sexta-feira, 24 de junho de 2011

Governo Obama usa tribunal de exceção de W. Bush para perseguir militantes de oposição

Desde setembro do ano passado, 23 militantes da FRSO – Organização Socialista Estrada da Liberdade -, e de outras organizações e entidades dos EUA, estão na mira do FBI e da “Lei (Anti) Patriótica” e foram submetidos a um “tribunal” – instância jurídica criada em dezembro de 2008 por W. Bush e mantida por Obama - em que sequer têm direito a advogado.

A denúncia é do dirigente da FRSO, Tom Burck, em entrevista ao jornal “Solidaire”, do Partido do Trabalho da Bélgica. Ele participou em maio, em Bruxelas, do encontro de partidos comunistas e progressistas que juntou 55 organizações.

Em comum, os 23 têm o fato de terem participado da organização da manifestação com 30 mil pessoas diante da convenção republicana de 2008 em Minesota, a que indicou o fracassado candidato John McCain.

Também a participação na retomada nos últimos anos do Dia Internacional do Trabalho nos EUA, o 1º de Maio, com as gigantescas manifestações que tomam o país inteiro, em defesa dos imigrantes e também dos direitos trabalhistas em geral.

Outro dos perseguidos, Carlos Montes, também organizador da marcha a Minesota e, desde 2006, do 1º de Maio em Los Angeles, teve sua casa invadida pela SWAT às 5 h da manhã, no dia 17 de maio, e a porta arrombada, sob o pretexto de “denúncia” de porte ilegal de arma.

Isso, num país onde, graças à Associação Nacional do Rifle e ao Congresso, um magnata pode ter um tanque de guerra no pátio de casa, e qualquer um pode adquirir um fuzil M-16, até pelo correio.

Os policiais subtraíram computadores, documentos de 40 anos de vida e fotos, e celulares. (Assim o NSA tem menos trabalho: não vai precisar grampeá-lo todos os dias, pelo menos nesses números). Não havia arma.

Na instância jurídica em que Burck, Montes e os outros 21 ativistas foram indiciados - a la “Homeland Department” -, o investigado não tem direito sequer a um advogado, há apenas um promotor e mais 23 jurados – em geral militares da reserva e funcionários públicos.

O acusado está obrigado a responder a qualquer pergunta feita pelo inquiridor, à revelia da quinta emenda da constituição, que diz que ninguém pode ser obrigado a falar contra si mesmo.

Burck deu ao “Solidaire” mais detalhes dessa peculiar “justiça” dos monopólios.

Apesar de terem apelado para a quinta emenda, logo em seguida a promotoria se concedeu a imunidade de acusação, podendo, assim, forçar os investigados a “cooperar” com a justiça, dar informações, acusar os outros de qualquer coisa.

Um mecanismo que lembra a sinistra caça aos vermelhos nos anos 50. “Se você ainda se recusa a falar, pode acabar na prisão por 18 meses, sem mais delongas”.
HP

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