sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

QUANDO A EDUCAÇÃO NÃO É LIBERTADORA


 
Um aspecto que contribui para a continuidade de situações ou condições de heteronomia é a adesão do oprimido ao opressor. O oprimido acaba adquirindo os valores dos opressores, e assim o modelo de humanidade que vai procurar realizar é o do opressor. Passa a defender a visão individualista de liberdade, o que lhe impede de lutar pela própria libertação. "Em sua alienação, os oprimidos querem a todo custo parecer-se com o opressor, imitá-lo, segui-lo" (FREIRE, 1980, p. 60). 

No momento em que passam a desejar ser como o opressor, interiorizam suas opiniões e passam a desprezar a si mesmos, a se ver como incompetentes, incapazes, etc. Isso representa uma espécie de "dependência emocional" (FREIRE, 1983, p. 57), e constitui uma forma de heteronomia, já que o oprimido não busca ser ele mesmo e ser para si, mas busca ser como o opressor, e dessa forma, acaba sendo para o opressor. Muitas vezes, os oprimidos se reconhecem como tais e buscam sair da opressão, mas isso, no contexto de contradição e opressão em que vivem, significa ser opressor, por isso que libertação precisa implicar em superação da contradição opressor-oprimido. 
É a superação da contradição que traz ao mundo o homem novo, não mais oprimido nem opressor (cf. idem, p.36), o homem que é para si, o homem autônomo. 

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