terça-feira, 1 de maio de 2012

Aécio Neves e os “fichas sujas”



Por Altamiro Borges

Em sua coluna de hoje na Folha, o cambaleante Aécio Neves, o quase “óbvio” presidenciável tucano, volta a falar sobre corrupção e modelo de gestão. Para ele, a grande novidade das eleições municipais de 2012 será a vigência da Ficha Limpa, que representará “um importante divisor no mundo da política e um avanço no processo de construção do país”.

O senador mineiro tenta se apresentar como defensor intransigente da transparência no uso dos recursos públicos, “uma arma eficaz no combate à corrupção”. Em Minas Gerais, porém, a oposição critica os tucanos, que dominam o estado, exatamente pela falta de transparência. Nenhuma CPI consegue prosperar para apurar as inúmeras denúncias de mau uso do dinheiro do contribuinte. Já a mídia mineira é conhecida nacionalmente pela sua total subserviência, regada à publicidade oficial e jabás, diante do governo estadual.

Ranking de risco de corrupção 

 
Como já demonstrou inúmeras vezes o blogueiro Lucas Figueiredo, o discurso de Aécio Neves sobre corrupção nunca correspondeu à realidade. Ele cita pesquisa do Centro de Estudos da Opinião Pública, da Unicamp, que apontou “Minas na liderança do ranking de risco de corrupção, ao lado do Maranhão e Pará... Os dados usados são de 2009, penúltimo dos oito anos da gestão Aécio Neves”.

“Nos oito indicadores sobre sistemas de controle da corrupção avaliados, Minas leva a chancela de ‘alto risco’ em quatro. Nas áreas de saúde e educação, há um dado estarrecedor: em 2009, as modalidades menos competitivas de contratação (dispensa e inexigibilidade de licitação) eram aplicadas em 62% do volume contratado, em média”. Cadê a transparência e a gestão eficiente?


Lucas avalia que Aécio só mantém a falsa aparência de ético porque existe “um dique que funciona contra escândalos envolvendo desvio de dinheiro público ‘lá em Minas’ – um dique não, alguns diques: o silêncio imposto às redações, a patrolagem tucana na Assembléia Legislativa, uma grande dose de camaradagem entre autoridades que fiscalizam e autoridades que são fiscalizadas...”.


Amigo de Demóstenes e Perillo

 
No artigo da Folha, mais um na coleção de platitudes do ex-governador, o esforço de Aécio Neves para se travestir de paladino da ética chega a ser cômico. Ele nada fala sobre as recentes denúncias de corrupção contra o seu “nobre” amigo Demóstenes Torres (ver vídeo) e contra o governador goiano Marconi Perillo, do mesmo PSDB do senador mineiro.

Animado com a novidade da Lei da Ficha Limpa, Aécio Neves poderia ter lembrado que o ex-demo era chamado de senador “ficha limpa”. Por trás deste invólucro, muitos falsos moralistas, autênticos “fichas sujas”, tentam se proteger e projetar na mídia venal! 

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