segunda-feira, 23 de maio de 2011

Os verdadeiros objetivos dos EUA vão bem além do petróleo.

2ª Parte: Os verdadeiros objetivos dos EUA vão bem além do petróleo

Quais os verdadeiros objetivos de EUA? Neste ponto de nossa reflexão, vários indícios permitem já descartar definitivamente a tese da guerra humanitária ou da reação impulsiva ante os acontecimentos. Se Washington e Paris têm deliberadamente recusado toda negociação, se têm estado "forjando" desde faz tempo a oposição líbia e preparado palcos detalhados de intervenção, se os portaviões estavam a postos desde fazia tempo, prontos para intervir (como o confirmou o almirante Gary Roughead, chefe do US Navy: "Nossas forças já estavam posicionadas em frente da Líbia", Washington, 23 de março), deveremos pensar que esta guerra não se decidiu no último momento como reação a súbitos acontecimentos, e que estava planificada.

Porque esta guerra persegue uns objetivos que ultrapassam muito largamente a pessoa de Kadafi. Quais?

(Veja-se a Primeira Parte: Perguntas que há que colocar em cada guerra)(ABAIXO)

Nesta guerra contra Líbia, Washington persegue vários objetivos ao mesmo tempo: 1. Controlar o petróleo. 2. Assegurar a Israel. 3. Impedir a libertação do mundo árabe. 4. Impedir a unidade africana. 5. Instalar a OTAN como gendarme da África.

Parecem muitos objetivos? Sim. Exatamente igual que nas guerras precedentes: Iraque, Iugoslávia, Afeganistão. Uma guerra deste tipo, efetivamente, custa muito e supõe riscos importantes para a imagem dos EUA sobretudo se não conseguirem ganhar. Se Obama desencadeia uma guerra assim é porque espera obter importantes benefícios.

Objetivo nº 1: Controlar todo o petróleo

Alguns dizem que desta vez não é uma guerra pelo petróleo porque as quantidades líbias seriam marginais na produção mundial e que, de qualquer jeito, Kadafi já vendia seu petróleo aos europeus. Mas esta gente não entende em que consiste a "guerra mundial do petróleo"...

Com o agravante da crise geral do capitalismo, as grandes potências econômicas estão metidas em uma briga a cada vez mais encarniçada. Neste jogo de cadeiras as vagas são caras. Para garantir uma cadeira a suas multinacionais, cada potencia deve ser batida em todas as frentes: conquistar mercados, conquistar zonas de mão-de-obra rendível, obter grandes contratos públicos e privados, assegurar monopólios comerciais, controlar Estados que lhes concedam vantagens... E, sobretudo, assegurar o domínio das matérias-primas cobiçadas. E antes de mais nada, do petróleo.

No ano 2000, ao analisar as guerras que iam vir, em nosso livro Monopoly, escrevíamos: "Quem quiser dirigir o mundo deve controlar o petróleo. Todo o petróleo. Onde quer que esteja." Se é uma grande potência, não te basta com assegurar teu próprio abastecimento de petróleo. A cada vez quererá mais, quererá o máximo. Não só pelos enormes lucros, como porque assegurando um monopólio, estará em condições de privar dele os rivais incomodativos e impor as condições. Terá a arma absoluta. Chantagem? Sim.

Desde 1945, EUA fez tudo por se assegurar este monopólio sobre o petróleo. Um país inimigo como o Japão, por exemplo, dependia até 95% dos EUA em seu abastecimento de energia. Com o que garantir sua obediência. Mas os relacionamentos de força mudam, o mundo faz-se multipolar e EUA enfrenta a subida da China, à recuperação da Rússia, à emergência do Brasil e outros países do Sul. O monopólio faz-se a cada vez mais difícil de manter.

