quarta-feira, 19 de outubro de 2011

“Aumento do salário mínimo é gasto, transferência de renda é gasto. Só empréstimo para o rico é investimento”, critica Lula


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a postura do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e dos países desenvolvidos no combate à crise mundial. “O FMI tinha solução para tudo quando a crise era na Bolívia, no Brasil, no México. Quando a crise chega aos países ricos, o FMI se cala, entrou num silêncio profundo. O BID, então, não fala mais nada”, afirmou Lula.
 
O ex-presidente disse que as nações desenvolvidas precisam seguir o exemplo do Brasil e que não tem nada mais “fácil e barato no mundo do que cuidar dos pobres, o que é duro é cuidar dos ricos”. Ele destacou que a distribuição de renda permite que os pobres possam consumir e isso faz com que a economia possa girar, gerando emprego e renda para os mais ricos.
 
“Uma família pobre com US$ 100 resolve seu problema por um mês. Para o rico, você empresta US$ 1 bilhão e [eles] ainda saem do seu gabinete falando mal do governo. Tudo relacionado ao pobre é gasto, aumento do salário mínimo é gasto, transferência de renda é gasto. Emprestar para o rico é investimento. Nós mudamos isso, emprestar para pobre também é investimento”, ressaltou.
 
As declarações ocorreram em discurso nos Estados Unidos, na última sexta-feira (14), após receber o prêmio World Food Prize, que condecora personalidades que contribuíram para a diminuição da fome no mundo. Lula recebeu o prêmio na quinta (13), na companhia do ex-presidente de Gana, John Agyekum Kufuor.
 
Ele afirmou que a fome é “a maior arma de destruição em massa que a humanidade já inventou” e que os governantes, em vez de guerras, devem “lutar pela vida, não pela morte”. “Ela [a fome] não mata inimigos, ela não mata terroristas. Ela mata crianças, e às vezes, no útero da própria mãe, que não teve direito de comer as calorias necessárias ao nascimento de uma criança”, declarou.

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