domingo, 1 de abril de 2012

Novas gravações comprometem senador mais ainda

 

O nome do senador Demóstenes Torres (Dem/GO) aparece em novas gravações, divulgadas na quarta-feira (28), onde o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, faz referência a quantias milionárias. As gravações foram feitas pela Polícia Federal há um ano, ainda no começo da Operação Monte Carlo, que prendeu Cachoeira no mês passado por suspeita de chefiar a exploração de jogos ilegais em Goiás.

Nas gravações, realizadas com autorização judicial, o bicheiro fala com o contador Geovani Pereira da Silva – que está foragido – e Cláudio Abreu, apontado como sócio de Cachoeira em vários negócios suspeitos. Segundo a Polícia Federal, eles conversam sobre a contabilidade da quadrilha e, durante os cerca de cinco minutos de duração do grampo, o nome de Demóstenes é citado seis vezes. As novas gravações foram divulgadas quarta-feira pelo Jornal Nacional da Globo.

Em um dos trechos, o bicheiro pergunta a Cláudio Abreu o que ele, Cachoeira, reteve. E ouve como resposta: “um milhão do Demóstenes”. Em seguida, referindo-se sempre a Demóstenes, Carlinhos Cachoeira cita várias cifras: “um milhão e quinhentos, mais seiscentos, que dariam dois e cem”. E mais um milhão, que diz ao sócio que pediu para segurar. Ele faz a conta e diz que o total dá três e cem. Cláudio Abreu discorda, e, usando a expressão “este do Demóstenes”, diz que já tinha sido mostrado a ele e que Cachoeira vinha segurando desde a época em que o senador ganhou a eleição.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF), na terça-feira (27), a abertura de inquérito para investigar o senador, depois da análise de dez meses de interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal. Os deputados federais Sandes Júnior (PP/GO) e Carlos Alberto Leréia (PSDB/GO), citados em relatório da Operação Monte Carlo, também serão investigados.

“Considerei (as gravações) graves o suficiente para que houvesse o pedido de instauração de inquérito”, disse o procurador. Gurgel pediu que a investigação seja desmembrada em três inquéritos, um deles específico para apurar o possível envolvimento de Demóstenes em atividades ilegais ligadas ao jogo.

Também na terça, acuado pelas denúncias, o senador pediu seu afastamento da liderança do partido no Senado em carta ao presidente do Dem, senador Agripino Maia (RN). “A fim de que eu possa acompanhar a evolução dos fatos noticiados nos últimos dias, comunico a Vossa Excelência o meu afastamento da liderança do Democratas no Senado Federal”, alegou Demóstenes no texto.

Após receber a carta de renúncia do ex-líder do Dem no Senado, Agripino assumiu a liderança da bancada e admitiu que Demóstenes pode acabar como o caso Arruda (José Roberto Arruda, ex-governador do DF, envolvido no escândalo das propinas e expulso do Dem). “Se chegar a evidências como no caso Arruda? O partido não hesitará nem um minuto! (sobre expulsar Demóstenes)”, disse Agripino, informando que não conversou sobre isso com o senador, mas que ele sabe disso.

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