domingo, 25 de outubro de 2015

CRISE ECONÔMICA? AS ELITES NÃO ESTÃO EM CRISE, MAS ESTÃO PREPARADAS.


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Pablo Gomes
A economia mundial está em crise. No início desta semana, bolsas no mundo inteiro despencaram após grande instabilidade no mercado Chinês. Em Shangai, a queda de 8.5% foi a maior desde fevereiro de 2007. As bolsas no Japão e em Hong Kong acompanharam Shangai e caíram 4.6% e 5.2% respectivamente. Nos EUA, minutos após a abertura da bolsa, a Down Jones caiu 1.089 pontos, equivalente a 6.6%, maior queda de uma bolsa em um único dia na história das bolsas de valores do país.
Apelidada de “Black Monday” (segunda-feira negra), foi considerada por jornais no mundo inteiro como uma “simples correção”, “algo passageiro”, numa tentativa de acalmar investidores afirmando que se tratava de “algo meramente momentâneo no mercado”.
Diferente do que muitos afirmam, não existe nenhuma recuperação na economia. A tal “recuperação” não passa de uma falácia. O economista Charles Nenner acredita que o que aconteceu segunda-feira foi uma “pré-quebra”, ou seja, um ensaio de uma grande quebra que está a caminho. Não só Charles Nenner acredita que uma crise econômica mundial está batendo na porta. O mesmo é dito pelo economista John Williams, pelo escritor do best seller “A Morte do Dinheiro”- Jim Rickards, pelo economista e ex-conselheiro do tesouro no governo Ronald Reagan- Paul Craig Roberts, pelo professor de economia pela University of Massachusetts- Dr.Richard Wolff, entre outros dezenas de economistas sérios e independentes.
Os economistas que afirmam que não existe crise são aqueles que não têm liberdade de dizer a verdade porque seus contratos nas universidades e corporações os impedem de contradizer o que o grande sistema quer que eles digam.
No entanto, alguns setores das elites saíram do armário e já admitem que a crise é real. Como eles sabem que existe uma crise, mas que ao mesmo tempo é difícil prever quando a casa de cartas irá cair, esses setores da burguesia começaram a enviar alguns sinais de alerta. Foi o que Jamie Dimon, CEO do banco JPMorgan Chase, fez meses atrás ao avisar seus maiores acionistas que uma crise econômica mundial estava chegando.
Recentemente, o FMI e até o ex-diretor do Banco Central americano, Alan Greenspan, alertou que uma bolha financeira poderá explodir a qualquer momento. Há duas semanas, num editorial do jornal americano The New York Times , Peter Georgescu e Ken Langone (dois membros da elite bebedora de whiskey caro que vive nos Hamptons), alertou os 1% que controlam as riquezas dos outros 99%, dizendo que “as elites econômicas do país criaram um problema no sistema que já é impossível de resolver”, vejahttp://www.nytimes.com/2015/08/09/opinion/sunday/capitalists-arise-we-need-to-deal-with-income-inequality.html?_r=0
Intitulado “Capitalistas, levantem-se: precisamos resolver a inequalidade salarial”, o artigo é um aviso às elites de que o povo poderá se levantar a qualquer momento contra o sistema. Essa preocupação está diretamente ligada à crise econômica que poderá piorar a situação atual e criar um caos no sistema político, ameaçando a posição de conforto e poder da burguesia. E a burguesia está preparada para contra atacar, tanto com austeridade quanto com violência policial. Se necessário for, as elites lançarão uma nova grande guerra.
Por essas bandas, nas terras onde tudo que planta dá, as elites precisaram executar um plano B para dar um drible nos efeitos da crise mundial.
Diferente de que muitos acreditam, a crise econômica não afeta as elites. As elites brasileiras não estão incomodadas com a crise financeira. As elites brasileiras estão incomodadas é com a ascencão das classes mais pobres que de alguma forma impactou na posicão de conforto das elites. Motivada pelas medidas populistas do governo do PT nos últimos 10 anos, que tiveram grandes impactos ao aumentar o salário mínimo dos trabalhadores acima da inflação, as elites se viram prejudicadas principalmente pela queda dos lucros ocasionadas pela redução da pobreza que afetava, até então, milhões de pessoas em todo o país.
