quinta-feira, 27 de outubro de 2011

“Preço da Banda larga no Brasil é disparado o maior do mundo”, diz especialista 


“A telefonia celular no Brasil segue sendo a mais cara do mundo apesar da redução de 17% constada do ano passado para cá. Mas os nossos preços ficam muito além do cobrado mundialmente. E o celular é a ferramenta de inclusão e de acesso”, afirma Carlos Afonso, do Comitê Gestor da Internet, que colaborou com a pesquisa da UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), da ONU (Organização das Nações Unidas), divulgada na quarta-feira (19).

Segundo o estudo, o Brasil tem a banda larga - fixa e móvel - mais cara do mundo e com custo muito acima do praticado em países com economias menos desenvolvidas. No país o valor de 1 Mbps móvel é de US$ 51, no Quênia, com uma economia bem menor que a do Brasil, é de apenas US$ 4. No Vietnam fica em US$ 2. Na Turquia, US$ 3. No Marrocos é de US$ 7.

“DIFERENÇA GRITANTE”


Também na velocidade de conexão “a diferença é gritante”, ressalta Carlos Afonso. Enquanto no Brasil, é de 1 Mbps, no Quênia, esse índice chega a 7,2 Mbps, mesma velocidade encontrada no Sri Lanka e na Turquia. No Vietnam, a velocidade é menor, mas chega a 3,6 Mbps. “A Internet móvel está muito distante do cidadão brasileiro. Muito pouca gente usa a Internet de fato. Os celulares têm internet, mas o cidadão não usa. Hoje é um serviço de rico”, diz Carlos Afonso.

O preço para o pacote ilimitado no Brasil custa US$ 31,31 (R$ 54,79 com o dólar a R$ 1,75) para uma velocidade de 512 Kbps – o valor de uma velocidade de 1 Mbps fixo fica em US$ 61. Na Turquia, a velocidade de 1 Mbps fixo sai por US$ 30. No Vietnam, com velocidade de 1,5 Mbps, o custo do pacote é de US$ 8,72 e o custo de um pacote com 1 Mbps nesse país é de US$ 6.

Na Turquia, com uma velocidade de 1Mbps - o dobro da constatada no Brasil - o custo do pacote fixo sai a US$ 30. No Vietnam, com velocidade de 1,5 Mbps, o custo do pacote sai a US$ 8.72. O preço do megabit nesses países são, respectivamente, US$ 30 e US$ 6.

Segundo Afonso, “entre as oito maiores economias, o Brasil é o mais caro disparado. Precisamos rever muitas questões em telecom. Podemos garantir que a telefonia, e a banda larga entra nessa questão porque são serviço das teles, é a grande vilã para o desenvolvimento das TICs no país”.

As teles, para variar, não ficaram nada satisfeitas com a divulgação dos dados da UNCTAD. A entidade, no mesmo dia, divulgou nota tentando desqualificar a pesquisa que só veio confirmar as denúncias feias por entidades, órgãos de defesa do consumidor, parlamentares e especialistas sobre a banda lerda, cara, concentrada e sem qualidade implementada, em sua grande maioria, pelas multinacionais.

O chororô das teles teve logo acolhida do ministro Paulo Bernardo, que, nesta segunda-feira (24), anunciou para os próximos 15 dias a MP - medida provisória - que pretende isentar a banda larga mais lenta e cara do mundo do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), PIS e COFINS.

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