sábado, 23 de julho de 2011

TRABALHADORES MANDA FAZENDA E BANCO CENTRAL A PUTA QUE PARIU

Greve da Eletrobrás contesta política de aumento real de 0%

Pilantras que advogam arrocho de salários não param de subir os seus

Os funcionários da Eletrobrás entraram em greve por 48 horas, quarta e quinta-feira, reivindicando um reajuste salarial de 11,2%, cerca de 4,7% real. Conforme a Associação dos Empregados da Eletrobrás (Aeel), a direção da estatal oferece apenas 6,51%, referente à reposição da inflação. O diretor da Aeel, Emanuel Mendes Torres, alertou que, caso não haja nova proposta de aumento, os funcionários do sistema Eletrobrás deverão fazer uma nova greve, só que de 72 horas.
Trabalhadores da Eletrobrás fazem greve por aumento real no salário 


A reivindicação é 11,2%. Estatal oferece só inflação 

Os funcionários do sistema Eletrobrás entraram em greve por 48 horas nesta quarta e quinta-feira, reivindicando um reajuste salarial de 11,2%, cerca de 4,7% real. Conforme a Associação dos Empregados da Eletrobrás (Aeel), a direção da estatal oferece apenas 6,51%, referente à reposição da inflação do período medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). São 30 mil funcionários no Sistema Eletrobrás e a entidade estima que cerca de 90% dos funcionários de todo o país tenham aderido à paralisação.
De acordo a Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), a data-base dos trabalhadores da Eletrobrás é 1º de maio. A pauta é composta por 74 itens, entre elas a negociação salarial, que não avança. Segundo os dirigentes da Federação, se não houver uma nova proposta que atenda a reivindicação dos trabalhadores, até o início de agosto, os funcionários iniciarão uma nova greve.

Para o presidente da FNU, Franklin Moreira Gonçalves, “o governo, através do Banco Central, tem reiterado que os trabalhadores não devem pressionar por aumento acima da inflação, para não pressionar os índices inflacionários. Querem nos usar como referência nessa política de contenção de gastos tão propalada pelo governo”, afirmou Franklin.

O eletricitário e presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, também ressaltou que “essa idéia de que aumento real de salário vai causar inflação é uma balela. Se o objetivo é controlar inflação, vamos atacar as causas reais: lucro, oligopólios, tarifas públicas indexadas, carga tributária regressiva e outras injustiças”.
Em relação ao funcionalismo - aos trabalhadores da administração direta - o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciara, desde o início do ano, que sua política era de redução do salário real, ao negar até mesmo a reposição da inflação.

Até agora, o governo tem, sucessivamente, adiado a negociação salarial com o funcionalismo, com algumas afirmações de que também em 2012 - cuja Lei de Orçamento Anual (LOA) está sendo agora elaborada pelo Ministério do Planejamento - não poderia conceder nem a reposição.

Segundo o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, nas negociações salariais deste semestre a inflação passada deveria ser ignorada, pois os aumentos reais de salários são um “risco inflacionário”.

Tombini não acha a mesma coisa dos juros - pelo contrário, para manter os repasses gigantescos aos bancos é que prega o que, a rigor, seria uma redução dos salários reais de toda a economia.

O Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Energia do Rio de Janeiro e Região (Sintergia-RJ) afirmou que a negativa sistemática do governo em atender a reivindicação de aumento levou o Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) a recomendar a paralisação. No seu boletim, o Sindicato afirma que o receituário da atual equipe econômica de arrochar salários não foi seguido no governo Lula, “o que fez a diferença em relação aos países que ainda estão em crise e que continuam adotando um caminho conservador para sair do fundo do poço, o que tem como resultado a recessão, privatização e desemprego”.

Para presidente do Sinergia-SP, Jesus Francisco Garcia, que organiza a paralisação nas unidades de Furnas em São Paulo, “o governo está empenhado em manter o superávit primário, e para isso pretende impedir o aumento salarial de seus trabalhadores. Que não conte com a gente para isso. Aumento real de salário é a bandeira principal da CUT neste segundo semestre”.

O diretor da Aeel, Emanuel Mendes Torres, alertou que, caso as negociações não sejam reabertas, os funcionários do sistema Eletrobrás deverão fazer uma nova greve, só que de 72 horas, período de tempo que poderá de fato afetar o sistema de fornecimento de energia. “Até então não há ameaça porque o sistema está seguro, mas um tempo superior a 48 horas já poderá comprometer o fornecimento de energia no país”, aponta o diretor da associação.

Em Carta Aberta à população, a Federação Nacional dos Urbanitários, ressalta que no governo Lula, “o setor elétrico voltou a ser alvo de investimentos, com o fortalecimento de suas empresas, e a valorização dos seus trabalhadores, com ganho real nos salários, dentre outras importantes conquistas, porém ainda muito abaixo do que é necessário para compensar os anos de estagnação. Todavia, esse ciclo de avanços, que trouxe tranqüilidade para a sociedade e crescimento econômico, depois de anos estagnação econômica, vem sendo ameaçado pelo governo eleito justamente para dar continuidade a esse projeto, com a adoção de uma política econômica conservadora que atrela aumento de salários com a inflação”.

“A luta dos eletricitários representa a continuidade das conquistas não somente de uma categoria, mas também de toda população que elegeu este governo querendo a manutenção de um modelo econômico e social que é exemplo para o mundo”, ressalta o documento.
Entre as empresas que compõem o Sistema Eletrobrás estão a Cepel, Chesf, Eletronorte, Eletrosul e Furnas. 

ADEMAR COQUEIRO 


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