A crise no Brasil é mais política do que econômica e setores da elite ja admitem isso. Por exemplo, o presidente da Brasil Foods, o empresário Abílio Diniz, disse que a crise é “fundamentalmente política, muito mais do que econômica”. Não muito diferente do empresário, os irmãos Marinho, magnatas do monopólio da comunicação no país, donos das organizações Globo, vendo que a tentativa de derrubar Dilma Rousseff do poder poderia desencandear uma crise econômica sem controles, resolvera optar pelo “diálogo” com o governo. Vários setores da esquerda brasileira questionaram: “por qual razão os famigerados dos Marinho mudaram de lado de uma hora para outra?” Bem provável, algum acordo muito “cabeludo” foi feito às escuras entre os Marinho e o Planalto. Quem viver, verá as consequencias desse acordo.
Ao mesmo tempo que as elites não sentem crise nenhuma, quem mais sofre com a instabilidade política no Brasil é a classe trabalhadora. Aumento na taxa do desemprego, na tarifa de gás e energia e cortes nos salários são sentidos com força pelas classes mais pobres e pela classe média. Os pobres e a classe média é quem estão pagando pela crise criada pelos ricos.
No Brasil não existe crise econômica para os banqueiros. No último semestre, bancos brasileiros foram um dos que mais lucraram no mundo. O lucro do Banco Itaú foi de R$5,9 bilhões só no 2º trimestre de 2015, vejahttp://g1.globo.com/economia/negocios/noticia/2015/08/lucro-do-itau-sobe-para-r-59-bilhoes-no-2-trimestre-de-2015.html
O presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, em entrevista ao jornalista David Friedlander, defendeu o governo Dilma Rousseff e afirmou ser contra o impeachment defendido por alguns setores da elite, sobretudo, por políticos de partidos da direita. Setubal falou que “não há motivo concreto para tirar Dilma Rousseff do poder”. Assim como Setubal, Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco, Rubens Ometto, da Cosan, e Robson Andrade, da Confederação Nacional da Indústria, também se pronunciaram a favor da presidente Rousseff.
E isso, diferente do que muitos da “esquerda” acreditam, tá longe de ser um sinal positivo. Não há nada de positivo ter uma elite econômica a favor de um governo liderado por um partido que se diz de esquerda e que defende os trabalhadores. É contraditório demais. É contra as leis da ciência.
Essa aproximação do governo com as elites tem duas explicações. Uma é que Dilma Rousseff e o governo covarde liderado pelo Partido dos Trabalhadores deve ter feito algum tipo de acordo com as oligarquias do país, acordo esse que vai piorar ainda mais a qualidade de vida da classe trabalhadora porque trata-se de uma barganha pra não ter que dizer suborno. Ou seja, quem vai pagar o pato por esses acordos será novamente os trabalhadores. A outra, é que as elites não querem piorar a situação política porque instabilidade e dúvida são pontos negativos para a situação econômica da nação.
Assim como as elites americanas, as elites brasileiras sabem que a crise econômica mundial é grave e que a qualquer momento, um tsunami no mercado financeiro poderá quebrar a economia global de forma catastrófica. O que aconteceu esta semana na China e no resto do mundo é apenas um ensaio. O que as elites temem é que as massas se levantem contra elas quando o sistema quebrar.
A crise financeira mundial é nada menos que a crise do próprio capitalismo. Os poderosos temem revolução. E antes de qualquer guerra violenta, as elites tentarão um novo acordo com o povo. Foi assim na década de 30 quando o presidente americano Franklin D. Roosevelt tomou posse e encontrou um país com índices recordes de desigualdade social e extrema pobreza. A solução foi o “New Deal”, um acordo para amenizar o problema e evitar uma revolução social. Na época, John Maynard Keynes, (ídolo dos neo-liberais), escreveu uma carta aberta para o presidente Roosevelt no New York Times, vejahttp://newdeal.feri.org/misc/keynes2.htm , alertando sobre a necessidade de acalmar as multidoes.
É exatamente o que estamos vendo novamente . Crise econômica mundial, elites preparadas e mensagens de alerta para as massas.
As elites já não podem mais esconder a crise do povo porque as elites precisarão justificar a crise. Como é impossível esconder o óbvio, a jogada das elites agora é preparar as massas.
A nova crise mundial poderá até despertar uma nova guerra global, mas antes disso, as elites irão tentar criar novas reformas e acalmar as massas, assim como aconteceu em 1930.
As elites ja estão prontas para dar a cartada quando a crise desencadear. Se falhar, a vida na Terra correrá risco de ser extinta. A classe trabalhadora precisará estar preparada para tomar o poder. Se a classe trabalhadora falhar, teremos uma nova Guerra Mundial.
E desta vez não teremos uma nova chance.
https://pablogomes.wordpress.com/

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