terça-feira, 15 de novembro de 2011

Ganância da Chevron provoca vazamento na Bacia de Campos

Acidente forma mancha de 163 quilômetros quadrados a 120 Km da cidade de Campos

O acidente ocorrido na quarta-feira (9) em um poço operado pela norte-americana Chevron, no Campo de Frade, na Bacia de Campos, formou uma mancha de óleo de 163 quilômetros quadrados, com vazamento diário de 400 a 650 barris. Até esta segunda-feira (14), a multinacional não havia controlado o derramamento de óleo que gerou uma mancha de 163 km2 a 120 Km do município de Campos dos Goytacazes. O poço está localizado a 370 Km da costa do Rio de Janeiro, em uma profundidade de 1,2 mil metros.

O volume de vazamento de óleo foi anunciado pela própria Chevron, que no início tentou minimizar o crime afirmando que era “um fenômeno natural”. “O vazamento se deve a uma rachadura no solo do oceano. É um fenômeno natural”, disse Heloisa Marcondes, porta-voz da Chevron no Brasil.

O alerta foi feito pela Federação dos Petroleiros do Norte-Fluminense na própria quarta-feira, mas só 24 horas depois do acidente - e após comunicar o ocorrido em seu site nos EUA -, a Chevron revelou à Agência Nacional de Petróleo (ANP), que saiu em defesa da multinacional asseverando que o vazamento era a metade do declarado pela própria Chevron. Segundo a ANP, o vazamento do petróleo estava em torno de 200 a 330 barris diários.
Com a descoberta do pré-sal e as mudanças na legislação, as multinacionais aceleram a perfuração para drenar nosso petróleo. A perfuração apressada sem os devidos estudos, a falta de capacidade técnica e a ganância se somaram para o lamentável acidente. Na semana passada, nem a ANP nem o monopólio estrangeiro estabeleceram entre o ocorrido e a atividade exploratória. Ao contrário, a Chevron havia dito em nota que um vazamento tinha sido detectado “entre o campo de Frade e o de Roncador”, este último operado pela Petrobrás, numa sutil tentativa de envolver a estatal no acidente.

Só na segunda-feira (14), depois de informar à população sobre o vazamento e que as causas estavam sendo “investigadas”, o diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Florival Carvalho, admitiu que a perfuração de um poço exploratório pela Chevron provocou o vazamento de petróleo no Campo de Frade. “O que foi detectado é que com a perfuração houve aumento de pressão em algum ponto e houve essa fissura na rocha que fez com que o óleo vazasse”, afirmou. Ou seja, ele aconteceu próximo a uma das plataformas de perfuração da Chevron, precisamente a Sedco706, da Transocean, construída em 1976 e considerada obsoleta.

Segundo a ANP, a principal hipótese levantada pela Chevron é de que uma fratura provocada por uma falha geológica tenha provocado o vazamento. Contudo, como observou a diretora de mineração do Serviço Geológico do Estado do Rio, Débora Toci, vazamentos a partir de rochas são raros, mas previsíveis: “Os estudos que precedem a perfuração devem indicar a vulnerabilidade da rocha, para evitar que aconteçam”.

O Campo de Frade foi descoberto pela Petrobrás em 1986, mas só declarado comercial pela ANP em 1998, um ano antes de seu controle ser transferido à Texaco, que foi engolida pela Chevron, em 2011. A Chevron começou a produção no campo Frade, no qual tem uma participação de 51,7%, em 2009.

“A presidenta Dilma Rousseff determinou atenção redobrada e uma rigorosa apuração das causas do acidente, bem como de suas responsabilidades. Independentemente do tamanho do vazamento, o fato deve ser rigorosamente apurado”, diz a nota divulgada pela Secretaria de Imprensa da Presidência da República.

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