sexta-feira, 14 de outubro de 2011


IBGE: redução da atividade da indústria reduz ritmo do emprego



Juros altos desaceleram produção e emprego 


A diminuição do ritmo de crescimento do emprego industrial é resultante da desaceleração da produção. “Em função desse crescimento moderado, o emprego na indústria não está tendo fôlego para continuar a expansão. Isso se reflete nos dados positivos, mas pouco intensos”, afirmou o economista da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Fernando Abritta, ao divulgar os dados de emprego da indústria no mês de agosto.

De março a julho, o número de ocupados na indústria apresentou uma trajetória muito próxima ao crescimento zero: 0,0%, –0,1%, 0,1%, –0,1%, –0,1%, respectivamente, todos os índices comparados com o mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal.

Para o economista, a diminuição do ritmo de crescimento da indústria é reflexo da crise externa e dos aumentos da taxa básica de juros (Selic). Entre janeiro e julho, em cinco reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, os juros básicos foram elevados em 1,75 ponto percentual, passando de 10,75% para 12,50% ao ano – em agosto houve um corte de 0,5 ponto percentual na Selic, sob forte pressão popular.

Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), “a moderação da atividade econômica refletiu na perda de dinamismo do mercado de trabalho. As expressivas taxas de crescimento do emprego de 2010 não se mantêm em 2011”, afirmou a entidade no Informe Conjuntural, divulgado no dia 11. Além dos juros altos, o setor enfrenta o desajuste cambial e a invasão de importados que tiram a competitividade da indústria. A entidade aponta que “a trajetória de desaceleração do PIB deverá se reverter no início de 2012, pelo aumento do consumo interno e dos investimentos, caso a taxa básica de juros, a Selic, continue a recuar”.

O Iedi (Instituto de Estudo para o Desenvolvimento da Indústria), ao analisar a variação de 0,4% no mês de agosto, em relação a julho, registrado pelo IBGE, considerou que é mais provável tratar-se de “um resultado isolado”. “Ao se comparar o nível de emprego nos meses deste ano com o mesmo mês de 2010, observa-se uma nítida perda de ritmo ao longo do ano, sobretudo a partir do segundo quadrimestre: 2,8%, 2,9%, 2,2%, 1,6%, 1,3%, 0,7%, 0,4% e 0,6%, nessa ordem, de janeiro a agosto. Além disso, os ocupados na indústria já vêm apresentando sinais negativos no Estado com maior participação no emprego industrial desde abril deste ano. Em São Paulo, a sequência de resultados do emprego industrial foi a seguinte: –0,2%, –0,7%, –1,5%, –2,0% e –1,6%, respectivamente, de abril a agosto (taxas de variação calculadas com relação a igual mês de 2010)”, ressaltou o Iedi.

Em agosto, o índice da produção industrial registrou variação negativa de 0,2% em relação ao mês anterior, com ajuste sazonal, acumulando alta de 1,4% de janeiro a agosto, valor bem inferior ao acumulado no mesmo período de 2010 (15,0%).

A redução pelo Copom de meio ponto percentual na taxa Selic em agosto, depois de cinco altas consecutivas, foi considerada “tímida” e “conservadora” por entidades da indústria, do comércio e dos trabalhadores, que exigem uma queda mais acelerada dos juros para que o país volte a crescer. Segundo o economista Amir Khair a redução da Selic ao nível dos países emergentes “reduz a especulação externa sobre o real, não distorce o câmbio, a conta de juros cai pela metade com economia de R$ 120 bilhões (!) ou 3% do PIB”.

A título de comparação com os países que conformam os BRICS, a taxa de juros da África do Sul está em 0,2%, a da China, 0,1%. As da Rússia e Índia estão negativas: -0,7% e -1,5%, respectivamente. Em novembro do ano passado, a taxa da África do Sul era de 2,4% e a do Brasil, um pouco mais que o dobro.  

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