quinta-feira, 22 de março de 2012

PELA REINTEGRAÇÃO JÁ DO TRABALHADOR JOAQUIM ARISTEU!

Sentindo que a violência/Não dobraria o operário/Um dia tentou o patrão/Dobrá-lo de modo vário./De sorte que o foi levando/Ao alto da construção/E num momento de tempo/Mostrou-lhe toda a região/E apontando-a ao operário/Fez-lhe esta declaração:/- Dar-te-ei todo esse poder/E a sua satisfação/Porque a mim me foi entregue/E dou-o a quem bem quiser./Dou-te tempo de lazer/Dou-te tempo de mulher./Portanto, tudo o que vês/Será teu se me adorares/E, ainda mais, se abandonares/O que te faz dizer não.

Disse, e fitou o operário/Que olhava e que refletia/Mas o que via o operário/O patrão nunca veria./O operário via as casas/E dentro das estruturas/Via coisas, objetos/Produtos,manufaturas./Via tudo o que fazia/O lucro do seu patrão/E em cada coisa que via/Misteriosamente havia/A marca de sua mão./ E o operário disse: Não!

- Loucura! - gritou o patrão/Não vês o que te dou eu?/- Mentira! - disse o operário/Não podes dar-me o que é meu.
(MORAES, Vinícius. O operário em construção)

                Quando um operário tomba em serviço, tombam com ele todos os demais que constroem a riqueza de uma nação como o Brasil. Um operário que tomba não é apenas um fardo que se retira do chão da fábrica. Não é um número no seguro social. Não é um nome riscado numa lista. Quando um operário tomba morto no chão de fábrica, todos os outros morrem um pouco, na servidão inglória dos que vendem seu tempo de vida em troca do pão. Morrem com ele outros mil operários, mas morre também o que se alimenta do sangue do operário que tomba e dos outros mil que tombarão.
                Bendito aquele que tem em seu galpão, um operário capaz de entender que, quando morre um trabalhador, morre também a Humanidade. Bendito aquele que entende que o NÂO de um trabalhador,  liberta da escravidão do espírito o operário que faz o pão, a casa, a cerveja.
               


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