sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Obama institucionaliza lista de assassinatos por drones


O governo Obama “é o primeiro a abraçar o assassinato seletivo em larga escala”, diz o jornal Washington Post, e exalta “abordagem burocrática legal e moralmente sadia” legada a sucessores


Segundo o jornal “Washington Post”, o governo Obama – aquele do Prêmio Nobel da Paz – alçou a um novo patamar as listas de assassinatos da CIA e esquadrões da morte dos EUA, através da chamada “Disposição Matrix”, que desenvolveu nos últimos dois anos. Só no governo Obama, e só no Paquistão, os assassinatos com drones já chegaram a 2.163 – e isso na estimativa mais modesta. Em relação ao desempenho de W. Bush, Obama se mostrou, no quesito listas de assassinatos, 400% mais efetivo que o presidente anterior. De acordo com as denúncias, 98% das vítimas são civis, ou no máximo militantes da Resistência de baixo escalão.

Listas de assassinatos sempre fizeram parte do arsenal do império, mas eram então, operações encobertas, como a Operação Fênix de eliminação de lideranças populares no Vietnã, ou as listas do massacre após o golpe na Indonésia. Obama oficializou as listas de assassinatos, que não passam de execuções extrajudiciais, sem processo e sem julgamento, e em violação da lei internacional. Obama se arvora em juiz, júri e carrasco. As “Terças do Terror” passaram a ser parte da rotina de Obama como presidente dos EUA. Como em geral a execução é feita por meio de drones (aviões teleguiados) e atingindo a população civil, trata-se de crime de guerra.

O “Post” viu virtude no “novo modelo”: “vai além das listas de matar existentes, mapeando planos para trazer ‘à disposição’ suspeitos que estão fora do alcance dos drones americanos”. “Menos visível é a extensão com que Obama institucionalizou a prática altamente secreta de assassinatos seletivos, transformando elementos ad-hoc (sic) em uma infraestrutura de contraterrorismo capaz de sustentar uma guerra aparentemente permanente”, acrescenta o jornal, esclarecendo que tal legado ele pretende transmitir aos governos vindouros. “Tais operações deverão se estender pelo menos por outra década”, registra o jornal, citando autoridades seniores do governo Obama.

O jornal assinala, ainda, que “a criação da matriz e a institucionalização das listas de assassinato/captura reflete uma mudança que é tanto psicológica quanto estratégica”. “Assassinato seletivo é agora tão rotineiro que o governo Obama gastou muito do ano passado codificando e simplificando os processos que o sustentam”. Também irá aumentar a frota de drones à disposição da CIA para os ataques.

 
Conforme o “Post”, o sistema “funciona como um funil”, com propostas de meia dúzia de agências até chegar a Obama, após passar pelo conselheiro de contraterrorismo da Casa Branca, John Brennan, autor das novas regras. As listas são revistas a intervalos de três meses, com a participação da CIA, do Departamento de Estado e do Comando Adjunto de Operações Especiais (esquadrões da morte do Pentágono). A aprovação sobre quem será “acrescido à lista”, isto é, executado extrajudicialmente, “cabe exclusivamente à Casa Branca”, isto é, Obama.

A decisão de “quando” atacar em geral é do diretor da CIA, o general David Petraeus, que já chefiou a ocupação do Iraque. “Para um governo que é o primeiro a abraçar o assassinato seletivo em grande escala”, continua o jornal de Washington, os assessores de Obama “parecem confiantes que criaram uma abordagem que é tão burocraticamente legal e moralmente sadia que futuros governos a seguirão”. Nuremberg estava repleto desse tipo de gente.


 
ANTONIO PIMENTA 

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