sexta-feira, 8 de julho de 2011

Delegação da Associação de Juristas da Bélgica visita Líbia e pede fim dos ataques da Otan

De 12 a 14 de junho quatro cidadãos belgas – Mario Franssen, Michel Collon, Mohamed Hassan e Fred Dahlman - visitaram a Líbia para verificar in loco a situação do país bombardeado pela Otan/EUA. A missão de observação foi uma iniciativa da Associação de Advogados e Juristas da Bélgica e o relato que publicamos a seguir é de Mohamed Hassan em nome da delegação. Os quatro estão visitando escolas, universidades, associações comunitárias e dos bairros, as entidades populares e os sindicatos para darem seu testemunho sobre o que viram e ouviram durante a missão à Líbia. Eles querem o imediato fim dos bombardeios ao país africano.

“Trípoli estava calma. Nós não vimos nem militares nem um único rebelde e a moral do líbios que encontramos era muito boa.
Manifestamente Kadafi tem um enorme apoio da população de Trípoli e seu entorno. Em uma conferência de imprensa cerca de 200 clãs expuseram sua sustentação ao governo. Também demonstraram seu apoio os 17 Soufi-Zawia que são no país como são as ordens cristãs e suas abadias.

Kadafi armou a população. Cerca de dois milhões de líbios receberam uma Kalachnikov e são treinados para usá-las. Isso mostra bem que as autoridades não têm medo de sua população.
O presidente e o vice-presidente da Organização Panafricana na Líbia nos mostraram até que ponto Trípoli é uma cidade miscigenada. Antes do início dos bombardeios um milhão de egípcios, 850 mil tunisianos, 500 mil argelinos e centenas de milhares de negros viviam como hóspedes permanentes na Líbia. Essa grande comunidade africana na Líbia percebeu a agressão da Otan ao país como uma agressão contra a África.

Nós passeamos pela cidade, andamos por toda parte muitas vezes sem guias ou acompanhantes. Os cidadãos do Sudão, do Níger, do Chade que encontramos nas ruas nos disseram que eles não precisaram de uma permissão especial de trabalho, ou um visto de trabalho para serem contratados na Líbia. Eles são mais bem tratados aqui que em seus próprios países. Para eles a Líbia é a mãe de toda a África. Eles se beneficiam da assistência à saúde gratuita e seus filhos vão à escola sem pagar nada como todas as crianças líbias. No ensino superior os sudaneses constituem-se no segundo grupo de estudantes depois dos líbios. Mas depois do início dos bombardeios da Otan muitos africanos foram obrigados a voltar pra seus países.

As três estratégias da Otan

A Otan quer meter a mão nas riquezas da Líbia. Os líbios com os quais conversamos distinguem três estratégias da Otan e seus aliados, os rebeldes líbios.

Primeiro: eles querem criar um conflito interno entre as tribos. Em Misrata, por exemplo, os bandos armados fazem uma depuração ética na cidade. Os que não eram originários da cidade foram aterrorizados e obrigados a deixar Misrata.

Segundo: Se organizam ataques contra os líbios negros e outros negros africanos. Em Benghazi três somalis forma assassinados por rebeldes. O fato não é de menor importância quando sabemos que a região rica em petróleo em torno de Brega é onde residem sobretudo líbios negros. Se a Otan pretende dividir o país sob essa base poderemos assistir à eclosão de uma situação conflitiva como a de Darfur.

Enfim, a infraestrutura da Líbia subsiste à destruição. Os bombardeios em torno de Trípoli a infraestrutura e têm os civis como alvos. Os ataques em curso na Líbia custam cerca de 70 ou 100 bilhões de dólares. Todas as empresas estrangeiras saíram do país, da mesma forma que toda a mão de obra estrangeira. O desenvolvimento do país foi paralisado”.
Artigo publicado no site do Partido do Trabalho da Bélgica

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