segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Fiesp: vendas fictícias inflam o coeficiente de exportação


Estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), divulgado no início da semana revela que além de perder o mercado interno para os importados, as indústrias brasileiras estão perdendo também fatias cada vez maiores do mercado externo. Apesar do coeficiente de exportação ter subido 2,2 pontos percentuais no segundo trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado e chegado a 19,9%, a Fiesp alerta que 45% do crescimento do coeficiente de exportação se devem ao desempenho de apenas dois setores: as indústrias extrativas, como minério de ferro e petróleo e a de equipamento de transporte, devido às plataformas de petróleo.

Só que as plataformas de petróleo não foram efetivamente exportadas. Elas são consideradas como exportações por força da Repetro - legislação criada no período de FHC para isentar de impostos equipamentos importados e exportados por empresas que atuam na exploração interna de petróleo. A exportação, na verdade, é fictícia. Ela é computada apenas para efeito de isenção fiscal, mas fisicamente as plataformas operam dentro do Brasil. Por esta legislação, a exportação tem saída fictícia do território nacional. Depois é aplicado o regime de admissão temporária aos bens ficticiamente exportados.

Já os maiores decréscimos das exportações brasileiras estão exatamente nas áreas industriais com maior valor agregado. Aeronaves (-11,7%), material eletrônico e aparelhos de comunicação (-3,1%), por exemplo. Ou seja, a produção industrial brasileira está sendo atingida, tanto em suas vendas no mercado interno quanto na disputa pelo contraído mercado internacional. A avaliação da FIESP é que a balança comercial brasileira no setor de manufaturados fechará o ano de 2011 com um déficit de US$ 100 bilhões.

O estudo revela que a valorização artificial do real, fruto da guerra cambial promovida pelos EUA e dos juros estratosféricos praticados pelo Banco Central, está provocando uma crise de grandes proporções na produção industrial brasileira. Segundo a Fiesp, o coeficiente de importação cresceu 2,2 pontos percentuais e alcançou o nível recorde de 22,9% no segundo trimestre do ano em relação ao mesmo período do ano passado. Este índice é o maior desde que começou a ser medido, em 1997. Ou seja, o crescimento do consumo está sendo ocupado cada vez mais por produtos importados favorecidos pelo câmbio.

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