quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Bancos europeus pedem mais 1 trilhão de euros para o resgate de papéis podres em seu poder


A Europa, cuja atividade econômica tem patinado desde o advento da crise com epicentro em Wall Street, apresenta sinais crescentes de entrada em estado recessivo mais profundo, aproximando-se da retração econômica.

David Gow, que acompanha, a serviço do jornal inglês The Guardian, os encontros entre os líderes europeus em Bruxelas, informa que um dos índices adotados por um dos institutos econômicos (no caso do Markit Group), usado para medição de poder de compra, o PMI, "que mede tanto atividade industrial quanto de serviços", despencou este mês no ritmo mais rápido em dois anos – de 49,1 para 47,2".

Análises do Banco Central da Europa colocam a previsão de taxa de crescimento do PIB para este ano para 1,6% e várias previsões já apontam para uma nova queda no crescimento, ficando em 0,5% no ano que vem.

Neste quadro, ao invés de realocar os recursos para ativar a produção, os europeus se preparam para a edição de um novo pacote financeiro através do qual o fundo de resgate do BCE (leia-se dinheiro retirado dos investimentos públicos para ficar à disposição dos bancos e garantir os títulos em seu poder) passe de 440 bilhões de euros para de 1 a 1,5 trilhão.

O pacote que vai garantir aos bancos dinheiro vivo caso os papéis em suas mãos apodreçam (fala-se em ‘prudente’ acordo onde o dinheiro dos governos europeus "só" garantiria aos bancos algo em torno de 25% do valor dos micos) deve ser fechado após a saída do ex-presidente do BCE, Jean Claude Trichet, que ficou 8 anos à frente do banco, participou do resgate à economia grega – junto com a pressão para assaltar o que resta do seu patrimônio – mas ficou temeroso de embarcar na nova aventura. Ele foi devidamente substituído por Mario Draghi, que passou pela escola da especulação em alto estilo: dirigiu – de 2002 a 2005 - exatamente o banco que durante o governo liberal grego (Karamanlis) preparou suas transações em títulos maquiando balanços do Estado; o Goldman Sachs, em sua sucursal europeia.

No centro da demanda está a abertura para renegociações dos papéis gregos, cada vez mais difíceis de serem pagos, uma vez que as medidas exigidas pelo FMI e o próprio BC europeu estão destruindo a economia grega a despeito de toda a grita do seu povo. Como aponta David Gow, a economia grega deve apresentar retração de 15% entre o início da crise e o final do ano que vem.

Em seu artigo "Destruindo a vida de 13 milhões de pessoas", o articulista do site Counterpunch, Marsall Auerback, aponta- com relação aos agentes dos bancos que "o que eles não aceitam reconhecer é que suas exigências e ações impostas aos políticos gregos colocaram em andamento um sistema que busca deflacionar a dívida mas que implica na implosão da economia grega (sem levar em conta qualquer semelhança a um contrato social, e esgarçando o tecido social – o que é, afinal de contas, a versão de montaria da ‘reforma’ neoliberal estudada de forma a apagar qualquer vestígio de democracia social e organização sindical na zona do euro)".

NATHANIEL BRAIA

http://www.horadopovo.com.br/


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