quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Incoerente, Marina agora quer privatizar o pré-sal e a Petrobras junto


Marina Silva mudou seu discurso e agora mostra-se direitista fervorosa


Os sinais de incoerência na campanha presidencial da ex-ministra Marina Silva (PSB/Rede Sustentabilidade) têm ficado mais evidentes à medida que chega o dia das eleições. Ela, agora, já admite claramente a intenção de privatizar a Petrobras, o que não encontra eco sequer na legenda política que a abriga. Ainda nesta terça-feira, em um flagrante conflito interno na coligação que sustenta a candidata apoiada pela ultradireita, o socialista histórico e presidente do PSB, Roberto Amaral, desautorizou o economista Alexandre Rands, da equipe de Marina Silva, a falar pela legenda.
Rands, em uma entrevista ao diário conservador carioca O Globo, na véspera, deu uma espécie de “receita” para corrigir “erros” da gestão Dilma Rousseff. Entre as falhas apontadas, um Banco Central independente teria subido os juros há mais tempo, prevê. Rands garante, ainda, que a retomada do crescimento somente deverá ocorrer no quarto ano do próximo mandato. Até lá, o país – segundo o economista – amargará níveis reduzidos de crescimento. Rands não para por aí e questiona as teses do célebre economista Celso Furtado, reconhecido internacionalmente e fonte de inspiração para a formação da Superintendência de Desenvolvimento do Norteste (Sudene) e para o controle do Estado no Banco Central, entre outras medidas. Para o aliado de Marina, as ideias de Furtado “talvez nunca tenham feito sentido”.
Diante do festival de declarações, Amaral mandou Rands se calar e, em nome do PSB, reafirma que Celso Furtado é o formulador do pensamento econômico do partido, nacional e desenvolvimentista.
– O PSB tem profunda admiração pela obra e pelo pensamento de Celso Furtado. Morto, não há substituto à altura – disse Amaral, a jornalistas.
Privatização da Petrobras
De fato, a candidata Marina Silva agora assumiu, com todas as letras, que tem a intenção de priorizar o interesse das multinacionais na exploração do pré-sal. Ela sustentou, nesta manhã, a revisão do REGIME de partilha, aprovado durante o governo Lula. Nesta segunda-feira, durante encontro com empresários em São Paulo, o coordenador da campanha da presidenciável, Walter Feldman, já havia considerado a política atual “doutrinária” e “errada”.
Segundo o modelo vigente para a exploração de áreas cuja expectativa é de grandes quantidades de petróleo, o Estado fica com a maior parte dos lucros obtidos e a participação da Petrobras é obrigatória na exploração de todos os campos. Feldman argumenta que a situação financeira da estatal não permite que isso seja praticado.
– A própria Petrobras se diz com dificuldades de responder a essa demanda – diz ele.
No modelo de concessão, formulado e aplicado durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e apropriado para áreas de maior risco exploratório e com expectativa menor em relação a quantidades, predominam os interesses das grandes multinacionais, como Shell, BP (British Petroleum) e Chevron, que passariam a explorar e obter a maior parte dos lucros da riqueza extraída de mares brasileiros. Segundo Walter Feldman, executivos do setor criticaram a emissários da candidata, durante encontro na semana passada, a política de conteúdo local – que prevê a produção de 60% dos componentes no Brasil. Rever o REGIME de partilha na exploração de petróleo também é uma proposta do candidato do PSDB, Aécio Neves, duramente criticada pelo ex-presidente da ANP, Haroldo Lima.
Legislação trabalhista
Não bastasse a crítica a Celso Furtado e a intenção de privatizar a Petrobras, Marina Silva também passou a defender, nesta terça-feira, uma série de mudanças na legislação trabalhista, mas sem citar medidas específicas ou detalhar, minimamente, a proposta. Em debate com empresários, no Centro da capital paulista, Marina citou duas vezes a necessidade de atualizar as regras da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para “ajudar na geração de emprego”.
– A complexidade das leis trabalhistas, muitas vezes, priva uma empresa, uma pequena empresa, de contratar – disse,
Ela fez a ressalva de que essa “não é uma discussão fácil”.
– Prefiro ter humildade para continuar o debate e evitar distorções. Se fosse fácil, o sociólogo teria feito a reforma política e o operário teria feito a reforma trabalhista – disse sem citar os nomes dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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