Que o petróleo líbio representa somente 1% ou 2% da produção mundial? De acordo, mas é o de melhor qualidade, a mais fácil extração e portanto muito rendível. E sobretudo fica bem perto da Itália, da França e da Alemanha. Importar petróleo de Médio Oriente, da África negra ou da América latina sai a um custo muito maior. Sim há, portanto, guerra pelo ouro negro líbio. E mais para um país como a França, tão comprometido em um programa nuclear a cada vez com mais riscos.

Neste contexto há que recordar duas coisas: 1. Kadafi desejava subir a participação do Estado líbio no petróleo de 30% para 51%. No dia 2 de março último, Kadafi queixava-se de que a produção petrolífera de seu país estava em seu nível mais baixo. Ameaçou com substituir as firmas ocidentais por sociedades chinesas, russas e indianas. Coincidência? Cada vez que um país africano se volta para a China, já tem problemas.

Outro indício: Alí Zeidan, o homem que disse o dos "seis mil mortos civis", vítimas dos bombardeios de Kadafi, este homem que é também porta-voz do famoso CNL, o governo de oposição, reconhecido pela França. Bem, neste ponto, Alí Zeidan declarou que "os contratos assinados serão respeitados", mas que o futuro poder "terá em conta às nações que nos ajudaram"! Trata-se pois certamente de uma guerra do petróleo. Mas não se desenvolve unicamente na Líbia...

Por que estas rivalidades EUA - França - Alemanha?

Se a guerra contra a Líbia é justa e humanitária, não se compreende por que os que a fazem brigam entre eles. Por que Sarkozy se precipitou por ser o primeiro em disparar? Por que se zangou quando a OTAN quis levar o controle das operações? Seu argumento "A OTAN é impopular nos países árabes", não se tem em pé. Como se ele, Sarkozy, fosse tão popular após ter protegido, como já fez, Israel e Ben Alí !

Por que a Alemanha e a Itália se mostraram tão renuentes ante esta guerra? Por que o ministro Frattini declarou ao princípio que fazia falta "defender a soberania e a integridade territorial de Líbia" e que "a Europa não deveria exportar a democracia a Líbia"[1]" Simples divergências sobre a eficácia humanitária? Não, trata-se aqui também de interesses econômicos. Em uma Europa enfrentada a uma crise, as rivalidades são a cada vez maiores também. Ainda faz uns meses desfilavam todos a Trípoli para abraçar Kadafi e conseguir os bons contratos líbios. Os que os obtinham, não tinham nenhum interesse em derrocá-lo. Os que não, sim tinham interesse nisso. Quem era o primeiro cliente do petróleo libio? Itália. O segundo? Alemanha. Continuemos com os investimentos e as exportações das potências européias... Quem conseguia a maioria de contratos na Líbia? Itália. Número dois? Alemanha.

Era a firma alemã BASF que chegava a ser a principal produtora de petróleo na Líbia, com um investimento de dois mil milhões de euros. Era a firma DEA, filial do gigante da água RWE, a que obteve mais de 40.000 quilômetros quadrados de jazigos de petróleo e de gás. Era a firma alemã Siemens que jogava o papel mais importante nos enormes investimentos do gigantesco projeto "Great Man Made River", o maior projeto de irrigação do mundo, uma rede de encanamentos para levar a água desde os aquíferos desde Nubia até o deserto do Saara. Mais de 1.300 poços, com frequência a mais de 500 metros de profundidade, que uma vez terminados, forneceriam diariamente 6,5 milhões de metros cúbicos de água a Trípoli, Benghazi, Sirte e outras cidades[2]. 25 mil milhões de dólares que atraíam algumas cobiças! Além disto, a Líbia, com seus petrodólares, tinha se embarcado em um ambicioso programa para renovar suas infraestrutura, construir escolas e hospitais e para industrializar o país.

