sexta-feira, 14 de março de 2014

Por que nós continuamos aplaudindo a barbárie, se ainda temos valores?

Jovens aspirantes com o uniforme branco, uma delas escreveu um dos textos mais coerentes dos últimos tempos. Não é sobre Marinha, mas sim sobre o Brasil. Com a permissão da autora, Sra. Carla Andrade, encaminho o texto:

De todas as transformações que o nosso país enfrenta, não tenho dúvida que a pior delas é inversão de valores.
Não estou falando dos atores, mas da plateia.

Quem determina o sucesso de um espetáculo é o público. Por melhor que sejam os atores e o enredo, se o público não aplaudir, a turnê acaba.

Nós somos a sociedade, nós somos a plateia, nós dizemos qual o espetáculo deve acabar e qual precisa continuar.

Se nós estamos aplaudindo coisas erradas, se damos ibope a pessoas erradas, de que estamos reclamando afinal?

Somos nós que consumimos notícias de arruaceiros infiltrados nas legítimas manifestações para justificar a repressão do Estado de Polícia implantado no Brasil que ganham mesada para depredar o nosso patrimônio.

Somos nós que damos trela para beijaços, topless e toda a sorte de falta de educação deste Big Brother e os seus heróis e histéricos performáticos que querem seus minutos de fama.

Quando fazemos isso, estamos dando-lhes valores que não têm. Estamos dando-lhes atenção. Estamos dedicando-lhes o nosso precioso tempo.

Passou da hora de dar um basta nisso!
Por que os nossos jornais estão recheados de funkeiros ao invés de medalhistas olímpicos do conhecimento?

Por que vende-se mais jornal com notícia de um funkeiro que largou a escola por já estar milionário, do que de um aluno brilhante que supera até seus professores?

Por que um evento histórico para o Brasil como o ingresso da primeira turma feminina da Escola Naval não é noticiado?
Por que um monte de alienadas com peitos de fora, merecem mais as manchetes do que as brilhantes alunas, que conquistaram as primeiras 12 vagas, da mais antiga instituição de ensino superior do Brasil?

Por que nós continuamos aplaudindo a barbárie, se ainda temos valores?

O país não mudará se nós não mudarmos o foco!

Os políticos não mudarão se nós não refletirmos a sociedade que queremos!
Já passou da hora de nos posicionarmos!

Ostracismo a quem não merece a nossa atenção e aplausos para quem faz por merecer.

Merecer! Precisamos devolver essa palavra para o nosso dicionário cotidiano.

Meu coração ao olhar essa foto hoje, se divide em vários sentimentos distintos.

Muito orgulho de ser mulher e me ver representada por essas guerreiras.
Elas não estão fazendo arruaça pleiteando igualdade. Elas conquistaram a igualdade estudando e ralando muito.

Elas tiveram que carregar na mão as suas malas pesadas no dia que entraram na Escola Naval. Não puderam puxar na rodinha não! Tiveram que carregar na mão igual aos aspirantes masculinos.

Elas foram e fizeram.

Sentimos uma certa revolta e constrangimento ao ver a essas mulheres semi nuas falando bobagens e se insinuando o tempo todo como se em cio estivessem sendo anunciadas o tempo todo pelo apresentador como heroínas.Que desonra a esta palavra.
Estariam dispostas morrer como heroínas pelo nosso País se fosse necessário?

 
Parabéns Primeira Turma Feminina da Escola Naval de 2014.
Vocês são a dúzia que valem muito mais que milhares de pessoas que mostram seus corpos recebidos no nascimento, para prover sustento!
(o texto em destaque não é do original). AC.

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