quarta-feira, 14 de março de 2012

Empresários e centrais marcam atos contra desindustrialização

Manifestação em SP será dia 4 de abril

A desindustrialização, e consequente perda de participação da indústria no Produto Interno Bruto (PIB), uniu empresários do setor produtivo e trabalhadores, que lançaram “O grito de alerta em defesa da indústria e do emprego brasileiros” e preparam uma série de mobilizações em vários estados em defesa da indústria e do emprego. Na segunda-feira (12), as Centrais Sindicais (Força Sindical, CGTB, CTB, NCST e UGT), a Federação dos Sindicatos dos Metalúrgicos da CUT/SP, sindicatos dos metalúrgicos de SP e do ABC, entidades empresariais (Fiesp, Abimaq, Abinee, Abit, Abrinq e Abifa), sindicatos de trabalhadores e empresariais de vários ramos econômicos e a UNE se reuniram na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo para acertar os detalhes da grande manifestação que acontecerá no dia 4 de abril em São Paulo, com cerca de 100 mil pessoas.

“Entrou na pauta a desindustrialização no momento do anúncio de crescimento de apenas 0,1% da indústria de transformação, ou seja, de estagnação em 2011, o que mostra o certo do nosso movimento. O governo está falando em medidas. Mas é o mesmo de sempre, desoneração para alguns setores. O Brasil Maior para a indústria foi menor. Está aí o resultado da indústria no ano passado”, afirmou o presidente da Fiesp, Paulo Skaf.

Para o presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto, “esse movimento é de conscientização. Devemos mostrar que este ano nós vamos pagar R$ 230 bilhões de juros. Somando cartão de crédito, cheque especial e outros mecanismos são mais R$ 350 bilhões de juros. Não sobra dinheiro para investimento porque vai tudo para banco”.

“Precisamos abrir mão de medidas paliativas e colocar a indústria como uma questão central no processo de desenvolvimento, envolver neste debate não apenas o governo, mas também a sociedade civil, alertando para os riscos que a desindustrialização oferece ao país como um todo”, acrescentou Aubert.

“Queremos reunir milhares de trabalhadores para preservar nossa indústria e garantir os empregos”, disse o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva (Paulinho).

“O nosso foco é a indústria, o emprego, o desenvolvimento do Brasil. Nós vamos falar de redução dos juros, câmbio equilibrado, pois o diferencial dos juros do Brasil em relação aos chamados países ricos ainda é muito grande. Em relação aos Estados Unidos é de 6,8 pontos, à Inglaterra, 7,2 pontos, provocando um tsunami monetário, aumentando as importações e prejudicando as exportações. O fato é que nós tivemos um crescimento pífio de 2,7% no ano passado. Vamos ecoar a nossa voz para aqueles que têm ouvidos moucos”, afirmou o presidente da CGTB, Ubiraci Dantas de Oliveira (Bira).

Segundo o presidente da CTB, Wagner Gomes, “a presidente sabe o que está acontecendo na indústria. Está todo o dia nos jornais. Só não fala do nosso movimento. O que torna mais importantes ainda essas manifestações”.

O presidente do Sindivestuário, Ronald Masijah, observou que o setor é atingido em cheio pela desindustrialização: “O nosso setor está engajado nessa luta, pois é o que mais sofre com a desindustrialização. Temos todo o interesse que esse evento tenha sucesso e que o governo acorde para os problemas que estão acontecendo”.

De acordo com o presidente da UNE, Daniel Iliescu “o momento que o Brasil vive exige esta unidade. Depois de um crescimento de 2,7%, que eu concordo que é pífio, vem um corte de R$ 55 bilhões do Orçamento e um superávit primário de R$ 140 bilhões. O Brasil precisa tomar uma decisão e escolher um projeto de desenvolvimento, que passa pelo fortalecimento da indústria nacional”.

O deputado federal Newton Lima (PT-SP) informou que no dia 27 deste mês será lançada a Frente Parlamentar em Defesa da Indústria Nacional, com mais de 300 assinaturas, e que seus integrantes estarão na manifestação em São Paulo. “Precisamos resolver a questão do câmbio com urgência e definir medidas de médio e longo prazos”, sublinhou.

Também estão marcadas as manifestações em Porto Alegre (26/03), Itajaí (28/03), Curitiba (03/04) e Brasília (10/05), quando as Centrais e as entidades empresariais pretendem entregar à presidente Dilma o manifesto com propostas de medidas emergenciais para a retomada da indústria nacional, como redução da taxa básica de juros (Selic), redução do spread e medidas urgentes para atenuar a sobrevalorização cambial.

VALDO ALBUQUERQUE

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