quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Bancos lucram R$ 60 bilhões e oferecem 0,97% de aumento


Em assembleias, bancários rejeitaram proposta indecente e aprovaram a continuação da greve por tempo indeterminado 
Após um mês de silêncio, a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) reuniu-se com o Comando Nacional dos Bancários na sexta-feira, 04, e apresentou a proposta de elevar o índice de reajuste nos salários dos bancários de 6,1% para 7,1%, o que representa um aumento real de 0,97%. Durante assembleia na sexta a categoria rejeitou a proposta e nesta segunda-feira completou 19 dias em greve.
A paralisação fechou nesta segunda 11.717 agências e centros administrativos, número que significa 54,5% das 21.500 unidades no país e um crescimento do movimento de 90,6% em relação ao primeiro dia, quando 6.145 estabelecimentos financeiros foram parados. “Os bancários deixaram claro mais uma vez aos banqueiros que não aceitam uma proposta rebaixada, absolutamente incompatível com a rentabilidade do sistema financeiro, com o aumento da produtividade dos trabalhadores do setor e com o lucro astronômico dos bancos, que ultrapassou R$ 60 bilhões nos últimos 12 meses”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) e coordenador do Comando Nacional.
A Fenaban chegou a publicar nota em que explica que “lamenta os transtornos causados pela paralisação e ressalta que está empenhando todos os esforços necessários para chegar a um acordo”, por isso mesmo apresentou a proposta de 0,97% de aumento real. No mesmo dia em que a proposta foi enviada pela Fenaban, o Comando Nacional enviou um ofício reafirmando “a necessidade de os bancos apresentarem uma nova proposta que de fato atenda às reivindicações econômicas e sociais dos bancários”.
Os bancários reivindicam reajuste salarial de 11,93% (5% de aumento real), PLR de três salários mais parcela fixa de R$ 5.553,15 e piso de R$ 2.860,21 (salário mínimo do Dieese). Além das pautas salariais, há também as questões referentes ao trabalho: o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoece os bancários, o fim das demissões, mais contratações, combate às terceirizações, além da aplicação da Convenção 158 da OIT, que proíbe as dispensas imotivadas e Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários, dentre outras.
“Os bancos lucraram mais de R$ 60 bi em um ano (junho 2012/2013). Somente nos primeiros seis meses deste ano, os seis bancos do país já alcançaram quase R$ 30 bi de lucro (crescimento de 18,2% em relação ao mesmo período de 2012). São dados que mostram que o setor deve muito aos seus funcionários e a toda a sociedade. A forma de devolver o que deve é pagando salários mais altos e contratando mais para melhorar as condições de trabalho e o atendimento à população”, ressalta a presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira.
Durante a assembléia na capital paulista, ficou aprovado um novo ato na Avenida Paulista, na quinta-feira 10, com concentração a partir das 15h. “O Comando Nacional dos Bancários considera muito importante a retomada do processo negocial e informou à Fenaban que recomendaria a rejeição da proposta porque sabe que ela está aquém do que os trabalhadores precisam e do que os bancos podem pagar”, afirma Juvandia.
No Rio de Janeiro o desembargador Mário Sérgio Pinheiro, do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro (TRT/RJ), derrubou os interditos proibitórios que haviam sido concedidos em primeira instância ao Banco do Brasil e ao Santander (80ª e 71ª Varas do Trabalho, respectivamente). Assim o direito de greve da categoria no estado fica garantido. A diretora da Secretaria de Assuntos Jurídicos do Sindicato, Cleyde Magno, comemorou mais esta decisão. “Todas as artimanhas jurídicas das quais os bancos lançaram mão foram desmascaradas. No Rio de Janeiro, o direito de greve está garantido”, afirmou.
“Apesar das práticas antissindicais dos bancos, como os interditos proibitórios, ameaças a grevistas e contingenciamentos, a greve vem crescendo dia após dia”, acrescenta Carlos Cordeiro. Em sua decisão, o desembargador do TRT explica que “é da essência da greve causar certa perturbação ao empregador e também certo embaraço à população” e que “sem isto o direito de greve”, garantido pela Constituição Federal, estaria “esvaziado e sem conteúdo”. 

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