quarta-feira, 15 de agosto de 2012

“Obsolescência nas Forças Armadas é grande”, alerta general Schneider


Armamento obsoleto e sucateado e atraso na implantação das metas previstas na Estratégia Nacional de Defesa (END), em relação a fronteiras, defesa cibernética, artilharia antiaérea, proteção da Amazônia, defesa de estruturas estratégicas, ações de segurança pública, desenvolvimento de mísseis, atuação em missões de paz ações antiterrorismo. São algumas das constatações de uma série de reportagem do portal G1. “Nós perdemos nossa capacidade operacional, sabemos dessa defasagem. A obsolescência é grande. Por isso, um dos nossos projetos busca a recuperação da capacidade operacional. Até 2015, devemos receber R$ 10 bilhões só para isso”, declarou o general Schneider Filho, responsável pelos estudos da END no Estado-Maior do Exército.

O fuzil utilizado pelo Exército, o FAL, é o fabricado pela Imbel, tem mais de 30 anos de uso. Além disso, carros, barcos e helicópteros são muito poucos nas bases militares. Mais de 87% dos equipamentos de comunicação não têm condições de uso. Até as fardas, que não requer grandes tecnologias para sua confecção, são totalmente inadequadas, desbotando após algumas lavadas.

De acordo com o general Walmir Almada Schneider Filho, do Estado-Maior do Exército, ouvido pela reportagem, foram criados 245 projetos para tentar atingir os objetivos da END, mas os recursos chegam aos poucos.

Nos últimos 10 anos, orçamento do Ministério da Defesa tem girado em torno de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Em 2011, o valor foi de R$ 61,787 bilhões. O maior percentual foi registrado em 2009, de 1,62% do PIB. O ministro da Defesa, Celso Amorim, defende a elevação gradativamente dos recursos para a defesa, até alcançar a média de 2,4% dos Brics (Rússia, Índia e China).

“A quantidade de munição que temos sempre foi a mínima. Ela quase não existe, principalmente para pistolas e fuzis. Nossa artilharia, carros de combate e grande parte do armamento foram comprados nas décadas de 70, 80. Existe uma ideia errada de que não há ameaça. Mas se ela surgir, não vai dar tempo de atingir a capacidade para reagir”, alertou o general Carlos Alberto Pinto Silva, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres (Coter).

Diante da situação, o Exército brasileiro criou plano para recuperação e modernização de equipamentos e tecnologias no prazo de dez anos, no valor de R$ 11 bilhões. “O ano de 2022 é considerado um marco temporal para nós. Pretendemos que o processo de recuperação termine até lá”, frisou o general Walmir Almada Schneider Filho, que coordena os estudos no alto comando da Força.

Um dos pontos previstos na END é a valorização dos militares. Em março, as Forças Armadas apresentaram à Presidência da República uma proposta de reajuste do salário dos militares, bastante defasado. O soldo do soldado recruta está em R$ 492. O do sargento, R$ 2.268, e segundo tenente recebe R$ 4.590. Além disso, a remuneração mensal é formada, por outros adicionais, como tempo de serviço, cursos, local de atuação e habilitações.

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