quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Disputa “intracapitalista”




06/02/2013

Renato Godoy de Toledo
da Redação

   
   
Gilberto Cervinski, dirigente do Movimento dos Atingidos por Barragens
Foto: MAB

Para o dirigente do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Gilberto Cervinski, a suposta crise se dá por uma disputa “intracapitalista”, protagonizada por industriais e as empresas controladoras de energia. “O que está em disputa é não deixar baixar a tarifa de energia elétrica, pois as empresas não querem que o governo passe a controlar o preço da eletricidade. Quando o governo anunciou a renovação das concessões, ele passou a controlar e intervir na definição da tarifa da energia elétrica”, afirma.
O dirigente do MAB salienta que a lucratividade desse setor é garantida pela liberalização das tarifas e da regulação e, portanto, intervenções, ainda que tímidas, causam reações. “ Das doze empresas que mais exportaram dividendos no Brasil, nove são do setor elétrico. O setor elétrico é um dos mais lucrativos do país. Quando o governo passou a intervir na tarifa, para que os lucros não fossem tão extraordinários, eles reagiram. Para eles, energia cara é energia que não existe”, aponta.
Para Cervinski, em meio a esse cenário de acirramento, não se pode descartar o risco de apagões planejados pelo setor elétrico, para legitimar o discurso de falta de capacidade energética.
Para o professor Dorival Gonçalves Junior, da UFMT, a disputa, além de se dar entre as classes dominantes, passou para a esfera político-partidária. “O PSDB tornou-se uma força representante das forças que tentam pintar essa situação caótica”, diz.

Reservatórios

Além de pressionar o governo para não reduzir a tarifa, outro interesse da indústria da energia é criar uma falsa demanda para a construção de novos reservatórios em grandes áreas de inundação.
“Com a suposta falta de energia, o setor tenta pressionar para construir novas hidrelétricas, com grandes áreas de reservatório, para serem usadas nos períodos de seca”, afirma Cervinski. Com a criação de novas hidrelétricas, as companhias pretendem, segundo o dirigente do MAB, continuar vendendo energia produzida de forma mais barata com o preço do mercado internacional.
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