quinta-feira, 5 de junho de 2014

AQUECER NOSSAS CONVERGÊNCIAS E CONGELAR NOSSAS DIVERGÊNCIAS


Podemos dizer que no último ano aconteceram importantes fatos na vida brasileira que nos fazem refletir como os governos estavam se relacionando com a sociedade organizada, até aquele momento. Ano passado vivemos grandes momentos de mobilização  em todo o Brasil, por reivindicações justas, como melhores condições de transporte, de saúde, de educação etc.

Aqueles movimentos, que aparentemente pareciam espontâneos, começaram a pregar que não queriam a participação de sindicatos, partidos, “bandeiras” etc. Isto não era verdade, mas a grande mídia vassala assim manipulava e - num momento de hostilidade – tentou manipular esse movimento e direcioná-lo contra o governo da presidenta Dilma. Inicialmente, a grande mídia incentivou a repressão daquelas manifestações e, principalmente em SP, o governo “baixou o pau”. Apesar disso, em vez de haver um recuo, o que se viu foi mais povo na rua. Não foram manifestações como as que ocorrem na Europa ou nos países árabes por emprego, democracia, mas para que os governantes pudessem entender e ver que precisam melhorar as condições de vida da população. E o estopim foi o aumento das passagens de ônibus, ocorridas em todo o Brasil. Grandes mobilizações, marchas, ocorreram nos últimos anos.

Os sindicatos de trabalhadores são organizações corporativas que lutam pelos interesses da categoria, principalmente os econômicos, também foram às ruas neste período, mas estes já haviam organizado várias marchas à Brasília, desde 2003. Os governos sempre hostilizaram historicamente as organizações dos trabalhadores. Poucos mantiveram diálogos profundos e constantes com os sindicatos, com exceção dos governos de Getúlio Vargas e do presidente Lula. O sindicalismo no Brasil sempre teve um papel importante na luta por maior independência, contra o imperialismo e a política neoliberal pró-imperialista que quiseram impor. O sindicalismo conseguiu eleger o presidente da república, que é violentamente atacado pelos conservadores-reacionários e a mídia vassala.
            
            
          Se verificarmos, em todo século XX, os sindicatos tiveram participação importante nas transformações sócio-trabalhistas e culturais no Brasil. No período pré-1964 havia uma grande unidade: os sindicatos aumentaram; os rurais organizaram-se; constituíram federações, confederações e um único comando, o poderoso CGT (Comando Geral dos Trabalhadores). Uma das justificativas para o golpe de 1964 foi que João Goulart queria implantar a “república sindicalista”. Por isso, dezenas de dirigentes sindicais foram perseguidos e assassinados.

Hoje não há unidade no movimento sindical. Com a existência de várias centrais sindicais, é difícil construir e manter uma pauta unificada de luta. Esse ano, por exemplo, no primeiro de maio, aconteceram atos públicos separados, pois suas lideranças defendem projetos diferentes para o Brasil.

Nas eleições de 2014, estão em debate dois projetos para o Brasil: um de retorno à política que privilegia o sistema financeiro, com menor presença do Estado e o aprofundamento da aliança com os EUA; e outro, de maior independência econômica, de maior presença do Estado, de melhoria das condições sociais, geração de empregos, de multirrelação internacional.

O que interessa aos trabalhadores? Manter e ampliar os empregos, melhorar salários, saúde, transporte e educação pública gratuita e de qualidade. Que não se mexa nas conquistas trabalhistas, sempre ameaçadas. Acesso à cultura, à casa própria. E sabem os trabalhadores que para manter estas conquistas tem que haver um governo que não esteja submisso aos interesses do imperialismo americano.

Penso que manter e ampliar a Frente Nacional que hoje governa o Brasil, com a liderança de Dilma/Lula, é a melhor opção na atual conjuntura. O que os inimigos do Brasil querem – como a grande mídia vassala, os grandes partidos de oposição e seus satélites, a “esquerda” florida que sempre faz o jogo da grande mídia e da oposição – é deixar o Brasil de quatro diante dos imperialistas.

Esta Frente Nacional conseguiu enfrentar a crise de 2008, manteve o Brasil crescendo economicamente, ampliou os benefícios sociais, manteve as conquistas trabalhistas, gerou milhões de empregos, construiu milhões de casas. Como disse o presidente Lula, salvou o capitalismo brasileiro.

