quarta-feira, 11 de julho de 2012

Líbia: farsa eleitoral sob tortura, prisões e ocupação dos EUA/Otan

Quadrilha imposta aos líbios pelos EUA para
gerenciar o assalto ao petróleo do país, faz agora arremedo de eleições na busca de reconhecimento para seus fantoches. Após sua agressão e morticínio, Obama diz se orgulhar do que fez

   Debaixo da ocupação com tropas dos EUA e de exércitos a seu
serviço, enviados pela Otan, principalmente para proteger poços de petróleo, foram convocadas eleições pela quadrilha que se autodenomina Conselho de Transição Nacional (CNT), instalada pelos invasores. Calcula-se em 12 mil o número de soldados norte-americanos que entraram em Benghazi (região rica em petróleo) logo após a deposição de Qadafi através de mais de 14 mil investidas com caças e desembarque de tropas para dar cobertura a seus mercenários que pouco antes haviam confessado só poder vencer com apoio massivo militar externo.
 
O que se instalou no lugar do governo da Jamahirya ( o Congresso Nacional do Povo) liderada por Muammar Qadafi, não foi um Estado, mas o caos e a submissão.
 
Depois de assassinarem o presidente através de um linchamento, esquadrões da morte se digladiam, como na tomada do aeroporto de Trípoli no início de junho por conta de divergências tribais e se tornaram a lei da bala e da vingança de clãs sectários pelo país afora.
 
Durante a eleição, apesar do esforço da mídia para passar um clima de normalidade e de ares democráticos no país, ela própria não conseguiu esconder as escaramuças como a que destruiu um helicóptero com material de campanha, ale de diversos ataques a estações de votação.
 
Como descreve o articulista norte-americano, Patrick Cockburn (do corpo editorial do site Counterpunch) os esquadrões “prendem, torturam e matam indivíduos, perseguem comunidades inteiras, para isso basta que se oponham a eles, ou que tenham se oposto no passado ou simplesmente atrapalhem suas intenções”.
 
Ele e outros repórteres, denunciam os “controles” estabelecidos por bandoleiros nas estradas para parar carros e prender arbitrariamente e torturar os passageiros detidos.
 
Em maio, o CNT baixou uma lei dando imunidade aos membros das milícias por qualquer ato em defesa, da Revolução (que é como chamam a invasão seguida da imposição do governo fantoche com o apoio dos EUA/Otan ).
 
O articulista Daniel Greenfield cobra que a mídia pró-imperial quase não faz menção “aos protestos pela independência, aos disparos contra manifestantes que rejeitam a ocupação pela Otan, ataques aos locais de votação e tiroteios pelo país durante o dia de votação”.
 
Patrick Cockburn exemplifica com o caso Hasna Shaeeb, uma mulher de 31 anos de idade, sequestrada em sua casa em Tripoli em outubro por homens trajando uniformes militares e levada para o escritório de uma certa Organização de Promoção do Islã, na capital. Acusada de ser leal a Qadafi e de ter atuado como franco-atiradora, foi forçada a sentar numa cadeira com as mãos algemadas levadas às costas. Nesta posição, recebeu choques elétricos na perna direita, partes intimas e cabeça. Jogaram urina sobre ela e ameaçaram trazer sua mãe à cela e a estuprá-la.
 
Após liberada, seus torturadores não conseguiam abrir as algemas com a chave e então atiraram para abrir as algemas, fazendo com que fragmentos de metal penetrassem em seu corpo. Depois de solta, Shaeeb reclamou das autoridades do governo fantoche mas não obteve nenhum apoio, ao invés disso recebeu ameaças por telefone e tiros foram disparados contra sua casa.
 
A história dessa mulher só tem de incomum o fato dela haver feito uma reclamação oficial, o que muitos outros têm medo de fazer. Segundo Cockburn, são 3 mil presos oficiais pelo governo e outros 4.000 nas mãos dos esquadrões da morte.
 
Nem mesmo a tendenciosa Anistia Internacional conseguiu calar. Seu informe relata que “os métodos comuns de tortura incluem prolongadas pancadarias com barras de metal e correntes, cabos de eletricidade, cacetetes e choques elétricos”.
 
Um dos exemplos mais chocantes foi a denúncia de que o ex-primeiro-ministro, Al Baghdadi Al Mahmoudi, foi violentamente agredido.
 
O seu advogado, Marcel Ceccaldi, declarou que após sua deportação por parte do governo do Tunísia, foi agredido com pancadas e estava, no dia 27 de junho com hematomas, costelas quebradas e perfuração no pulmão.
 
Durante o governo popular liderado por Qadafi, o país era o que oferecia melhores condições de vida a sua população em toda África e mantinha um sistema organizado de educação, saúde e habitação popular. O Congresso Nacional do Povo, que dirigia os destinos do país antes da invasão, era composto por comitês populares eleitos diretamente pelo povo. O sufrágio era universal e obrigatório.
 
A imprensa teceu loas “às eleições livres da Líbia”, com 60% dos eleitores participando, mas não foi capaz de divulgar uma foto de gente em fila para votar. Quando as eleições ocorrem em clima de liberdade, especialmente com povos que acabaram de conquistá-la, como na África do Sul com a derrubada do Apartheid as filas para votar dobram os quarteirões das cidades por todo o país. Na Líbia “livre” as salas de votação exibidas pela mídia pró-império estavam praticamente às moscas. O eleito, favorecido com 80% dos votos, um certo Jibril, é o que comanda o CNT e o que, ao saudar as primeiras incursões estrangeiras sobre a Líbia, prometeu que, uma vez no poder compensaria os seus promotores armados com farta distribuição de petróleo barato.
 
Já Obama, aquele que ordenou a criminosa invasão disse que se “orgulha do papel dos EUA”.

NATHANIEL BRAIA

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