domingo, 1 de abril de 2012

Levo-me no mais profundo de meu ser todos e cada um dos cubanos, que me rodearam com sua oração e afeto


 Discurso proferido por Sua Santidade Bento XVI, na cerimônia de despedida no aeroporto internacional "José Martí", de Havana, em 28 de março de 2012

SENHOR Presidente,

Senhores cardeais e queridos irmãos no Episcopado,
Excelentíssimas autoridades,

Senhoras e senhores

Amigos todos,

Sua Santidade Bento XVI, na cerimônia de despedida no aeroporto internacional "José Martí"Dou graças a Deus, que me permitiu visitar esta bela ilha, que tão profunda marca deixou no coração de meu amado predecessor, o beato João Paulo II, quando esteve nestas terras, como mensageiro da verdade e da esperança. Também eu desejei ardentemente vir entre vocês, como peregrino da caridade, para agradecer à Virgem Maria a presença de sua venerada imagem no Santuário do Cobre, de onde acompanha o caminho da Igreja nesta nação e infunde ânimo a todos os cubanos para que, da mão de Cristo, descubram o genuíno sentido das vontades e anelos que aninham no coração humano e atinjam a força necessária para construir uma sociedade solidária, na qual ninguém se sinta excluído. "Cristo, ressuscitado dentre os mortos, brilha no mundo, e faz isso da forma mais clara, precisamente ali onde, segundo o juízo humano, tudo parece sombrio e sem esperança.

Ele venceu a morte — Ele vive — e a fé nele penetra como uma pequena luz em tudo o que é escuridão e ameaça".

Agradeço ao Senhor presidente e às demais autoridades do país o interesse e a generosa colaboração dispensada para o bom desenvolvimento desta viagem. Vai também minha viva gratidão aos membros da Conferência de Bispos Católicos de Cuba, que não pouparam esforços nem sacrifícios para este mesmo fim, e a quantos contribuíram a ele de diversas maneiras, em particular com a prece.

Levo-me no mais profundo de meu ser todos e cada um dos cubanos, que me rodearam com sua oração e afeto, oferecendo-me uma cordial hospitalidade e tornando-me partícipe de suas profundas e justas aspirações.

Vim aqui como testemunha de Jesus Cristo, com a certeza de que, onde ele chega, o desalento abre passagem à esperança, a bondade despeja incertezas e uma força vigorosa abre o horizonte a inusitadas e benéficas perspectivas. Em seu nome, e como sucessor do apóstolo Pedro, quis lembrar sua mensagem de salvação, que fortaleça o entusiasmo e solicitude dos bispos cubanos, assim como de seus presbíteros, dos religiosos e daqueles que se preparam com ilusão para o ministério sacerdotal e a vida consagrada. Que sirva também de novo impulso a todos aqueles que cooperam com constância e abnegação na tarefa da evangelização, especialmente aos fiéis laicos, para aqueles que, intensificando sua entrega a Deus, em meio de suas casas e trabalhos, não se cansem de oferecer responsavelmente sua contribuição ao bem e ao progresso integral da pátria.

O caminho que Cristo propõe à humanidade, e a cada pessoa e povo em particular, não a freia em nada, antes bem é o fator primeiro e principal para seu autêntico desenvolvimento. Que a luz do Senhor, que brilhou com fulgor nestes dias, não se apague naqueles que a acolheram e ajude a todos a estreitar a concórdia e a fazer frutificar o melhor da alma cubana, seus valores mais nobres, sobre os que é possível alicerçar uma sociedade de amplos horizontes, renovada e reconciliada. Que ninguém se veja impedido de somar-se a esta apaixonante tarefa pela limitação de suas liberdades fundamentais, nem eximido dela por desídia ou carência de recursos materiais. Situação que se vê agravada quando medidas econômicas restritivas impostas de fora do país pesam negativamente sobre a população.

Concluo aqui minha peregrinação, mas continuarei rezando fervorosamente para que vocês sigam para a frente e Cuba seja a casa de todos e para todos os cubanos, onde convivam a justiça e a liberdade, num clima de serena fraternidade. O respeito e cultura da liberdade, que bate no coração de todo homem, é imprescindível para responder adequadamente às exigências fundamentais de sua dignidade, e construir assim uma sociedade, na qual cada um se sinta protagonista indispensável do futuro de sua vida, de sua família e sua pátria.

A hora presente reclama de forma premente que do convívio humano, nacional e internacional, sejam desterradas posições inamovíveis e pontos de vista unilaterais, que tendem a fazer mais árduo o entendimento e ineficaz o esforço de colaboração. As eventuais discrepâncias e dificuldades têm de ser resolvidas, buscando incansavelmente o que une a todos, com diálogo paciente e sincero, compreensão recíproca e uma leal decisão de escuta, que aceite metas portadoras de novas esperanças.

Cuba, reavive em você a fé de seus maiores, tire dela a força para edificar um futuro melhor, confie nas promessas do Senhor, abra seu coração a seu evangelho, para renovar autenticamente a vida pessoal e social.

Ao tempo que lhes digo meu empolgado adeus, peço a Nossa Senhora da Caridade do Cobre que proteja com seu manto todos os cubanos, que os sustente em meio das provas e obtenha do Onipotente a graça que mais anelam.

Até sempre, Cuba, terra embelecida pela presença materna de Maria! Que Deus abençoe seus destinos. Muito obrigado.

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