quarta-feira, 14 de novembro de 2012

"Querem de volta o regime que arruinou a Argentina"


Cristina denuncia promotores do panelaço:

"Temos que ser muito inteligentes, muito sensatos e muito tranquilos frente às provocações que alguns querem fazer para voltar ao regime ultra-conservador que arruinou a Argentina. Não vamos lhes fazer o jogo. Não vamos nos deixar provocar", disse a presidente Cristina Kirchner, referindo-se aos que, mesmo sem assumir publicamente, convocaram e articularam a manifestação contra a política do governo, no dia 8 de novembro passado.
RETOMADA NA INDÚSTRIA
Na inauguração da fábrica de Laminados Industriais de Aço Beltrame, que tem por finalidade a construção de um complexo siderúrgico na cidade de Santa Fé, a chefe de Governo acrescentou que "estamos abrindo um marco da indústria pesada do país que garantirá as estruturas de produção". Lembrou que a indústria pesada do país foi destruída e que um importante momento disso "foi há 20 anos, em novembro de 1992, quando se privatizou Somisa, a empresa que produzia laminados similares aos que hoje temos aqui".
Em uma crítica aos que se opõem aos programas sociais de sua administração, afirmou que "se orgulha de ser parte de um governo que conseguiu reduzir os níveis de exploração" dos trabalhadores e que sua "política econômica de inclusão incorpora até mesmo os que se queixam da inclusão dos outros, mas [que] não [reclamam] da rentabilidade própria que este projeto de inclusão trouxe". "Crescemos, estamos vivendo um continuado processo de reindustrialização. Na crise que os países desenvolvidos vivem investimos no nosso mercado interno, redobramos o investimento público e jogamos na integração com os países da região. Por mais que pareça mentira, isso tudo incomoda alguns que se prestam a alavancar interesses anti-pátria", assinalou.
ONGS AMERICANAS
Buscou-se dar ao evento que reuniu milhares de pessoas, chamado de "panelaço", o caráter de "espontâneo", "apolítico", "convocado pelas redes sociais", etc. Mas, sobram evidências de que não foi assim que ocorreu. A jornalista argentina Stella Calloni, em artigo do jornal mexicano La Jornada, denunciou que "ficou demonstrado que os mais ativos e duros entre os que convocaram o ‘panelaço’ de 8 de novembro, tanto aqui como no exterior, estão ligados a fundações estrangeiras dos Estados Unidos e da direita europeia. A mais importante é a Fundação Pensar aqui presidida pelo prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, ligada à Heritage, e à National Endowment Foundation (Ned)". Além de funcionários da Prefeitura e deputados do PRO (partido do prefeito), participaram membros da Sociedade Rural, como os latifundiários Mario Llambías e Luciano Miguens. Também teve ativa participação Alejandro Biondini, líder do grupo fascista Alternativa Social.
Uma das principais reclamações foi por "liberdade", uma reclamação dos que na verdade se insurgem contra as medidas de controle do dólar que fixaram que internamente as transações devem ser realizadas em moeda nacional, o peso.
Também se pediu por "segurança", contra a inflação e ainda contra a reeleição, que a presidente argentina sequer propôs.
Os monopólios da comunicação como o Clarín, La Nación, e Infobae, realizaram, uma aberta convocação ao panelaço e à mobilização, servindo-se até de problemas que criam insegurança na população como a inflação.
A liberdade de expressão apareceu como um dos elementos do protesto no momento em que existe uma forte campanha, puxada pela mídia, para mais atacar o governo nacional quando mais se aproxima o 7 de dezembro, data na qual vence o prazo fixado pela Corte Suprema para a medida cautelar com a qual o Grupo Clarín paralisou a implementação da lei, durante três anos, após sua aprovação no Congresso. Passará a valer o trecho da Lei que obriga as empresas a abrir mão das licenças que superam o limite estabelecido pela nova legislação para evitar práticas monopolísticas.
SABOTAGEM
Piorando a situação, a cidade de Buenos Aires sofreu, no dia da manifestação, um apagão que deixou sem eletricidade cerca de três milhões de pessoas e impediu por horas a circulação das linhas de metrô e trens elétricos. No dia seguinte, na sexta, 9, foi divulgado que o problema não foi fruto de nenhuma falha, mas provocado propositalmente num trecho estratégico da rede elétrica.
O ministro de Planejamento, Julio de Vido, apresentou uma denúncia na justiça penal para investigar essa situação, que apontou como tentativa golpista.
Na segunda, Cristina alertou que "é bom ter memória não para esfregar nada contra ninguém, mas para não voltar a nos equivocar". "Temos erros, insuficiências, muitos problemas para resolver. Porém, quem joga limpo não renuncia a suas propostas, mas as coloca para a discussão na sociedade, as debate, as defende e não confunde aqueles que estão a sua volta", concluiu.
SUSANA SANTOS
http://www.horadopovo.com.br/

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