sábado, 23 de julho de 2011

Saída é estimular o consumo e o mercado interno, diz Lula

O ex-presidente frisou que o país precisa dar mais atenção às micro, pequenas e médias empresas.
“Temos um mercado interno extraordinário”, lembrou

O ex-presidente Lula afirmou, na segunda-feira (18), durante solenidade organizada pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) em sua homenagem, que o Brasil, para continuar se desenvolvendo, precisa priorizar o seu mercado interno. “Nós temos um mercado interno extraordinário”, disse. “E o que aconteceu no Brasil quando os pobres subiram um degrau?”, indagou. “Os empresários também subiram um degrau. Esse é o país que nós ainda não acabamos de construir”, destacou Lula para uma audiência composta por 200 empresários, ex-ministros, diplomatas e parlamentares.

O mundo rico tem que aprender que a solução deles é fazer com que os pobres virem consumidores”, acrescentou Lula, lembrando que o Brasil enfrentou a crise de 2008/9 investindo no mercado interno. “Eu fui para a TV estimular o consumo. Todo mundo dizia, o comércio vai parar. E por que diziam isso? Porque o povo estava com medo de comprar e com medo de se endividar. Eles achavam que não iam poder pagar porque iam perder o emprego. Eu fui para a TV e disse: ‘compra’. Porque se você parar de comprar aí sim é que vai perder o emprego e aí vai ficar muito pior”.

Como bem lembrado por Lula, naquela ocasião várias vozes da mídia e da oposição criticaram a posição pró-crescimento do ex-presidente e fizeram prognósticos catastróficos, advogando arrocho salarial e fiscal, cortes de gastos e demissões como caminho para enfrentar a crise originada nos EUA. Apesar da sabotagem da política de juros altos aplicada pelo Banco Central, representando um flanco vulnerável na economia, o país não sofreu tanto as consequências da crise quanto os países ricos por causa das medidas tomadas pelo governo Lula.

O ex-presidente chamou a atenção para a necessidade de apoiar também as micros, pequenas e médias empresas. “Temos que resolver o problema das micro e pequenas empresas. Nós temos as médias empresas que não têm o auxílio do Simples nem aquele cartão do BNDES e não têm condição de pegar dinheiro em dólar. São empresas que têm de 10 a 50 milhões de faturamento. São como parte da classe média baixa brasileira. Ou seja, tem casa para rico, tem casa para pobre e não tem casa para a classe média baixa brasileira. A situação é parecida com essas empresas. Precisamos criar mecanismos de apoio a elas”, disse.

Ele propôs a criação de grupos de trabalho para discutir os grandes gargalos do país. “Quais são os gargalos do setor energético? Quais são os gargalos no setor de petróleo?”, indagou. “Temos que achar juntos as soluções e apresentarmos para o governo. Tenho certeza que o governo vai ouvir essas propostas vindas da sociedade”, assinalou o ex-presidente para empresários que se queixaram das importações, política cambial, juros altos e dos tributos.

“Eu duvido, que em algum momento da história do Brasil, houve um presidente que consultou tanto os empresários como eu consultei, e que construiu tantos instrumentos de participação dos empresários como eu construí com vocês”, afirmou. O ex-presidente ressaltou que essa relação com o setor foi importante para enfrentar a crise internacional. “Nós criamos um comitê empresarial que se reunia toda semana para decidir as questões da crise. Não teve uma única medida em que a decisão não tenha sido tomada coletivamente”.

Ao fazer a apresentação de Lula para a plateia, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, dirigiu palavras elogiosas ao ex-presidente. “O presidente Lula é um estadista que levou o nome do Brasil por todas as partes. Hoje, o mundo conhece muito mais o Brasil, e respeita muito o Brasil. Hoje o mundo olha para o Brasil como uma grande oportunidade, em todos os sentidos”, disse Skaf. “Aqui [na Fiesp], Lula recebeu duas dezenas de chefes de Estado, valorizando o setor produtivo, e fomos convidados para liderar diversas missões internacionais. O presidente Lula fez diferença para o Brasil”, enfatizou.

“Durante a campanha à Presidência da República, Lula falava na criação de 10 milhões de empregos no Brasil. Acreditávamos que era ‘conversa de candidato’, que isso seria impossível, mas ele criou 15 milhões de vagas, tirou 26 milhões pessoas da miséria e elevou 39 milhões de brasileiros à classe C”, disse Skaf. O presidente da Fiesp também citou o aumento do crédito, a retomada da indústria naval e o crescimento da indústria automobilística durante o governo Lula.

Acompanhado de sua esposa, Marisa Letícia, Lula visitou a exposição fotográfica “Milhões de Lulas”, organizada pela Fiesp. A mostra teve curadoria de Juca Varella e projeto expográfico de Haron Cohen. São 48 fotos, algumas inéditas, a maioria de Ricardo Stuckert, fotógrafo oficial da Presidência da República. Também integram a exposição imagens do acervo da Fiesp.

Para Skaf, essa mostra é uma maneira de reviver e demonstrar quem é o ex-presidente, “cidadão e homem do povo”. Segundo o site da Fiesp, “Lula se deteve diante de cada imagem, especialmente quando foi registrado junto a populares. Observou atentamente as fotos do abraço dado em Nelson Mandela, da comemoração da vitória da presidenta Dilma Rousseff e do ex-presidente dos Estados Unidos George Bush com o capacete da Petrobrás: ‘Acabou fazendo merchandising’, brincou”. Ele se emocionou com a foto da entrega do título de presidente emérito da Fiesp ao vice José Alencar, em 2009.

Em entrevista antes do jantar, o ex-presidente fez uma avaliação positiva da maneira como a presidente Dilma Rousseff tem respondido à crise que envolve o Ministério dos Transportes. “Ela foi bem, como em qualquer outra situação”, disse Lula, ao chegar ao jantar FIESP.http://www.horadopovo.com.br/

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