Aproveitando o seu potencial econômico, a Alemanha tinha se associado com sócios privilegiados da Líbia, Arábia Saudita e os países do Golfo arábigo. Não tinha pois nenhum interesse em manchar sua imagem no mundo árabe. Quanto à Itália, há que recordar que colonizou a Líbia com uma brutalidade inaudita apoiado nas tribos do oeste contra as do este. Agora, com a mediação de Berlusconi, as sociedades italianas obtiveram muito bons contratos. Têm pois muito que perder. Ao invés, França e Inglaterra, que nunca conseguiam bons pedaços do bolo, se põem à ofensiva para conseguir sua parte neste bolo. E a guerra da Líbia é simplesmente o prolongamento da batalha econômica por outros meios. O mundo capitalista, decididamente, não é muito belo.

A rivalidade econômica traduz-se em termos militares. Em uma Europa em crise e dominada por uma Alemanha de altos rendimentos (graças sobretudo à sua política de baixos salários), França rompe suas alianças e vira-se para a Inglaterra para tentar reequilibrar a situação. Paris e Londres têm mais meios militares do que Berlim e tentam jogar esta carta para contra-arrestar sua debilidade econômica.

Objetivo nº 2: Assegurar a Israel

No Médio Oriente, tudo está unido. Como nos explica Noam Chomski em uma entrevista [3]: "A partir de 1967, o governo dos EUA vem considerando Israel como um investimento estratégico. Como um distrito policial encarregado de proteger as ditaduras árabes produtoras de petróleo". Israel é o polícia do Médio Oriente.

Só que o novo problema para Washington é que os numerosos crimes cometidos por Israel (Líbano, Gaza, Flotilha humanitária...) o isolam a cada vez mais. Os povos árabes reclamam o fim deste colonialismo. De repente, é o polícia que precisa ser protegido. Israel não pode sobreviver sem um meio de ditaduras árabes que não tenham em absoluto em conta a vontade de seus povos de ser solidários com os palestinos. Por isso Washington protegia Mubarack e Ben Alí, e seguirá protegendo outros ditadores.

EUA teme "perder" a Tunísia e o Egito nos próximos anos. O que mudaria o relacionamento de forças na região. Após a guerra contra o Iraque em 2003, que era, além do mais, uma advertência e uma intimidação para os outros dirigentes árabes, Kadafi se sentiu ameaçado. E então começou a multiplicar as concessões, com frequência exageradas, às potências ocidentais e ao seu neoliberalismo. O que lhe tinha debilitado no plano interior das resistências sociais. Quando se cede perante o FMI, se faz dano à população. Mas se amanhã a Tunísia ou o Egito virassem para a esquerda, Kadafi poderia reconsiderar suas concessões. Um eixo de resistência O Cairo - Trípoli - Tunísia, fazendo frente aos EUA e decidido a fazer dobrar-se a Israel, seria um pesadelo para Washington. Fazer cair Kadafi é pois uma prevenção.

Objetivo nº 3: Obstaculizar a libertação do mundo árabe

Quem domina hoje sobre o conjunto do mundo árabe, sua economia, seus recursos e seu petróleo? Não os povos árabes, já se sabe. Mas também não os ditadores do local. Sim, eles ocupam a cena, mas os verdadeiros amos estão por trás da cena.

São as multinacionais dos EUA e européias que decidem o que há que produzir ou não nestes países, que salários há que pagar, para quem renderão os lucros do petróleo e que dirigentes se imporão. São as multinacionais as que enriquecem seus acionistas à custa das populações árabes.

Impor tiranos ao conjunto do mundo árabe tem consequências muito graves: o petróleo, mas também os outros recursos naturais que servem somente ao lucro das multinacionais, não a diversificar a economia local ou a criar empregos. Além disso, as multinacionais marcam baixos salários para o turismo, as pequenas indústrias e os serviços subempreitados.

De repente as economias fazem-se dependentes, desequilibradas e já não respondem às necessidades dos povos. Nos anos que vêm, vai se agravar o desemprego porque 35% dos árabes tem menos de 15 anos. Os ditadores são empregados das multinacionais, são os encarregados de assegurar-lhes os lucros e quebrar a contestação. Os ditadores têm como papel impedir a justiça social.

