sexta-feira, 23 de março de 2012

Síria convoca eleição e bandos pró-EUA intensificam terrorismo

Derrotados e isolados política e militarmente, mercenários promovem sequência de atentados e assassinam 30 civis em Damasco e Alepo

Poucos dias após a convocação das eleições parlamentares para o dia 7 de maio (o presidente Bashar Al-Assad anunciou as eleições na terça-feira, 13) três atentados (dois em Damasco e um em Alepo) mataram 30 civis sírios e deixaram cerca de 150 feridos.

A ação dos terroristas não deixa de evidenciar seu desespero por uma intervenção comandada pelos EUA. Afinal, além das manifestações gigantescas de apoio a Assad, o grande comparecimento (apesar das ameaças dos bandos armados) ao referendo constitucional e à decisão do governo de varrer os mercenários dos bairros de Homs e de Idleb, fez com que os terroristas recorressem a bárbaros crimes na tentativa de desestabilização.

Mais uma vez a população síria deixou claro que não se dobra à chantagem dos delinquentes. Em Damasco, o repúdio à barbárie dos mercenários levou centenas de milhares a tomarem as ruas centrais da cidade (ver matéria ao lado).

As eleições sírias se dão no marco da nova Constituição referendada recentemente e elegerão deputados a partir dos candidatos dos partidos da Frente Nacional Progressista, que engloba 11 partidos e oito novos licenciados para esta eleição. O parlamento vai eleger 250 deputados e, como determina a Constituição síria, mais da metade, 127 dos mesmos terão que ser operários ou camponeses.

O governo sírio apresentou no sábado uma proposta de seis pontos respondendo à solicitação de abertura de negociações para deter a violência.

A resposta do governo sírio ao enviado da ONU, Kofi Annan, segundo o jornal libanês Al Nahar, propõe, entre outros pontos, a anistia para os elementos que depuserem as armas e que o diálogo seja estabelecido com todos os setores da oposição que não sejam financiados por governos estrangeiros.

Annan deu recentemente um informe ao Conselho de Segurança da ONU, com base em suas observações e na proposta do governo sírio. Tanto o representante da Rússia, Vitaly Churkin, como o da China, Li Baodong, apoiaram o procedimento. O governo sírio respaldou a iniciativa, frisando que, para isso, o representante da ONU deveria se responsabilizar pelo desarme dos grupos armados.

O ministro do Exterior da Rússia, Sergei Lavrov, declarou que "a Rússia apoia qualquer acordo desde que alcançado num quadro de diálogo político" e que "o acordo pode envolver todo o espectro da oposição". "Quero confirmar que apoiamos com determinação a missão do enviado da ONU à Síria, assim como acreditamos que o governo sírio deve apoiar os meios propostos por Annan", acrescentou Lavrov.

As explosões em Damasco ocorreram no início da manhã de sábado e resultaram de carros bomba colocados nas proximidades de prédios que sediam forças de seguranças sírias, como a sede da polícia e o departamento da Força Aérea. Em Alepo, a bomba explodiu entre dois prédios em uma área residencial da cidade.

Sem fazer nenhuma menção de repúdio aos atentados que já haviam explodido em Damasco, membros do governo dos EUA (conforme diz a rede CNN) declararam que "Assad rejeitou os esforços de Annan".

O próprio Annan declarara simplesmente que recebera a resposta do governo sírio e que não faria comentários imediatos.

A intenção revelada pela afirmação mentirosa é mandar uma senha aos terroristas de que devem recrudescer seu vandalismo.

A intenção dos Estados Unidos é oposta ao fim dos conflitos, daí sua exacerbação para justificar uma intervenção – como fizeram há pouco na Líbia. Esta é a única forma de depor o governo que, hoje, é o que tem mais forte apoio popular.

No dia 19, os terroristas Mohammad Walid Shukairi e Yamen Hussain al-Azizi confessaram (segundo a agência de notícias síria SANA) haver cometido vários crimes, incluindo um assassinato no subúrbio Sayda Zeinab. Logo depois, filmaram o cadáver para enviar o registro às redes al-Jazeera e al-Arabiya, a fim de culpar as forças de segurança.

Em sua confissão, Shukairi declarou que atirou em manifestantes e forças de segurança, ateou fogo em diversos carros e disse ter sido pago para fazer isso.
NATHANIEL BRAIA
 

Nenhum comentário: