domingo, 11 de dezembro de 2011

NYT: DEA lava milhões de dólares do narcotráfico mexicano ‘para vigiá-lo’



Antecipando-se às repercussões do flagrante, o diário New York Times publicou no último domingo que funcionários da Agência Estadunidense Antidrogas (DEA, Drug Enforcement Administration), descobertos em ação de lavagem de dinheiro para os cartéis do narcotráfico mexicano, estavam fazendo "vigilância".

O NYT reconhece que agentes encobertos da DEA lavaram "milhões de dólares" para os narcotraficantes, mas tudo como parte da "estratégia de Washington" de ampliar seu papel na luta do governo do México contra as drogas. Posicionando-se como advogado de defesa, o jornal alega que esta era a melhor forma – só faltou dizer que era a única - de desbaratar o esquema, sem revelar onde, quando e quem já foi para trás das grades por conta de tão eficiente missão.

Há mais do que evidências de que se cruzou a tênue linha que separa a vigilância aos cartéis da cumplicidade/parceria com as organizações criminosas, o que torna imprescindível uma investigação a fundo. "Não queremos nos arriscar a que a agência acabe sendo a maior lavadora de dinheiro do mundo e que nossas ações se vejam relacionadas com violência e mortes", declarou um ex-funcionário da DEA, protegido pelo anonimato.

À informação de que a DEA transformou-se numa lavanderia do submundo se soma à mais do que condenada operação "Rápido e Furioso", realizada pelo Departamento de Justiça e por várias agências dos EUA, que entregou mais de duas mil armas nas mãos dos cartéis mexicanos. Como não poderia deixar de ser, a repercussão foi extremamente negativa, já que pelo menos 50 mil mexicanos foram mortos durante a onda de violência em que o país se viu mergulhado nos últimos cinco anos.

No mês de outubro, o mesmo NYT publicou que agentes dos EUA realizavam operações ilegais de "inteligência" em território mexicano, o que recebeu a repulsa de inúmeros setores políticos e sociais do país.

O escândalo mais recente, o da lavanderia, obrigou o presidente da Comissão de Segurança do Senado mexicano, Felipe González, a pedir na última quarta-feira que o governo informe sobre o que sabe – e se sabe. González disse que a explicação é mais do que necessária e anunciou que pedirá a citação formal da chanceler Patricia Espinosa, do secretário de Governo, Alejandro Poiré, e da procuradora geral, Marisela Morales, para que compareçam ante uma comissão do Congresso. Os funcionários deverão entregar informes sobre o número de agentes estadunidenses implicados, a data em que foram realizadas as operações e os acordos bilaterais que sustentem tais operações, acrescentou.

LEONARDO SEVERO


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