quarta-feira, 15 de junho de 2011

Gregos cercam parlamento contra pacote que atende ao FMI e aprofunda o arrocho

Dezenas de milhares de gregos ocuparam a Praça da Constituição (Syntagma), que fica diante do parlamento, no domingo. O ato foi em rechaço às medidas que resultarão em aprofundamento do arrocho já imposto pelo FMI quando da liberação do pacote de 110 bilhões de dólares. Agora a alegação da delegação deste órgão com a participação de integrantes do BC Europeu é de que o governo não conseguiu reduzir o déficit em valores suficientes para pagar débitos junto aos bancos. Foi o 19º dia consecutivos de gigantescas manifestações.

Para dia 15 foi convocada pela Confederação de Trabalhadores da Grécia (GSEE) e pela União de Funcionários Públicos (ADEDY) uma nova greve geral em rechaço desse pacote que foi avali-zado a semana passada pelo Conselho de Ministros e agora deve ser votado no Congresso, provocando mais cortes de salários e pensões.

O objetivo declarado dessas medidas é reduzir o déficit fiscal para 1,1% até 2015. O FMI afirma que para atingir este objetivo o governo grego tem que alienar 50 bilhões de euros em propriedades estatais. Entre os ativos em mãos do Estado grego, a empresa elétrica estatal PPC, ameaçada de privatização e cujos trabalhadores anunciaram paralisação de 48 horas para o próximo dia 20. “Estamos contra a venda do país. Não fecharemos os olhos”, afirmou o comunicado divulgado pelo sindicato.

Por conta da pretendida venda de bens públicos, o plano governamental prevê economizar seis bilhões 400 milhões de euros em 2011.

O tom mais duro das faixas demonstra a crescente indignação com o governo. “Ladrões!”, “Não vamos pagar o roubo dos bancos!”, “Fora Papandreou e sua corja!”, foram carregadas para expressar a inconformidade com o plano apresentado como moeda de troca para receber a segunda parte do empréstimo da UE e do FMI, que totaliza 110 bilhões de euros.

Segundo o Banco de Pagamentos Internacionais (BPI) de Basiléia, organização que serve como banco para os bancos centrais, os financiamentos externos do setor bancário à Grécia estavam liderados a finais de 2009 pelas entidades francesas, com 78,8 bilhões de dólares (40,8% do total), seguido pelas alemãs, com 45 bilhões (23,3%), pelas britânicas, com 15,35 bilhões (8%) e pelas holandesas, com 12,2 bilhões (6,3%). As duas potências da UE concentravam 64% dos 193 bilhões de dólares que os bancos entregaram ao país, resumiu Alfredo Zaiat, em artigo do jornal argentino Página 12.

Na realidade, esses recursos que provocaram o duro programa de austeridade econômica estão destinados a salvar os bancos.

No dia 18 o ministro das Finanças da Alemanha declarou que mesmo com toda essa parafernália de medidas a Alemanha só estaria disposta a seguir participando do resgate da dívida grega se os bancos privados da Europa também o fizerem. Os bancos privados alemães, cujo volume de títulos gregos aproxima-se de US$ 30 bilhões, concordaram.

Porém, os bancos dos demais países da Europa querem ficar de fora e, neste caso, que os contribuintes paguem todas as despesas do resgate.

Para completar o quadro, a Standard & Poor’s anunciou nota mais degradada ainda da classificação dos títulos gregos, que agora são CCC. A cada desqualificação, mais difícil torna-se para a Grécia encontrar bancos dispostos a rolar a dívida e quando o fazem é por juros cada vez mais elevados.

Economistas europeus alertam que a Grécia pode ser apenas a primeira peça de um dominó de países default o que mergulharia as economias da Europa e dos EUA na depressão.
HP

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