso do Partido Comunista no dia 19. A seguir, a íntegra do pronunciamento.

  Constitui um esforço sobre-humano dirigir qualquer povo em tempos de crise. Sem ele, as mudanças seriam impossíveis. Participar em uma reunião como esta, na qual se congregam mais de mil representantes escolhidos pelo próprio povo revolucionário, que neles delegou sua autoridade, significa para todos a honra maior que tem recebido na vida, a esta se soma o privilégio de ser revolucionário, o que é fruto de nossa própria consciência.
 Por que me tornei socialista, mais claramente, por que me converti em comunista? Essa palavra que expressa o conceito mais distorcido e caluniado da história por parte daqueles que tiveram o privilégio de explorar os pobres, despojados desde que foram privados de todos os bens materiais que proveem o trabalho, o talento e a energia humana. Desde quando o homem vive nesse dilema, ao longo do tempo sem limite. Sei que vocês não necessitam esta explicação, mas talvez alguns ouvintes, sim.
 Falo simplesmente para que se compreenda melhor que não sou ignorante, extremista, nem cego, nem adquiri minha ideologia por minha própria conta estudando economia.
 Não tive orientador quando era estudante de leis e ciências políticas, nas quais aquela tem um grande peso. Logicamente que então tinha por volta de 20 anos e era aficionado ao esporte e a escalar montanhas. Sem orientador que me ajudasse no estudo do marxismo-leninismo, não era mais que um teórico e, certamente, tinha uma confiança total na União Soviética. A obra de Lênin ultrajada depois de 70 anos de Revolução. Que lição histórica! Pode-se afirmar que não deverão transcorrer outros 70 anos para que ocorra outro acontecimento como a Revolução Russa, para que a humanidade tenha outro exemplo de uma grandiosa revolução social que significou um enorme passo na luta contra o colonialismo e seu inseparável companheiro, o imperialismo.
  Porém, talvez o maior perigo que hoje paira sobre a terra derive do poder destrutivo do armamento moderno que poderia socavar a paz do planeta e tornar impossível a vida humana sobre a superfície terrestre.
 Desapareceria a espécie como desapareceram os dinossauros, talvez houvesse tempo para novas formas de vida inteligente ou talvez o calor do sol cresça até fundir todos os planetas do sistema solar e seus satélites, como grande número de cientistas reconhece. Se forem certas as teorias de vários deles, as quais os leigos não ignoramos, o homem prático deve conhecer mais e adaptar-se à realidade. Se a espécie sobreviver um espaço de tempo muito maior as futuras gerações conhecerão muito mais do que nós, embora primeiro terão que resolver um grande problema. Como alimentar os bilhões de seres humanos cujas realidades se chocariam irremissivelmente com os limites de água potável e recursos naturais de que necessitam?
  Alguns ou talvez muitos de vocês se perguntem onde está a política neste discurso. Creiam-me que lamento dizer, mas a política está aqui nestas moderadas palavras. Tomara muitos seres humanos nos preocupemos por estas realidades e não continuemos como nos tempos de Adão e Eva comendo maçãs proibidas. Quem vai alimentar os povos sedentos da África sem tecnologias a seu alcance, nem chuvas, nem reservatórios, nem mais depósitos subterrâneos que os cobertos por areias? Veremos o que dizem os governos que quase em sua totalidade subscreveram os compromissos climáticos.
  Há que martelar constantemente sobre estes temas e não quero estender-me além do imprescindível.
  Daqui a pouco farei 90 anos, nunca teria me ocorrido essa ideia e isso nunca foi fruto de um esforço, foi teimosia do acaso. Logo serei já como todos os demais. A todos nós chegará a nossa vez, mas ficarão as ideias dos comunistas cubanos como prova de que neste planeta, se se trabalha com fervor e dignidade, pode-se produzir os bens materiais e culturais de que os seres humanos necessitam, e devemos lutar sem trégua para obtê-los. A nossos irmãos da América Latina e do mundo devemos transmitir que o povo cubano vencerá.
  Talvez seja das últimas vezes que eu fale nesta sala. Votei em todos os candidatos submetidos a consulta pelo Congresso, e agradeço o convite e a honra de me escutar. Cumprimento a todos e, em primeiro lugar, ao companheiro Raúl Castro por seu magnífico esforço.
  Empreenderemos a marcha e aperfei-çoaremos o que devamos aperfeiçoar, com lealdade meridiana e a força unida, como Martí, Maceo e Gómez, em marcha sustentada.
FIDEL CASTRO

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