Trezentos milhões de árabes distribuídos em vinte países, mas considerando-se justamente uma só nação, encontram-se pois ante uma eleição decisiva: aceitar a manutenção deste colonialismo ou fazerem-se independentes tomando um novo rumo? Todo mundo ao redor está em plena transformação: A China, o Brasil e outros países se emancipam politicamente, o que lhes permite progredir economicamente. O mundo árabe vai ficar atrás? Seguirá sendo uma dependência dos EUA e da Europa, uma arma que estes utilizam contra as outras nações na grande batalha econômica e política internacional? Ou então, chegará finalmente para eles a hora da libertação?

Esta ideia aterroriza os estrategas de Washington. Se perderem o controle do mundo árabe e do seu petróleo, acabou-se o domino do planeta para eles. Porque os EUA, uma potência em declínio econômico e político, é a cada vez mais contestado: pela Alemanha, pela Rússia, pela América Latina e pela China. Aliás, numerosos países do Sul aspiram a estabelecer relações Sul - Sul, mais vantajosas do que a dependência dos EUA.

A cada vez custa-lhe mais manter-se como a maior potência mundial, capaz de rapiñar a nações inteiras e de levar a guerra por todos os sítios a onde decida a levar. Repitamo-lo : se amanhã o mundo árabe une-se e liberta-se, se EUA perde a arma do petróleo, não será mais que uma potência de segunda ordem em um mundo multipolar. Mas isso será também um grande progresso para a humanidade : os relacionamentos internacionais tomarão um novo rumo e os povos do Sul poderão por fim decidir seu próprio destino e terminar com a pobreza.

Aqueles para quem a democracia é perigosa

As potências coloniais ou neocoloniais de ontem nos juram que mudaram. Após ter financiado, armado, aconselhado e protegido Ben Alí e Mubarak e companhia, agora os EUA, França e outros nos inundam com declarações comoventes. Como Hillary Clinton: "Nós apoiamos a aspiração dos povos árabes à democracia".

Mentira total. Os EUA e seus aliados não querem em absoluto uma democracia árabe, não querem em absoluto que os árabes possam decidir sobre seu petróleo e restantes riquezas. Fizeram todo para evitar a democratização, para manter no poder aos responsáveis pelo antigo regime. E quando isso não funciona, impor outros dirigentes encarregados de desmobilizar as resistências populares. O poder egípcio, por exemplo, acaba de tomar medidas anti-greve muito brutais.

Explicar a guerra contra a Líbia com a ideia de que após a Tunísia e o Egito, Washington e Paris teriam "compreendido" e quisessem lavar sua consciência ou, em todo caso, melhorar sua imagem, não é mais que uma grossa mentira. Na realidade, a política ocidental no mundo árabe forma um conjunto que se aplica com três forma diferentes:
 1. Manter ditaduras repressivas.
2. Substituir Mubarak e Ben Alí por peões sob seu controle.
3. Derrocar os governos de Trípoli, Damasco e Teerã para recolonizar a estes países "perdidos". Três métodos, mas um só objetivo : manter o mundo árabe sob domínio para continuar explorando-o.

A democracia é perigosa quando se representa somente os interesses de uma pequena minoria social. O que mais medo dá a EUA é que o descontentamento social tenha rebentado em quase todas as ditaduras árabes... No Iraque (nossos meios não disseram nada) numerosas greves afetaram o petróleo, o setor têxtil, eletricidade e outros setores. Em Kut, tropas dos EUA inclusive cercaram uma fábrica têxtil em greve. Houve manifestações em 16 das 18 províncias, com todas as comunidades juntas, contra o governo corrupto que abandona na miséria a seu povo. No Bahrein, sob a pressão da rua, o rei terminou por prometer uma ajuda especial de 2650 dólares à cada família. Em Omã, o sultão Qaboos bin Said, alterou para a metade do governo e aumentou o salário mínimo 40% e ordenou criar 50.000 empregos. O mesmo rei saudita, Fahd, desbloqueou 36 mil milhões de dólares para ajudar as famílias com baixos rendimentos.

