terça-feira, 15 de novembro de 2011

Agnelo, Goebels e o lenço de Desdêmona

Por Rogério Tomaz Jr., no blog Conexão Brasília-Maranhão:

Segue artigo publicado no blog do Jorge Moreno, radialista da Globo que é uma voz dissonante dentro do PIG (Partido da Imprensa Golpista).

Apenas para citar um exemplo de mentiras plantadas contra Agnelo: a revista Época traz reportagem neste final de semana “denunciando” o aumento de patrimônio do atual governador em 413% em quatro anos (2006-2010). A matéria foi repercutida por blogs importantes, como o do José Cruz, no UOL Esporte, que cobre os bastidores políticos do esporte.

O título da reportagem é “Propina, chantagens e contradições”, mas a maior contradição está justamente na informação que guia a matéria. A declaração de Agnelo Queiroz apresentada em 2010 – conforme explicou o governo em nota oficial (ao final do post) – foi declarada conjuntamente com a sua esposa, que também é médica há décadas, tal qual o marido. A de 2006 foi uma declaração individual.

Esse detalhe, por si só, desmonta a tese principal da revista, que é o aumento de patrimônio suspeito. Ainda assim a matéria foi publicada, com direitoa infográfico e a submanchete para destacar o “aumento de patrimônio”.

E assim seguimos… com o nosso jornalismo chinfrim a serviço do que existe de pior na política brasileira.

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O drama de Brasília e o lenço de Desdêmona
Por Theófilo Silva

Estudo o nazismo desde que era adolescente, e estou inteiramente convencido de que Adolf Hitler só foi possível – chegou e se manteve no poder – por causa de Joseph Goebels, seu ministro da propaganda, e a prática de seu famoso axioma: “Uma mentira repetida mil vezes é mais forte do que uma verdade”. E Goebels sabia plantar uma mentira na imprensa e fazê-la prosperar como ninguém.

O que está acontecendo em Brasília é prova de que o sinistro ministro tinha razão. A confusão no Ministério do Esporte e a queda de ministros no governo federal serviram de gancho para que as quadrilhas que governaram o Distrito Federal desde que a cidade ganhou autonomia política em 1991 – a exceção do governo de Cristovam Buarque – montassem uma operação extremamente bem orquestrada para paralisar o atual governo e derrubá-lo. E pior, estão fazendo que parte da imprensa séria caia na armação.

A tática Goebelsiana tem sido a de criar factóides diários, como se fossem fatos semelhantes ao do governo de José Roberto Arruda, e distribuí-los para a imprensa, para que a sociedade acredite que vivemos a mesma situação.

Áudios, vídeos, depósitos bancários, pesquisas, subornos, pedidos de impeachment, qualquer coisa que possa lembrar os passos da queda de Arruda é martelado todos os dias para repetir 2010.

Os motivadores de tudo isso são as eleições municipais do ano que vem – mesmo que Brasília não tenha eleições – e o vilão de sempre: o dinheiro, a prostituta amarela. Brasília recebe dez bilhões de reais do fundo constitucional, e parte desse dinheiro sempre foi desviado pelos governos corruptos. Não é por acaso que Brasília é a única unidade da federação que teve quatro senadores afastados, Roriz, Arruda, Luiz Estevão e Paulo Otávio. Esses quatro, todos milionários, continuam atuando atrás das cortinas.

Na teia de armações, quando o atual governador Agnelo Queiroz trocou a estrutura da polícia civil, a imprensa de fora da cidade noticiou que se tratava de uma retaliação por conta da divulgação de um vídeo – inconsequente. Isso numa cidade em que todo mundo está grampeado. Como se a imprensa não soubesse: quem derrubou o governo Arruda foi Durval Barbosa, um delegado da polícia civil.

O DF tem a mais poderosa polícia civil do país. Dos quatro últimos presidentes da Câmara de Brasília dois eram policiais civis, e dos vinte e quatro deputados distritais, quatro pertencem à corporação. Quem deu a polícia essa força foi o Donatário Joaquim Domingos Roriz, o homem que (des)governou a cidade por quinze anos, deixando-a cheia de vícios e quase ingovernável. Roriz considera Brasília uma fazenda goiana pré-Kubitscheck de sua propriedade e não admite que ninguém a governe. E trabalha para trazer seus jagunços de volta.

Governador não é cargo de confiança, como ministro de estado, que pode ser afastado a qualquer momento, como querem fazer parecer. Comparo os fatos mostrados até agora, como prova de corrupção do governador de Brasília, ao lenço de Desdêmona, tal sua fragilidade. Para quem não conhece a tragédia de Shakespeare: foi por causa de um simples lenço nas mãos de outro homem, que fez com que Otelo considerasse prova de que sua esposa o traía, e a matasse por isso. Na verdade, Desdêmona era inocente, e por trás da trama estava Iago e uma trupe, trabalhando para destruir o ingênuo Otelo.

Dizer que devemos esperar pela decisão do Judiciário para esclarecer os fatos não é correto, já que nem eu e nem ninguém confia na justiça brasileira. Mas tenho certeza de que as coisas logo ficarão claras, e que as tramas serão desnudadas pela Polícia Federal e Procuradoria Geral da República, mesmo porque a política de Goebels funcionou por muito tempo durante uma ditadura brutal, mas não sobrevive numa democracia.

A verdade virá! E Agnelo não é Otelo.

* Theófilo Silva é articulista colaborador da Rádio do Moreno.


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Nota do GDF sobre reportagem da revista Época
O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, refuta veementemente as denúncias veiculadas na revista Época desta semana. E a respeito da matéria, tem a esclarecer:

O único órgão que pode apontar irregularidades em relação ao patrimônio do governador Agnelo Queiroz é a Receita Federal. Todas as declarações de imposto de renda do governador foram analisadas e aprovadas pela Receita.

Reafirmamos que não há crescimento ou variação irregular ou ilegal no patrimônio do governador. Já se tinha tentado fazer a mesma associação equivocada na última campanha eleitoral, e o assunto já foi esclarecido e encerrado. Há, inclusive, laudo produzido por auditoria independente que mostra não haver incompatibilidade entre a declaração de Imposto de Renda e o patrimônio do governador.

Em relação ao extrato de um depósito de R$ 5 mil reais, conforme foi bastante declarado, trata-se da devolução de um empréstimo. O governador repudia a manobra sórdida montada por aqueles que perderam poder político, não se conformam com a legitimidade de seu mandato e fabricam farsas, como comprovado nos últimos dias.

E em relação às licenças expedidas citadas na matéria, não houve contrariedade legal alguma neste ato de gestão.

Secretaria de Comunicação do Governo do Distrito Federal - 12 de novembro de 2011
 
http://altamiroborges.blogspot.com/

Um comentário:

Oliveira disse...

Eu acho ótimo que o Arruda demonstre na justiça que foi vitima desses chantagistas, mas nós vamos ter que continuar aguentando a inoperância do atual governo