sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

PARA CNI, JUROS DEVEM CAIR PARA PADRÕES INTERNACIONAIS


 
Dando prosseguimento à política de manter os juros siderais para estagnar a economia, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu na quarta-feira (18) reduzir a taxa básica de juros (a Selic) em apenas 0,5 ponto percentual, passando de 11% para 10,5% ao ano. Com isso, a taxa real de juros (descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses) está em 4,9% ao ano, mantendo o Brasil como campeão mundial dos juros altos.

Levantamento da corretora Cruzeiro do Sul aponta que a taxa real média de juros dos 40 países de economia mais relevante está negativa em 0,9% ao ano. A dos Estados Unidos está 3,0% negativa, o que significa um diferencial de juros em relação ao Brasil de 7,9 pontos percentuais. Ou seja, os juros no Brasil servem de um imenso atrativo às superemissões de dólares feitas pelos norte-americanos, para aumentarem suas exportações e tentar sair da crise.

Entidades empresariais e as Centrais Sindicais acharam insuficiente o corte de 0,5 ponto percentual da Selic, indicando que há espaço para uma queda mais acentuada da taxa básica de juros (ver matéria na Página 5). “A crise está provocando uma queda no valor internacional das commodities e reduzindo a demanda geral por produtos. Isso gera uma menor pressão sobre os preços. Então está claro que, no Brasil, não teremos pressão da inflação e que, portanto, temos espaço para baixar os juros. Juros menores vão ajudar a produção, a geração de empregos e o desenvolvimento do nosso país. Não podemos desperdiçar mais uma oportunidade de colocar o país no rumo do crescimento. O momento é grave e o governo não pode se omitir”, afirmou o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) assinalou que “o corte, levando a taxa Selic para 10,5% ao ano, ainda mantém, contudo, os juros brasileiros acima dos padrões internacionais, evidenciando a existência de espaço para novas reduções”.

“Além da deterioração do cenário externo desde a última reunião do Copom, a atividade doméstica cresce abaixo do seu potencial e a inflação segue em sua trajetória de desaceleração. Temos, portanto, um quadro favorável à redução de juros”, disse o presidente da Fecomércio-RJ, Orlando Diniz.

A Força Sindical considerou “extremamente tímida e insuficiente a queda na Taxa Selic para animar o setor produtivo. Vale lembrar que o baixo desempenho da economia é resultado da política econômica, que tem mantido os juros em patamares proibitivos para o setor produtivo”.

Para a CGTB, “a redução de 0,5 ponto percentual da taxa Selic é insuficiente e não atende aos interesses do Brasil, de retomada do crescimento e geração de empregos. É a continuidade da política do Banco Central e do Ministério da Fazenda de atender os especuladores e sabotar a produção”.

No final da reunião do Copom, o BC divulgou nota para tentar justificar o tímido corte: “Ao tempestivamente mitigar os efeitos vindos de um ambiente global mais restritivo, um ajuste moderado no nível da taxa básica é consistente com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012”. Ocorre que a desaceleração da economia brasileira não é resultante de nenhum “efeito global mais restritivo”, mas dos juros siderais e medidas de restrições de créditos do BC e da política do Ministério da Fazenda de corte de investimento, elevação do superávit – para garantir os ganhos dos bancos -, de congelamento do salário do funcionalismo e dos benefícios dos aposentados.



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