sexta-feira, 22 de março de 2013

Se teles investiram o que dizem, por que desonerar?



A Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil) divulgou na quarta-feira (20) os seus números de 2012, segundo os quais os investimentos das operadoras somaram R$ 25,3 bilhões, um crescimento de 11% na comparação com o ano anterior.
Com tarifas extorsivas, banda lerda e propagandas enganosas, as teles só disputam com os bancos o ranking dos piores prestadores de serviços dos Procons. E ainda reclamam dos impostos que, segundo o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, não pagam, repassam para o consumidor. Ainda assim, são premiadas, pelo mesmo ministro, com isenção fiscal.
De acordo com a Telebrasil, “nos últimos 15 anos, as prestadoras privadas já investiram mais de R$ 284 bilhões, incluindo o pagamento de outorgas. Em valores atualizados, os investimentos representam cerca de R$ 400 bilhões, mesmo sendo um setor de pequena margem líquida de lucro”.
Dá até vontade de chorar sobre os pequenos lucros do setor. Só a Telefónica, em 2012, teve um lucro líquido de R$ 4,452 bilhões, o quarto maior entre as empresas não financeiras instaladas no país, atrás apenas da Petrobrás, Vale e Ambev.
Dados do IBGE e dos balanços das próprias teles apontam que, entre 2005 e 2012, a receita líquida das operadoras de telecomunicações - depois de pagos os impostos e feitos alguns descontos – totalizou R$ 911,437 bilhões, quase um trilhão de reais.
Ou seja, se há um setor em que não há a menor necessidade de desonerações é exatamente o de telecomunicações. Portanto, não há razão de ser a desoneração de R$ 6 bilhões anunciada no início do mês pelo ministro Paulo Bernardo, supostamente para propiciar investimentos de apenas R$ 18 bilhões até 2016. Até porque é um setor que também tem sido contemplado com financiamentos do BNDES: R$ 38,381 bilhões desde 1998, ano da privatização.
Na verdade, a desoneração só vai servir mesmo para turbinar ainda mais os lucros das teles e, no caso das filiais de multinacionais, as remessas de lucros.
Não é à toa que “a Telebrasil entende ser de extrema importância a definição de políticas públicas que incentivem a manutenção desse fluxo de investimentos pelas prestadoras de serviços de telecomunicações”. Ainda com um ministro que faz de tudo para boicotar a Telebrás e beneficiar as teles.
http://www.horadopovo.com.br/

Nenhum comentário: