sábado, 3 de agosto de 2013

Espionagem dos EUA e o leilão do pré-sal


PAULO METRI (*)
Na política, têm casos que deveriam servir como ensinamento para se evitar cair em erro idêntico no futuro. Snowden comprovou que o governo norte-americano espionava o mundo todo e, em especial, o Brasil.
A convocação do embaixador deste país, que deveria ser um país amigo, pelo Congresso brasileiro deve ser feita, assim como o pedido formal de esclarecimentos do nosso governo ao país bisbilhoteiro. Porém, isto não é o mais importante, porque o governo norte-americano irá negar tudo que for possível negar e diminuir a importância do que for impossível.
Verdadeiramente importante é o Brasil fechar sua porta para não ser mais roubado e verificar, dentre as informações já roubadas, quais podem estar causando ou virem a causar prejuízos para a sociedade. A lição precisa ser aprendida. Não se pode mais confiar em equipamento militar guiado por GPS que utiliza satélite estrangeiro. A indústria de defesa não pode se basear em subsidiárias estrangeiras sediadas no país. É preciso recuperar a proteção à empresa nacional genuína, retirada da Constituição durante a revisão neoliberal dos anos 1990. A ABIN fica fiscalizando o MST, enquanto deixa soltos os espiões norte-americanos. Graças a Snowden, responda: quem escolheu ser inimigo do Brasil?
Com relação ao petróleo, a questão é muito mais séria, uma vez que o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, admitiu em 11 de julho, em depoimento no Senado, que "há a possibilidade de vazamento de informações estratégicas do governo brasileiro, como, por exemplo, dados sobre os leilões de exploração do petróleo do pré-sal". Se houve este vazamento de informações sobre o pré-sal, então, uma ou mais empresas petrolíferas norte-americanas podem ter informações privilegiadas. Nesta situação, o princípio da obrigatoriedade de igualdade de informações possuídas pelas empresas participantes dos leilões não está sendo respeitado.
Seria benéfico para a sociedade brasileira se o Ministério Público requeresse a suspensão do primeiro leilão com contrato de partilha, o do campo de Libra, localizado no pré-sal, que está marcado para outubro próximo. Enquanto uma averiguação sobre os danos da espionagem não for concluída, o leilão de Libra estaria suspenso.
Se não tivessem desmerecido a premiação "Nobel da Paz", com premiados que nunca ajudaram a paz no mundo, Snowden poderia ser lançado candidato, atendendo ao desejo de grande parte da população mundial, por ser um dos verdadeiros construtores da paz.

(*) Conselheiro do Clube de Engenharia. Publicado no Boletim do MST/RIO com o título "Snowden pode salvar o petróleo brasileiro".

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