Evidentemente, uma questão surge entre a gente simples: como é que tinham todo este dinheiro? Por que o tinham guardado em seus cofres? E a seguinte pergunta: Quantos milhares de milhões mais roubará a seus povos com a cumplicidade dos EUA? E a última: Como pôr fim a todo este roubo?

As Revoluções 'Facebook', um grande complô made in USA ou autênticas revoluções?

Uma interpretação errônea está-se difundindo pela internet: as revoluções árabes seriam desencadeadas e manipuladas pelos EUA, que iria puxando das cordas com o fim de provocar mudanças muito controladas e assim poder atacar a Líbia, a Síria, o Irã. Todo seria "fabricado". O argumento desta hipótese: organismos mais ou menos oficiais convidava a ir aos EUA e formado "cyberactivistas" árabes que jogaram um papel ponteiro na circulação de infos e que simbolizaram uma revolução de novo tipo, "a revolução facebook".

A ideia deste grande complô não se sustenta. Na realidade, os EUA fizeram tudo por manter o maior tempo possível Mubarak, um ditador muito útil. No entanto, os EUA sabia que tinha má saúde e estava "acabado". Neste tipo de situações, os EUA preparam evidentemente um "plano B" e inclusive um "plano C". O plano B consistiria em substituir Mubarak por um de seus colaboradores. Mas isto não tinha muitas possibilidades de funcionar visto o cólera do povo egípcio.

Por conseguinte, EUA tinha um, ou muitos, Plano C, como o costumam fazer, por outra parte, em praticamente qualquer país que querem controlar. Em que consiste? Compra por adiantado a alguns opositores e intelectuais -sejam ou não conscientes- e "investe" em futuro. Chegado no dia, empurra esta gente para diante da cena. Quanto tempo funcionará isto, é outra questão desde o momento em que a população se mobiliza e um regime, inclusive remaquiado, não é capaz de resolver as reivindicações populares quando seu objetivo é manter a exploração da gente.

Falar de "revolução facebook" é um mito que dá jeito aos EUA. Tal como assinalamos desde faz muito tempo a importância dos novos métodos de informação e mobilização pela internet, igualmente consideramos absurda a ideia de que Facebook substitua as lutas sociais e as revoluções. Esta ideia da jeito aos grandes capitalistas (dos quais Mubarak era bom representante), mas na realidade o que eles temem acima de tudo é a contestação dos trabalhadores, porque põe diretamente em perigo sua fonte de lucros.

O papel dos trabalhadores

Facebook é um método de luta, mas não é a essência da revolução. Esta apresentação pretende escamotear o papel da classe operária (em sentido amplo), que seria substituída pela internet. Na realidade, uma revolução é uma ação mediante a qual os de abaixo liquidam aos de acima. Com uma mudança radical não só do pessoal político senão sobretudo nos relacionamentos de exploração social.

Ai ! Segundo nossos grandes pensadores oficiais faz tempo que não teríamos já o direito de usar o termo ?luta de classes?, que está já antiquado e até é um pouco obsceno. Não têm sorte, o segundo homem mais rico do mundo, o grande banqueiro Warren Buffet, o soltou faz já tempo: "De acordo, há uma luta de classes na América. Mas é minha classe, a classe dos ricos, que faz a guerra e a ganhamos"[4]. Senhor Buffet, isso não deve ser jurado nunca antes de ganhar a partida! O último que ri...

