quinta-feira, 5 de julho de 2012

QUANDO O EXTRAORDINÁRIO ACONTECE


Uma das dimensões transformadoras desta crise é romper a esférica blindagem política da qual se valeu o sistema financeiro para impor uma supremacia devastadora  à economia e ao imaginário da sociedade nas últimas décadas.

Por razões intrínsecas ao desenvolvimento capitalista, nenhum poder é tão organizado quanto o do dinheiro a juro. Tudo revestido pela força de um cimento midiático que faz seus interesses parecerem uma extensão dos de toda sociedade. A fraude recém descoberta no cálculo da Libor abre uma trinca adicional nesse lacre de muitas camadas.

A Libor definiu parte substancial do pagamento de juros da dívida externa brasileira durante décadas. Significa que o país endividou-se  e quebrou nos anos 80, ademais de rastejar socialmente na década seguinte, submetido a uma hemorragia de gastos com juros flutuantes, potencialmente manipuláveis pelos principais interessados em sangrar seu lombo: os bancos credores. Se o Barclays o fez agora para baixo, por que o mesmo não pode ter ocorrido com sinal invertido no passado? Essa era a hipótese de um jornalista que foi fazer seu pos doc em Londres, em 1991.

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