quarta-feira, 31 de agosto de 2011

EUA espionaram embaixada do Brasil e malas diplomáticas de consulados foram violadas 

Documentos confidenciais, liberados recentemente pelo Itamaraty, revelam que o desrespeito à soberania brasileira durante a administração tucana, por parte do governo americano, foi muito mais intenso do que se imaginava.

O vexame, protagonizado pelo ex-chanceler de FHC, Celso Lafer, de ser revistado e obrigado a tirar o sapato no aeroporto de Miami para entrar no país, em 2002, foi só a ponta do iceberg.

Malas diplomáticas eram sistematicamente violadas e a embaixada brasileira em Washington foi vítima de grampos e de espionagem por parte das agências americanas.

Segundo os relatos do Itamaraty, no ano de 2001, funcionários da embaixada brasileira em Washington descobriram vasto material de escuta e grampos telefônicos instalados no interior do prédio. O embaixador brasileiro à época, Rubens Antonio Barbosa, denunciou ao governo brasileiro a interceptação nos telefones em despacho feito ao Itamaraty em 2001. Segundo Barbosa, a situação foi passada ao Departamento de Estado americano, “mas não houve reação”. E o governo brasileiro da época não tomou nenhuma providência consistente para exigir o esclarecimento dos fatos. Afinal, como se sabe, os tucanos não eram muito afeitos a defensores da soberania do país. Eles achavam que esse era um tema um tanto “ultrapassado”. Ou seja, gostavam mesmo era de baixar a cabeça para Washington & Cia.

E é bom observarmos que essas provocações já vinham desde o governo Collor, passando, inclusive, pelo governo Itamar. Elas pioraram depois dos atentados de “11 de setembro”, segundo publica a “Folha de S. Paulo”. Entre 1992 e 1993, lacres metálicos de malas diplomáticas já vinham sendo sistematicamente rompidos e as autoridades alfandegárias norte-americanas em Miami tentavam submetê-las a análises de raio-x, incluindo uma remessa proveniente da embaixada em Havana.

Questionado, o ex-chanceler Celso Lafer disse à imprensa que, passados quase 20 anos dos incidentes, não se recordava dos problemas em Miami.

As primeiras violações foram descobertas em 1992. Em 16 de julho, a mala recebida pelo consulado em Miami “teve o arame de fechamento rompido próximo ao lacre, e seu lacre interno também está aberto”, segundo telegrama do Itamaraty. Em novembro, o consulado informou que o secretário Fernando Vidal, do correio diplomático de Havana, “foi retido por funcionário da alfândega norte-americana para averiguações” sobre a bagagem que trazia de Cuba em avião de carreira. A alfândega ordenou que a mala fosse objeto de revista em raio-x”. Vidal ameaçou chamar o consulado, o que fez os americanos desistirem da ideia.
S.C.

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