Mas as realidades tunisinas e egípcias confirmam a atualidade da luta de classes, de acordo com o senhor Buffet? Quando Ben Alí teve que fazer suas malas? A 14 de janeiro, quando os trabalhadores tunisinos estavam metidos em uma greve geral. Quando deixou Mubarak seu trono? Quando uma potente greve dos operários egípcios paralisou as fábricas do têxtil, correios e até os meios oficiais de comunicação. Explicação de Joel Beinin, professor na Universidade Stanford e antigo diretor da universidade americana do Cairo: "Estes dez últimos anos, uma onda de protestos sociais vinha afetando a mais de dois milhões de trabalhadores em mais de três mil greves, sentadas e outras forma de protesto. Esse foi o pano de fundo de todo este levantamento revolucionário das últimas semanas... Mas é que nos últimos dias, se viu a dezenas de milhares de trabalhadores unir suas reivindicações econômicas à exigência de abolir o regime de Mubarak..."[5]

A revolução árabe não fez mais que começar. Após as últimas vitórias populares, a classe dominante, sempre no poder, tenta apaziguar o povo com algumas pequenas concessões. Obama desejava que a rua se acalmasse o antes possível e que todo ficasse como dantes. Isso pode funcionar um tempo, mas a revolução árabe está em marcha. Poderá tomar anos, mas será muito difícil pará-la.

Objetivo nº 4: Impedir a unidade africana

África é o continente mais rico do planeta em abundância de recursos naturais, mas é também o mais pobre. 57% de sua população vive abaixo do limiar da pobreza, isto é, com menos de 1,25 euros por dia. A chave deste mistério? Justamente que as multinacionais não lhe pagam estas matérias-prima, roubam-nas. Na África rapinam os recursos, impõem baixos salários, acordos comerciais desfavoráveis e privatizações nocivas, exercem toda sorte de pressões e extorsões a Estados débeis, os estrangulam com uma dívida injusta, instalam a ditadores complacentes, provocam guerras civis nas regiões apetitosas...

África é estratégica para as multinacionais porque sua prosperidade está baseada no saque de seus recursos. Se se pagasse um preço correto pelo ouro, o cobre, o platino, o coltan, o fosfato, os diamantes e os produtos agrícolas, as multinacionais seriam muito menos ricas mas as populações locais poderiam ser afastadas da pobreza.

Para as multinacionais dos EUA e da Europa é por isso vital impedir que a África se una e se emancipe. Tem que seguir dependente. Um exemplo, muito bem exposto por um autor africano, Jean-Paul Pugala... "A história começa em 1992, quando 45 países africanos criam a sociedade RASCOM para dispor de um satélite africano e fazer cair os custos de comunicação no continente. Telefonar desde ou para a África tem a tarifa mais alta do mundo já que tinha um imposto de 500 milhões de dólares que a Europa cobrava por ano sobre as conversas telefônicas, inclusive ao interior do mesmo país, pelo trânsito de voz pelos satélites europeus como o Intelsat.

Um satélite africano custava justamente 400 milhões de dólares que podiam ser pagos de uma vez e não os 500 milhões de aluguel por ano. Que banqueiro financiaria tal projeto? Mas a equação mais difícil de resolver era: como pode o escravo libertar da exploração servil de seu amo lhe solicitando ajuda para conseguir isso? Assim estiveram o Banco Mundial, o FMI, EUA, a União Européia enganando inutilmente estes países durante quatorze anos. Foi então quando Kadafi, em 2006, pôs fim ao suplício desta inútil mendicidade a países ocidentais pretensamente bem-feitores, praticantes de empréstimos a interesses de usura; o líder libio pôs em cima da mesa 300 milhões de dólares, o Banco Africano de Desenvolvimento, 50, o Banco oeste-Africano de Desenvolvimento, 27; e assim é como África, desde 27 de dezembro de 2007, tem seu primeiro satélite de comunicação de sua história. Em seguida, a China e a Rússia implicaram-se, neste caso cedendo sua tecnologia, o que permitiu o lançamento de novos satélites, sul-africano, nigeriano, angolano, argelino; inclusive um novo satélite africano foi lançado em julho de 2010. Espera-se para 2020 que o primeiro satélite tecnologicamente 100% africano seja construído em solo africano, concretamente na Argélia. Este satélite está previsto que concorra com os melhore do mundo, mas a um custo dez vezes menor; um autêntico desafio.

