quarta-feira, 19 de setembro de 2012

EUA acirram agressão cambial emitindo por mês US$ 85 bilhões

Prazo do 3º tsunami monetário é infinito

Quem não se defendeu das outras inundações, está na hora de fazê-lo

Os EUA puseram em ação as impressoras do chamado “quantitative easing 3” para entupir as arcas dos seus bancos em troca de papéis de hipotecas, ao ritmo de US$ 40 bilhões mensais, montante que sobe para US$ 85 bilhões com a continuação da Operação Twist. O Fed vai ainda estender os juros nominais de 0,25% para, no mínimo, “até meados de 2015”. Encharcados de dólares, monopólios dos EUA açambarcam empresas dos outros países, enquanto a depreciação artificial favorece as exportações norte-americanas. O QE é tentativa de fugir da crise, descarregando-a sobre os demais países.
 
Fed retoma superemissão de dólares para encharcar bancos

O 3º tsunami verde acarreta o rebaixamento artificial do dólar e consequente valorização da moeda dos demais países, permitindo aos EUA aumentar suas exportações à custa dos demais

Os EUA voltarão a inundar o planeta com dólares frios, anunciou o Federal Reserve, o BC norte-americano, pondo em ação as impressoras do chamado “quantitative easing 3”, para entupir as arcas dos seus bancos em troca de títulos lastreados em hipotecas, ao ritmo de US$ 40 bilhões mensais. Montante que sobe para US$ 85 bilhões ao mês, considerando a manutenção até o final do ano da Operação Twist, de troca de títulos de prazo curto por outros de prazo mais longo. Um ato de agressão econômica, o “QE” é uma tentativa de fugir da crise, descarregando-a sobre o mundo inteiro.

O comunicado, de 13 de setembro, acrescenta ainda que o Fed vai estender os juros reais negativos que pratica para, no mínimo, “até meados de 2015”. Os juros nominais estão em 0,25%. O limite anterior era o final de 2014. Assim, está de volta a guerra cambial que foi transformada por Obama em política de Estado desde 2009, com nova rodada de depreciação do dólar através de superemissões unilaterais transferidas aos bancos e monopólios dos EUA para que especulem, que infla Wall Street mas não cria empregos, e que torna empresas de outros países alvos fáceis.

De acordo com o Fed, a nova investida da guerra cambial não tem data para acabar, e o pretexto é a fraqueza da economia dos EUA e o desemprego que não cede. Nos três últimos trimestres, o desempenho da economia do país só fez decair, com 1% no último trimestre de 2011, 0,5% no primeiro trimestre de 2012 e 0,375% no segundo, na comparação com o anterior. Em agosto, a produção industrial teve a maior queda desde 2009, -1,2%. Já o número de empregos criados no mês mal cobriu a quantidade de entrantes no mercado de trabalho, e mais de 23 milhões permanecem desempregados. Situação que não irá mudar, encharcando os bancos de dólares para que especulem mais, que é a política de Obama e do presidente do Fed, Bernanke. O tsunami de dólares dos EUA atingiu US$ 2,1 trilhões no “QE1” e depois US$ 600 bilhões no “QE2”.

A superemissão unilateral acarreta o rebaixamento artificial do dólar e conseqüente valorização da moeda dos demais países, permitindo aos EUA aumentar suas exportações à custa dos demais. Foi assim que o Brasil passou nos últimos anos a ter déficit na balança comercial com os EUA. Obama inclusive chegou a se propor dobrar as exportações até 2014, para US$ 3,14 trilhões. Apesar disso, o gigantesco déficit comercial dos EUA se manteve porque grande parte do parque industrial das corporações norte-americanas foi transferida para o exterior.

GUERRA CAMBIAL

Quem não se proteger será atingido de forma mais intensa pela nova rodada da guerra cambial, tendo suas exportações sacrificadas e ficando escancarado às importações.

Também irá aumentar, seguramente, a desnacionalização, pois os monopólios norte-americanos vão usar os dólares frios do Fed para açambarcar fábricas e terras. Irá, ainda, agravar a desindustrialização, já que as corporações dos EUA, com capacidade em excesso, irão aproveitar para transformar fábricas em entrepostos de importação, quando não simplesmente as fecharem. E com juro real negativo nos EUA, é bom abrir o olho também na questão do diferencial de juros.

 
                                                                        
ANTONIO PIMENTA


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