quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Preferência de bancos por Obama deixa os republicanos a ver navios




Afinal, foi esse governo que transferiu trilhões de dólares para Wall Street e mantém abarrotadas as arcas do Pentágono e do cartel bélico. Para os 99% só o conto da “recuperação sem emprego”
 
  Com boa parte do mandato concluído e nova eleição se aproximando, o presidente que se elegeu prometendo ser “a mudança”, o líder do “yes we can”, Barack Obama, desponta como o favorito de Wall Street para novembro, papel normalmente desempenhado por um republicano.

Não que Mitt Romney e Newt Gingrich não se esforcem para mostrar serviço, mas o caixa que está tilintando é o de Obama, graças às contribuições de bancos e corporações. Afinal, foi seu governo que transferiu trilhões de dólares para Wall Street, enquanto os 99% tinham de se virar com a “recuperação sem empregos”. Sem empregos e anêmica: em 2011, o PIB moveu-se 1,7%. E é seu governo que mantém abarrotadas as arcas do Pentágono, da CIA e do cartel bélico.

ESTELIONATO


Poucas vezes na história se viu alguém com tanto apoio entre a população, e eleito com tanta expectativa, jogar tudo pela janela e só fazer os que os monopólios queriam. Estelionato eleitoral que agora vem sendo recompensado pelos bancos e corporações dos EUA.

Do escândalo da bancarrota de grandes bancos em Wall Street, nem um só banqueiro foi parar atrás das grades; ficou a impunidade, e um prazo superelástico – até 2019 - para que os bancos se ajeitassem com as modestas reformulações a título de evitar novo crash. As perdas do setor privado foram estatizadas, inchando o déficit e a dívida pública.

Enquanto os bancos eram agraciados com bailouts e sucessivos “quantitative easing”, as famílias norte-americanas vergavam sob o peso das dívidas a que foram levadas pelo sistema financeiro e pelo estancamento da renda real desde a década de 1970.

Já para os mais de 24 milhões – o número é do Departamento do Trabalho – de desempregados (medida ampliada do desemprego tabela U-6), incluídos os “marginalmente ligados ao mercado de trabalho” e os “desencorajados”, não houve recuperação alguma.

Assim como com os milhões de famílias que perderam suas casas, que tiveram as hipotecas executadas e foram tomadas pelos bancos. Serão mais 2 milhões de casas tomadas só em 2012 e em 2013, nas contas do Federal Reserve. Para esses, não há esperança. E o novo programa de “ajuda” aos mutuários simplesmente deixa de fora os que não conseguiram manter em dia os pagamentos, que são os mais necessitados.

Obama havia, ainda, garantido em campanha que iria usar dinheiro público para gerar milhões de empregos com obras de infra-estrutura e em apoio aos estados, mas acabou engrossando o coro da “redução do déficit”, quando o que a economia – e o povo – precisava era de investimentos massivos e postos de trabalho. Aceitou cortes na seguridade social e no Medicare.

O que houve de criação de empregos foi de baixa renda, ou empregos temporários em tempo parcial, sem benefícios. No seu governo, a desigualdade que já era enorme se aprofundou, com recente estudo detectando que metade dos lares da América está empobrecida, ou beirando essa situação. Batem recordes os que precisam dos “food stamps” (cupons de alimentação) para mitigar a fome, ou os que buscam os sopões.

A reforma de saúde de Obama, que iria tirar 40 milhões de norte-americanos da situação de sem assistência médica, quando espremida, o que resta é a obrigação em lei de todo o cidadão norte-americano pagar um plano de saúde privado.

No plano político, tendo sido eleito como um crítico dos Atos Patrióticos de W. Bush, ao invés de revogar os grampos e as leis fascistas, manteve-os, e ainda acrescentou a Lei da Defesa Nacional, que permite prender cidadãos norte-americanos sem o devido processo legal e indefinidamente. Pior, deu o dito por não dito e até hoje está aberto o campo de concentração de Guantánamo. Há poucos dias quase passa uma lei para estabelecer a ditadura na internet, intervindo até no exterior, a pretexto de “proteger a propriedade intelectual”.

“PACIFISTA”


De pacifista presumido, contra a guerra do Iraque, e depois premiado com o “Nobel da Paz”, Obama estendeu a guerra do Afeganistão ao Paquistão, e invadiu a Líbia, para onde mandou agora 12 mil soldados, para ocupar portos e instalações petrolíferas. Também mandou executar Bin Laden, desarmado e já rendido, com ele, Obama, vendo em tempo real – e supostamente comandando. Vem promovendo intervenções abertas mundo afora, a mais descarada delas no momento, contra o governo constitucional da Síria. Gabou-se de fazer da ONU um centro das intervenções armadas norte-americanas.

RETIRADA-FARSA


Até mesmo a retirada do Iraque tem um tom de farsa, pois reteve 16 mil mercenários para “proteger” a maior embaixada dos EUA no mundo (maior que o Vaticano) e mais uma frota de aviões-robô, além de manter duas divisões estacionadas no vizinho Kuwait.

Obama mantém, ainda, soando os tambores da guerra com o Irã, país contra o qual já vigora uma guerra econômica com embargo do petróleo e de transações com o BC iraniano. Mandou marines para a Austrália, visando a China. Quer fazer do Mediterrâneo um lago norte-americano, para os navios de guerra do escudo antimísseis contra a Rússia.

Assim, com a diferença de aparentar ser mais simpático, tornou-se um criminoso de guerra à semelhança de W. Bush e homem de confiança dos monopólios dos EUA.

ANTONIO PIMENTA

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