Tenho aqui como um simples gesto simbólico, de uns 300 milhões, pode mudar a vida de todo um continente. A Líbia de Kadafi fez perder ao Ocidente, não só os 500 milhões de dólares por ano, como também os milhares de milhões de dólares em dívida e juros que esta mesma dívida permite gerar até o infinito e em escala exponencial, contribuindo assim para manter oculto o sistema de espólio da África. (?)

É a Líbia de Kadafi a que oferece a toda a África sua primeira revolução verdadeira dos tempos modernos: assegurar a abrangência universal do continente por telefonia, televisão, radiodifusão e muitas mais aplicações como a telemedicina e a educação a distância. Pela primeira vez uma conexão a baixo custo está disponível em todo o continente, até nas zonas rurais graças ao sistema ponte por rádio WMAX.[6]

Já estão vendo, algo que nunca se nos tinham contado do mau de Kadafi! Que ajudava os africanos a se emanciparem da abafante tutela dos ocidentais. E não haverá outras coisas mais deste gênero nunca ditas?
Kadafi desafiou o FMI e Obama joga de carteirista
Sim. Ao sustentar o desenvolvimento do "Fundo monetário africano" (FMA), Kadafi cometeu o crime de desafiar o FMI. Já sabemos que o FMI, controlado pelos EUA e Europa, presido por Dominique Strauss-Kahn, exerce uma verdadeira extorsão sobre os países em desenvolvimento. Emprresta-lhes dinheiro somente a condição de esses países aceitarem ceder suas empresas em benefício das multinacionais, fazer pedidos sem qualquer proveito ou de reduzir seus orçamentos em saúde e educação. Em uma palavra, este banqueiro FMI é muito nocivo.

Bem, pois tal como os latinos lançaram seu próprio Banco Sul, para contra-arrestar as chantagens arrogantes do FMI e decidir por si mesmos que projetos realmente úteis querem financiar, o FMA poderia começar a oferecer uma via mais independente aos africanos. E quem financia o FMA? A Argélia contribuiu com 16 mil milhões e Líbia com 10 mil milhões. Isto é, 62% de sua capital.

Ao invés, com a maior discreção midiática, Obama acaba simplesmente de roubar trinta mil milhões ao povo líbio. Como? No 1º de março (muito antes da resolução da ONU), deu ordem ao Tesouro USA de bloquear os depósitos da Líbia nos EUA. Depois, a 17 de março, fez o necessário para incluir na resolução 1973 da ONU uma pequena frase que autoriza a congelar os fundos da banca central líbia bem como os da companhia nacional líbia de petróleo. Já sabemos que Kadafi amassou um tesouro petroleiro que lhe permitiu investir em grandes sociedades européias, em grandes projetos de desenvolvimento africano (e talvez também em algumas campanhas eleitorais européias, mas isto não parece constituir uma forma eficaz de seguro de vida!...)

Em definitivo, a Líbia é um país demasiado rico (200 mil milhões de dólares em reservas) que atraiu as ambições de uma potência hiper-endividada, EUA. Então, para desviar as dezenas de milhares de milhões de dólares da banca nacional libia, isto é, roubando dos bolsos do povo libio, Obama batizou assim, simplesmente, tudo isto de "fonte potencial de financiamento do regime Kadafi" com o qual a cartada foi feita. Um autêntico ladrão.

Apesar de todos seus esforços para abrandar o Ocidente multiplicando as concessões ao neoliberalismo, Kadafi seguia inquietando os dirigentes dos EUA. Um cabo da embaixada de EEUU em Trípoli, com data de novembro 2007, lamenta esta resistência: "Os que dominam a direção política e econômica da Líbia levam políticas a cada vez mais nacionalistas no setor da energia". Recusar toda privatização justifica os bombardeios? A guerra é certamente a continuação da economia por outros meios.

Objetivo nº 5: Instalar a OTAN como gendarme da África

Em princípio, pensava-se que a OTAN estava para proteger a Europa contra a "ameaça soviética". Desaparecida a URSS, a OTAN deveria desaparecer também. Mas aconteceu o contrário...

