sexta-feira, 20 de abril de 2012

Soldados americanos voltam a profanar cadáveres de afegãos



Depois de tentar impedir a publicação das fotos, o Pentágono diz agora que esses fatos são exceção. Ao contrário, pelos casos que já vieram à tona, o crime de guerra tornou-se norma dos invasores

Depois da queima do Alcorão na base de Bagram, de soldados dos EUA urinando sobre cadáveres de guerrilheiros, da pose com a bandeira das SS nazistas, e do mais recente massacre de civis – 17 - pela tropa invasora, o jornal “Los Angeles Times” publicou esta semana fotos de profanação de cadáveres de afegãos por parte de paraquedistas da 82ª Divisão Aérea.

O nauseante fato aconteceu em fevereiro de 2010, mas só agora as fotos tiveram divulgação. Enviada à província de Zabol para colher as impressões digitais e a scan da íris de homens-bomba após uma ação do Talibã, a unidade, da 1ª Divisão, dedicou-se a posar, sorridente, para fotos, exibindo como um troféu, penduradas por cordões, as pernas do guerrilheiro, que a explosão separara do resto do corpo.

A profanação voltou a se repetir alguns meses depois, quando a unidade foi enviada com a mesma missão, por ocasião da morte de três guerrilheiros, que tinham morrido numa explosão acidental quando preparavam artefatos para atacar os invasores. Desta vez, os soldados dos EUA fizeram-se fotografar, sorridentes de novo, exibindo a mão de um dos mortos e esticando-lhe o dedo médio em gesto obsceno. Em outra foto, acrescentaram um cartaz “caçador de zumbis” à cena da profanação.

Depois de ter tentado impedir o jornal de publicar as fotos, o Pentágono passou a alegar que esse comportamento “não é representativo do caráter e do profissionalismo da grande maioria das nossas tropas no Afeganistão”. Mas o que grassa por baixo reflete a política que é organizada a partir de cima, de massacres e tentativas de esmagamento da autoestima dos afegãos. O Pentágono promove chacinas em larga escala, inclusive monitoradas desde os EUA em tempo real, enquanto nas fileiras queimam alcorões, usam dedos decepados como souvenires e profanam cadáveres.

A verdade é que quanto mais perdida fica a guerra, maior seu rastro de crimes de guerra. As aberrações citadas no abre do artigo se referem apenas ao que aconteceu desde o início deste ano e que são a repetição do que já vinha sendo feito. Assim, não se trata – como não se tratou em Mi Lai – de ovelhas negras, mas do que saiu do controle de uma política genocida e terrorista. A proibição da profanação de cadáveres é uma conquista da civilização, e é preciso estar num estado profundamente doentio para passar por cima disso.

‘LÓGICA’ NAZI


Na matéria, o “Los Angeles Times” tenha agregar alguma racionalidade ao crime. Os soldados seriam de unidade que tinha sofrido perdas com ataques com bombas caseiras. Chega a calculá-las: 35 em 3500 homens. 1%.

Número que só revela a que ponto foram conduzidos esses soldados. Como nazistas, não admitem a resistência, nem mesmo uma resistência que custa a própria vida ao defensor de sua pátria. Invasores imbuídos do mais alto grau de desprezo pelas vidas daqueles a quem atazanam com sua ocupação; que não têm limites sequer diante dos mortos.

Mas os que profanam e posam exibindo sua profanação exibem, afinal, apenas sua degeneração e fracasso. Certamente as fotos do “Los Angeles Times” não serão as últimas. E são esses bárbaros que se metem a dar aulas de direitos humanos ao planeta inteiro.


 
ANTONIO PIMENTA

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