sábado, 16 de julho de 2011

“Privatização que deixa Estado sem voz e voto não interessa à Nação”

Francisco Lemos, presidente do Sindicato Nacional dos Aeroportuários: 
“Privatização que deixa Estado sem voz e voto não interessa à Nação” 

SINA e CUT debateram tema com governo 

Não vamos aceitar que o sistema público dos aeroportos seja privatizado, sucateado e jogado na lata do lixo, na bacia das almas”, afirmou Francisco Lemos, presidente do Sindicato Nacional dos Aeroportuários (SINA), em entrevista ao HP, ressaltando que “o Estado tem que ser e continuar sendo o promotor do desenvolvimento dos aeroportos brasileiros”.

O sindicalista criticou a proposta do governo de privatizar o setor, que “é um patrimônio estratégico construído para servir nossa população. Entregar esse patrimônio, isto é, 51% da Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária) deixando o Estado com apenas 49%, sem direito a voz e voto, é entregar o setor a especuladores privados que só têm como objetivo lucrar”.

Após a mobilização dos trabalhadores da área da aviação, que foram as ruas e tomaram os aeroportos no último dia 6 contra a privatização, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique e do SINA foram chamados pelo governo para uma reunião na quarta-feira. Os representantes das entidades foram recebidos pelo secretário da Aviação Civil, Wagner Bittencourt, e pelo representante da Secretaria Geral da Presidência da República, o assessor José Lopez Feijóo. Na reunião, os representantes do governo se comprometeram a debater o projeto, incluir as propostas dos sindicalistas e elaborar um novo projeto que será apresentado à CUT e ao SINA.

“Não admitimos que o Estado seja minoritário”. “Assim, quem pagará com desmonte do sistema, com a precarização dos serviços e as altas taxas serão os usuários”, alertou Lemos.

Conforme o presidente do SINA, um dos organizadores das manifestações, “esta proposta do governo, para nós, trabalhadores da Infraero e das empresas de aviação, significa desagregação social de um patrimônio que foi construído ao longo destes anos com o dinheiro do povo para servir o povo. Se for para o controle dos especuladores, eles vão explorar o comércio nos aeroportos, aumentar as tarifas, ameaçar os direitos, espalhar as terceirizações e arrochar os salários. Isto não vai passar”, destacou.

Lembrando o fracasso das privatizações nas áreas de energia e telefonia, Lemos ressaltou que “se as privatizações fossem sinônimos de eficiência, os Procons não estariam abarrotados de reclamações e processos pelos maus serviços prestados”.

Durante a audiência, o presidente da CUT, Artur Henrique falou da importância da participação do movimento sindical na construção de um projeto, que vise garantir a qualidade, a segurança e amplo acesso da população aos serviços, além da preservação dos empregos e direitos trabalhistas. “É importante esclarecer que não abrimos mão do controle do Estado.

O governo não pode ser acionista minoritário e deixar nas mãos dos empresários o controle tarifário, questões relacionadas à segurança, qualidade e de relações de trabalho”, questionou.

Segundo Artur, assim que tiverem acesso a todos os dados do projeto, tanto a CUT como o SINA, irão querer “debater garantias para a sociedade, principalmente para os trabalhadores que atuam nos aeroportos. Nossas experiências com concessões nos setores elétricos e de telefonia não são boas. A única garantia daqueles contratos fechados com o empresariado era de lucro e formas de reajuste tarifário”. 

Entidades fazem manifestação em Brasília dia 10 

Ao convocar as manifestações e os trabalhadores a resistirem ao projeto, Lemos destacou ainda que “estamos organizando uma manifestação nacional no próximo dia 10, no Congresso para mostrar a nossa força aos parlamentares e à população brasileira. Vamos mostrar que este modelo proposto de privatização, ou seja, de entrega dos nossos aeroportos não serve à Nação”.   

Para Lemos, “o transporte aéreo tem de permanecer como é hoje, um transporte com acesso a muitas pessoas. Se houver aumento de tarifas e o povo for retirado dos aeroportos e mandado de volta para as rodoviárias, o movimento social vai reagir com força”. 
ADEMAR COQUEIRO

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