Não queremos o Brasil se torne uma Espanha, ou Grécia, ou Portugal com receituário econômico que privilegia o sistema financeiro, “o mercado”. A Espanha está com mais de 28% de sua força de trabalho desempregada, principalmente a juventude.

Mas nossa democracia precisa avançar mais, principalmente com a democratização dos meios de comunicação, dominados por uma organização que cresceu em apoio à ditadura militar de 1964 e que foi o sustentáculo ideológico desta ditadura, atingindo principalmente à classe operária e os trabalhadores. Como disse Tancredo Neves, 1964 iniciou uma política anti-Vargas. E Getúlio Vargas era anti-imperilista, socialista, nacionalista, que liderou uma revolução que resgatou o que hoje podemos chamar de cidadania. Podemos afirmar que o Brasil é o que é graças a essa revolução que foi combatida e até hoje Getulio Vargas assusta os entreguistas que implantou um projeto de nação de verdadeira independência econômica e social.

Precisamos pensar no passado: o que conquistamos e o que vivemos nos últimos 50, 40, 30, 10 anos ou até em todo século XX? Muito caminhamos, lutamos muito, para manter o Brasil de pé. Pensar com a própria cabeça nos ensinaram Getúlio, Brizola, Tancredo e Lula.

Farão de tudo para nos dividir. Neste momento precisamos nos lembrar das palavras do líder revolucionário Getúlio Vargas: "Subvencionarão brasileiros inescrupulosos, seduzirão os ingênuos e inocentes. Em nome de um falso idealismo e de uma falsa moralização, dizendo atacar sórdido ambiente corrupto, que eles mesmos, de longa data, vêm criando, procurarão, atingindo a minha pessoa e o meu governo, evitar a libertação nacional e prejudicar a organização do povo. (...) É preciso conservar aceso o fogo sagrado e vigilante do nosso patriotismo e do nosso devotamento à causa pública. E, fazendo isso, estaremos construindo, lentamente, a independência econômica e lutando contra os seus principais inimigos, que são o imperialismo, na esfera internacional, e a exploração do homem pelo homem, no meio interno".

O Brasil é um país rico, um dos mais ricos do mundo, se não é o maior. A cobiça do imperialismo sobre nós é grande e não é de hoje que querem nos submeter aos seus interesses e roubarem nossas riquezas e super-explorarem nossa mão de obra. É importante a união de todos os brasileiros para enfrentarmos juntos essa cobiça. Com tanta riqueza, não era para ter uma criança abandonada, mendigando na rua ou famílias inteiras morando em condições subumanas. A concentração de renda neste país ainda é alta. Bilhões de reais do dinheiro público, que é destinado ao pagamento dos juros, poderiam ser investidos nas melhorias das condições de vida dos trabalhadores. Essa sangria precisa ser estancada, assim como a sonegação de impostos e, principalmente, fazer com que os mais ricos paguem impostos e, assim, deixar de sacrificar a classe média brasileira, os assalariados. Mas para que essa realidade se transforme, mude radicalmente, precisamos nos organizar mais, reivindicar com mais precisão e nos unirmos. Construir esta pátria não tem sido fácil. Os inimigos do povo, o imperialismo e seus aliados internos, estão sempre querendo nos convencer que não temos capacidade de construir esta nação. Tentam a todo tempo acabar com nossa autoestima, nos desagregar, destruir a família. Até no futebol, querem que não se torça pelo Brasil.

As lideranças progressistas, dos empresários, trabalhadores, partidos, juventude, homens e mulheres de bem desta nação, precisam se unir, congelar nossas divergências, a bandeira do Brasil esta acima de todas as bandeiras. Temos a capacidade de aquecer nossas convergências e congelar nossas divergências. Assim conseguiremos enfrentar o imperialismo e seus lacaios internos.

Nos estados temos que pensar o que soma, converge a este projeto de independência nacional, quais os deputados estaduais, federais, senadores, governadores, estarão comprometidos com esse projeto nacional. Manter e ampliar a Frente Nacional para que possamos aprofundar nossa independência econômica “lutando contra os principais inimigos que são o imperialismo, na esfera internacional, e a exploração do homem pelo homem, no meio interno".

As eleições serão um momento importante de tomarmos uma decisão sobre o Brasil que queremos. Um Brasil com a alma de “Tiradentes e Getúlio Vargas” ou de “Calabar, Silvério dos Reis e Lacerda”.

Não podemos nos dispersar.

Rio de janeiro, 05 de junho de 2014

Aylton Mattos

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