terça-feira, 29 de outubro de 2013

Desnacionalização está impedindo desenvolvimento tecnológico do Brasil, afirma José Eduardo Cassiolato

São Paulo, 26 de Outubro, de 2013
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Segundo o economista, grupos estrangeiros estão dominando o mercado nacional

Desnacionalização está impedindo desenvolvimento tecnológico do Brasil, afirma José Eduardo Cassiolato

 

José Eduardo Cassiolato, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi um dos palestrantes mais aguardados do Seminário de Pauta 2013. O especialista abordou os prejuízos para o Brasil causados pela desnacionalização do setor de tecnologia, no segundo dia do evento (25). 
Cassiolato abriu as discussões afirmando que grupos estrangeiros estão dominando o mercado nacional e impedindo o desenvolvimento do Brasil, uma vez que eles chegam com a tecnologia desenvolvida em seu país de origem e implantam aqui. O presidente do Sindpd, Antonio Neto, completou a afirmação do palestrante dizendo que "esses grupos veem os brasileiros somente como mão de obra para produtos primários e manufaturados, pois eles querem dominar o nosso mercado de software e computador".
Para o economista, um dos principais problemas é a falta de políticas de investimentos no setor tecnológico brasileiro. Ele apresentou o exemplo do mercado chinês que está se fortalecendo a cada dia. O país não impede a chegada de empresas estrangeiras, desde que a tecnologia implantada pelas companhias seja repassada. "Quando a Embraer, uma das únicas empresas brasileiras que investe em pesquisas e desenvolvimento, chegou à China ela foi obrigada a repassar a tecnologia e ensiná-los a construir avião. Tempos depois, havia uma empresa chinesa que fazia o mesmo produto com a tecnologia brasileira. Isso não acontece aqui", disse. 
"Até agora não fomos capazes de fazer como os chineses e outros países. Precisamos de um projeto de levar o país pra frente. Queremos continuar importando  quase 100% de computadores, ou vamos querer ter um papel mais ativo?", indagou Cassiolato.
O especialista ainda fez uma análise do mercado mundial e garantiu que o caminho mais sensato não é dificultar a entrada das empresas internacionais, mas implantar ações com o objetivo de estimular e fortalecer área de desenvolvimento tecnológico. "Em todo lugar do mundo elas são importantes, mas quando negociam bem, com projetos e propostas dentro do país. A culpa em relação ao problema que vivemos hoje é nossa. A mesma IBM que faz uma série de coisas aqui, quando vai negociar com a China ela faz outro. Se ela faz lá, porque não pode fazer aqui? Infelizmente a política econômica nacional ainda é dissociada da política industrial", concluiu. 
Para o diretor do Sindpd, Antonio Randolfo, o tema da palestra é atual e de extrema importância para os dirigentes do sindicato. "A apresentação do Cassiolato foi muito oportuna para nossa área de TI, tão importante para o crescimento do país. No Brasil, um dos principais problemas que encontramos é a falta de investimento em ciência e tecnologia, que é de responsabilidade do Estado. Os países que cresceram e se desenvolveram sempre focaram nessa área", disse Randolfo. 

O palestrante:
José Eduardo Cassiolato é graduado em Economia, pela Universidade de São Paulo, concluiu mestrado no mesmo tema pela Universidade de Sussex. Doutor em Economia pela mesma instituição, é atualmente professor associado 3 da Universidade Federal do Rio de Janeiro, presidente do comitê científico da Rede Globelics - Global Research Network on the Economics of Learning, Innovation and Competence Building Systems - e professor convidado - Université de Rennes I. Com experiência na área de Economia, com ênfase em Economia Industrial, atua principalmente nos seguintes temas: inovação, tecnologia, sistema de inovação, competitividade e indústria. 

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