quarta-feira, 15 de junho de 2011

Delegação brasileira se opõe na ONU ao plano dos Estados Unidos de militarizar o espaço

A delegação brasileira no Comitê da ONU para o Uso Pacífico do Espaço (Copuos) condenou a militarização do espaço planejada pelos EUA e defendeu seu uso pacífico.

“Os efeitos da colocação de armas no espaço podem produzir um desastre global. As armas espaciais têm, claramente, alcance global e, portanto, impacto global.

Elas podem causar um apagão em qualquer região do mundo, destruindo satélites úteis e de primeira necessidade, afetando as telecomunicações, a observação da Terra, o posicionamento global, a previsão do clima, os serviços de alerta e mitigação de desastres naturais, e assim por diante”, advertiu a delegação em declaração proferida pelo chefe da Assessoria Internacional da Agência Espacial Brasileira (AEB), José Monserrat Filho, no Comitê da ONU. A declaração foi feita no Comitê na terça-feira (7).

O dirigente da AEB alertou que as “empresas públicas e privadas podem sofrer perdas imprevisíveis e incalculáveis. Vultosos investimentos e negócios rentáveis podem desaparecer inesperadamente na imensidão do espaço”. Conforme o chefe da delegação brasileira, “a militarização radical do espaço, com a instalação de armas modernas em suas órbitas, pode reforçar a tendência de resolver as controvérsias internacionais por meio da ameaça ou do uso da força, ações totalmente contrárias aos princípios da Carta das Nações Unidas”.

“O Brasil está profundamente convencido de que a Terra sem armas de destruição em massa e o espaço exterior livre de qualquer tipo de armas – abertos ambos para atividades exclusivamente pacíficas e construtivas – criam garantias reais e sólidas para o futuro de todos os Estados, todos os povos, toda a humanidade”, disse Monserrat.

Ele apontou que “vivemos os últimos 54 anos, desde o primeiro satélite artificial e o primeiro voo espacial humano, sem armas e sem conflitos armados no espaço. O Brasil deseja que esta situação continue nos próximos 50 anos”.

De acordo com José Monserrat, “a militarização radical do espaço, com a provável criação de novo campo de batalha, não é apenas uma questão nacional ou uma questão exclusiva das nações que realizam atividades espaciais, como se sugere com frequência. Esse é, sobretudo, um problema global extremamente grave, que afeta a todos os países, povos e nações. E isso é simplesmente óbvio”.

José Monserrat Filho afirmou ainda que “os resultados desse novo tipo de guerra fria, com o emprego das avançadas tecnologias disponíveis podem ser incomparavelmente piores do que a anterior”. “E como frisou o ilustre delegado da Federação Russa nesta sessão plenária, ‘sabemos muito bem como é difícil monitorar o cumprimento dos acordos sobre desarmamento na Terra. No espaço, esse controle será ainda mais difícil’”.

Nenhum comentário: