quarta-feira, 18 de março de 2015

Jabores, Sheherazades, Gentiles, Pondés: escalada do fascismo no Brasil é fruto de uma década de envenenamento ideológico promovido pela oligarquia midiática brasileira






por Paulo Jonas de Lima Piva


As manifestações golpistas do último dia 15 sob a liderança da Rede Globo e que pintaram de Casa Grande e classe média branca a avenida Paulista são uma demonstração irrefutável do êxito da estratégia de envenenamento ideológico levada a cabo pela oligarquia midiática brasileira na última década.

Durante os governos Lula e Dilma, Jabores, Sheherazades, Gentiles, Pondés, Leitões, Villas, Lobões, Olavos, Constantinos, os mais raivosos, delirantes, caricatos e reacionários escrevinhadores, âncoras, locutores e saltimbancos foram aos poucos surgindo e conquistando pontos estratégicos da grande mídia brasileira em detrimento de colunistas, comentaristas e jornalistas do campo progressista, a ponto de nos indagarmos perplexos hoje onde está a esquerda nos programas de rádio das CBNs e Band News da vida, nos telejornais dos horários nobres, nas vitrines das livrarias megastores e nas colunas das publicações de maior alcance do país. E a constatação não é nada animadora: nos últimos doze anos o ponto de vista da esquerda foi praticamente eliminado, varrido para os guetos dessa grande mídia, ao mesmo tempo em que a pior direita monopolizou esse espaço vital para o debate ideológico, logo, é livre e solta para vociferar a barbaridade e o besteirol que quiser, da maneira mais covarde e inescrupulosa, como se fosse a verdade imperiosa dos fatos, sem nenhum risco do contraditório.

E quem é e vem sendo o consumidor mais ávido e receptivo dos discursos desses oraculares formadores de opinião pública, em particular na última década de governos petistas? A classe média, tanto a velha e tradicional quanto a nova, esta, vale lembrar, surgida das políticas sociais dos governos Lula e Dilma.

O resultado? Ódio, ódio, ódio; ódio a nordestinos, a beneficiários do Bolsa Família, aos direitos das empregadas domésticas, ao "Mais Médicos", às cotas, aos movimentos sociais, ao acesso dos pobres ao consumo e a símbolos de status, enfim, o ódio cego e alucinado a todas as pautas de distribuição de renda, de desmantelamento das desigualdades históricas e de geração de direitos a gays, negros, indígenas e mulheres. Em uma palavra, fascismo.

O Brasil vive hoje uma escalada do fascismo. As manifestações golpistas do último dia 15 foram uma expressão eloquente dessa ideologia e prática que os pitbulls da oligarquia midiática vem semeando desde a posse de Lula em 2003 e que conseguiram inocular com muita eficiência na alma dos seus apreciadores. Se a regulação da mídia tivesse sido feita, se os governos Lula e Dilma tivessem força política para isso, o quadro ideológico hoje certamente seria outro.

Lamentações à parte, vivemos tempos de fascismo. Temos de nos preparar psicologicamente e, sobretudo, politicamente, para eles. O pior é que esse ódio bárbaro não cessará com um eventual golpe contra Dilma nem com uma possível criminalização e aniquilamento institucional do PT. Aliás, um golpe contra Dilma e uma criminalização e um aniquilamento institucional do PT só alimentarão e fortalecerão ainda mais esse monstro que os monstros da oligarquia midiática pariram na sociedade brasileira e que poderá ficar fora de controle.

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