sexta-feira, 22 de março de 2013

10 anos da invasão do Iraque: A fracassada jornada do ‘sangue por petróleo’



É praticamente consenso nos EUA nos dias de hoje que a invasão do Iraque, há dez anos desencadeada pelo presidente W. Bush com base numa mentira, a das inexistentes "armas de destruição em massa", e contra a ONU, foi "um dos maiores erros estratégicos da história dos EUA". Para quem pretendia dar a volta por cima da derrota no Vietnã, as coisas não saíram como programado.


Ao bater em retirada em 2009, os EUA estavam imersos na maior crise econômica desde os anos 1930, e a invasão, a ser "paga com petróleo iraquiano", havia custado mais de US$ 2 trilhões de dólares, o que foi um dos estopins do débâcle. Internacionalmente o país vivia um isolamento sem precedentes. A retirada das tropas inglesas de Basra havia sido ainda mais inglória, sob cobertura da escuridão e se escondendo no deserto para esperar o resgate.
Os nomes de W. Bush, Tony Blair, Donald Rumsfeld e Dick Cheney passaram à história como o de maiores criminosos de guerra pós-Vietnã. De acordo com o site costsofwar.org, só de mortes diretas, foram 189.000 iraquianos, sendo 134 mil civis e 36.400 da Resistência. Um número ainda subestimado, com a Organização Mundial de Saúde falando em 223.000. A pesquisa da revista médica Lance estabeleceu, para os três primeiros anos de guerra, quase 655.000 "mortes em excesso" – quando são comparadas as taxas de mortalidade antes da invasão e as que passaram a prevalecer depois. Há uma estimativa de mais de 1 milhão, da organização de pesquisa ORB.
O "passeio" de Rumsfeld acabou acarretando a morte de 4.488 soldados dos EUA, mais 3.418 mercenários contratados do Pentágono, mais dezenas de milhares de feridos, grande parte mutilados pelas bombas improvisadas. Também foram mortos 10.819 soldados e policiais fantoches. Os satélites dos EUA perderam 318 soldados. As grandes bases que os EUA haviam construído para ocupar no Iraque por décadas tiveram de ser abandonadas; a maior embaixada dos EUA do mundo virou um elefante branco.
O roubo do petróleo nem de perto chegou ao planejado, sob o fogo incessante da Resistência, e as majors dos EUA agora negociam principalmente com os separatistas curdos na tentativa de assegurarem um naco do que já achavam que era seu, só seu. O governo fantoche que promoveram não esconde os amores pelo Irã.
O escândalo da tortura em Abu Graib logo se tornou o símbolo da invasão, só suplantado pela carnificina montada pelo Pentágono ao trazer a "solução salvadorenha", a "guerra suja", a criação de esquadrões da morte e a proliferação dos centros de tortura para tentar deter a Resistência, sob coordenação estreita do coronel James Steele e do general Petraeus. Essa política sistemática de limpeza étnica causou 4 milhões de refugiados iraquianos.
A cidade de Faluja, devastada pelos invasores por seu papel de liderança na Resistência, jamais se rendeu e hoje continua sendo um dos maiores centros da luta contra os fantoches. Os invasores assassinaram o presidente iraquiano Sadam Hussein, após um julgamento-farsa, montado pelo Departamento de Justiça dos EUA, assim como dezenas de líderes iraquianos. Mas fracassaram em capturar o novo líder do partido Baas, Izzat Ibrahim Al Douri, vice de Sadam no Conselho da Revolução.
O Iraque pagou um enorme preço pela invasão. Sua infra-estrutura foi destruída pelos bombardeios dos EUA, o país passou a viver sob apagões diários, falta água tratada, o desemprego ultrapassa os 30%, e a corrupção se espalhou com os fantoches e suas negociatas. Sob o urânio depletado deixado pelos bombardeios dos EUA, as taxas de câncer e de defeitos congênitos explodiram. A invasão abriu espaço para a Al Qaeda e seus carros-bomba, que não tinha o menor espaço no Iraque sob Sadam.
Com Sadam, o Iraque havia nacionalizado o petróleo e usado essa riqueza para emancipar o país, elevar as condições de vida do povo, instruí-lo em universidades, criar um dos maiores desenvolvimentos humanos, senão o maior, do Oriente Médio, que nem mesmo as agruras extremas dos dez anos de bloqueio haviam logrado destruir. Agora, o país se depara com a herança maldita da invasão e com a tarefa de derrubar o governo fantoche, e pôr no lugar um regime popular que restaure a democracia, a unidade nacional e a soberania. É uma situação muito dura, mas o mais difícil, botar para fora os ianques, já foi feito.
A.P.

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