terça-feira, 20 de março de 2012

A construção do socialismo na URSS (I)


Iniciamos hoje, neste caderno especial, ao qual seguirá outro na próxima edição, a publicação dos capítulos da “História do Partido Comunista (bolchevique) da URSS” referentes à construção do socialismo naquele país. O texto corresponde à íntegra das duas seções finais do capítulo VII e dos capítulos VIII, IX, X, XI e XII da obra, publicada em 1938 na URSS.

Na segunda metade da década de 30 do século XX, o Partido Comunista da União Soviética, que tinha - nas palavras de seu fundador, Lenin - a honra de chamar-se “bolchevique”, já havia, em poucos anos, percorrido um longo e extraordinário caminho. Em pouco mais de 30 anos, desde sua formação a partir dos círculos de revolucionários que lutavam contra o absolutismo czarista, o partido havia vencido o oportunismo dentro do movimento operário no princípio do século - de onde veio a palavra “bolchevique”, membros da maioria revolucionária do antigo Partido Operário Social Democrata Russo -, havia liderado o levante do povo durante a Revolução de 1905 e estado à frente da classe operária e do campesinato na primeira revolução socialista da História, em outubro de 1917.

Foram anos de luta heróica e abnegada, em condições extremamente difíceis. Nenhum outro partido do mundo havia, na época, conseguido formular com tal clareza a teoria - a estratégia e a tática - da revolução democrática e da revolução socialista, assim como a justa resolução das questões nacionais, e resgatado o marxismo, escamoteado pela direção da II Internacional após a derrota da Comuna de Paris. Pouco após a morte de Lenin, em 1924, José Stalin, no prefácio de seu livro “Fundamentos do Leninismo”, sintetizaria: “a Rússia tinha de converter-se no ponto de convergência das contradições do imperialismo, não apenas no sentido de que, precisamente na Rússia, essas contradições colocavam-se explicitamente com maior facilidade por causa do seu caráter especialmente monstruoso e intolerável, e não só porque a Rússia era o apoio mais importante do imperialismo ocidental, o alicerce que unia o capital financeiro do Ocidente com as colônias do Oriente, mas também porque apenas na Rússia é que existia uma força real capaz de resolver as contradições imperialistas pela via revolucionária”. Esta força real era o proletariado russo, à frente do qual estava Lenin e o partido bolchevique.

No entanto, apesar da grandeza das batalhas anteriores, a próxima seria muito maior. Seria, aliás, a maior já travada na História da Humanidade. Lenin já havia apontado que a tomada do poder, apesar de todas as vicissitudes enfrentadas pelos bolcheviques, era relativamente fácil quando comparada ao que em seguida era necessário empreender: a construção, pela primeira vez na face da Terra, do socialismo, um novo modo de produção, uma nova sociedade - solidária, consciente, coletivista, sem exploração e radicalmente democrática.

É esse feito titânico, realizado pelo povo soviético, do qual emerge a gigantesca figura de José Stalin, que é relatado nos capítulos da “História do Partido Comunista (bolchevique) da URSS” que hoje oferecemos aos nossos leitores.
Como seria e é inevitável, a construção do socialismo na URSS foi reiteradamente vilipendiada pelos imperialistas, pelos exploradores, e por aqueles que se fizeram seus agentes e porta-vozes. Mais do que vilipendiada, tanto no plano externo, onde montou-se um cerco para asfixiar o país dos sovietes, quanto no plano interno, onde aqueles poucos que não conseguiram superar seu alucinado individualismo passaram à sabotagem e ao terrorismo contra o Estado socialista, contra o partido e contra a sua direção, a construção do socialismo fez frente a uma acirrada, aguda e criminosa resistência, mais criminosa ainda após o golpe de Hitler na Alemanha e a articulação dos sabotadores internos com o nazismo. Naturalmente, não se poderia - e não se pode - esperar que os inimigos da revolução a apóiem e a aplaudam...

Porém, era evidente para Stalin e para o partido que novas provas se aproximavam para o povo soviético, e que, por mais difíceis que fossem, seria necessário superá-las. Em 1938, quando o Comitê Central do partido aprovou a publicação da sua História, o mundo estava à beira da mais cruel e sangrenta guerra até então já travada.

Era necessário vencer o imperialismo na sua forma mais degenerada - o nazismo. Para isso, a condição era que o partido e o povo estivessem, antes de tudo, conscientes de sua trajetória, de sua luta, de suas conquistas e de sua capacidade de vencer os mais inauditos desafios que a realidade lhes colocassem. Não se defende um país, ou o quer que seja, senão quando se acha que vale a pena defendê-lo. A debacle de vários países da Europa diante de Hitler provaria à exaustão esta verdade elementar. Porém, mais ainda ela seria demonstrada pelo heroísmo em massa e pela vitória do povo soviético contra o mesmo inimigo.

Essa foi a função que assumiu a “História do Partido Comunista (bolchevique) da URSS” e, não por acaso, o próprio Stalin coordenou a comissão do partido que a redigiu, contribuindo para ela com o seu capítulo mais conhecido, a profunda síntese das questões fundamentais do marxismo posteriormente editada em livro sob o nome “Materialismo Dialético e Materialismo Histórico”.

A força da “História do Partido Comunista (bolchevique) da URSS” está em seu rigoroso apego à verdade. Caso contrário, seria impossível que ela tivesse o efeito que teve no partido e no povo soviéticos. Estes haviam vivido os acontecimentos relatados pela obra. O mesmo impacto causado pela verdade foi percebido por outros povos do mundo - principalmente depois da II Guerra - e o leitor poderá comprová-lo,  quase 70 anos depois, ao ler o que agora publicamos.

CARLOS LOPES


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