Após ter bombardeado a Bósnia em 1995, Javier Solana, secretário geral da OTAN, declarava: "A experiência adquirida na Bósnia poderá servir de modelo para nossas operações futuras da OTAN". Na altura, eu escrevi: "a OTAN reclama de fato uma zona de ação ilimitada. A Iugoslávia foi um laboratório para preparar próximas guerras. Onde terão lugar?[7]" E avançava esta resposta: "Eixo nº 1: Europa do Leste. Eixo nº 2: Mediterrâneo e Médio Oriente. Eixo nº 3: o Terceiro mundo em geral". Nisso estamos, é o programa que hoje se está realizando.

Desde 1999, a OTAN bombardeava a Iugoslávia. Uma guerra para submeter um país ao neoliberalismo, como vemos. Estudando as análises dos estrategas USA, eu sublinhava então esta frase de um deles, Stephen Blank: "As missões da OTAN serão a cada vez mais "out of area" (fora da zona de defesa). Sua função principal, ser o veículo da integração de regiões a cada vez mais numerosas na comunidade ocidental econômica, de segurança, política e cultural"[8].

Submeter regiões a cada vez mais numerosas ao Ocidente! Então eu escrevi: "A OTAN é o exército ao serviço da globalização, o exército das multinacionais. Passo a passo, a OTAN transforma-se efetivamente em gendarme do mundo"[9]. E indicava os próximos objetivos prováveis: "Afeganistão, Cáucaso, volta a Iraque" Isto para começar.

Hoje que tudo isto se cumpriu, alguns me perguntam: "Tem você uma bola de cristal?". Não é necessária a bola de cristal, basta com estudar os documentos do Pentágono e dos altos despachos de estratégia USA, que nem sequer são secretos, e deduzir e compreender sua lógica.

E esta lógica do Império de fato é muito simples:
 1. O mundo é uma fonte de lucros.
2. Para ganhar a guerra econômica tem que ser a superpotência dominante.
3. Para isso, há que controlar as matérias-prima, as regiões e as rotas estratégicas.
4. Toda resistência a esse controle deve ser quebrada: mediante a corrupção, a chantagem ou a guerra, não importa os meios.
5. Para continuar sendo a potência dominante, há que impedir absolutamente os rivais de se aliarem contra o amo

Expansão da OTAN já em três continentes!

Para defender estes interesses econômicos e converter-se em gendarme do mundo, os dirigentes da OTAN semeiam o pânico: "Nosso mundo sofisticado, industrializado e complexo foi assaltado por muitas ameaças mortais: mudança climática, seca, fomes, ciber-segurança, questão energética"[10]. Assim, problemas não militares, mas sociais e ambientais, são utilizados para aumentar o armamento e as intervenções militares.

O objetivo da OTAN de fato é substituir a ONU. Esta militarização do mundo faz nosso futuro a cada vez mais perigoso. E isto a um custo terrível: EUA prevê para 2011 um orçamento militar recorde de 708 mil milhões de dólares. Isto é, 2.320 dólares por habitante. Mais duas vezes do que nos começos de Bush. Além disso, o ministro USA da Guerra, Robert Gates, não cessa de empurrar os europeus para gastarem mais: "A desmilitarizaçã da Europa constitui um obstáculo para a segurança e para uma paz duradoura no século XXI"[11]. Os países europeus tiveram que se comprometer com Washington a não diminuírem suas despesas militares. Tudo em proveito das firmas de armamento.

A expansão mundial da OTAN não tem nada que ver com Kadafi, Saddam Hussein ou Milosevic. Trata-se de um plano global para continuar o domínio sobre o planeta e suas riquezas, para manter os privilégios das multinacionais e impedir os povos de elegerem seu próprio destino. A OTAN protegia Ben Alí, Mubarak e os tiranos da Arábia Saudita, a OTAN protegerá quem vier depois, a OTAN destroçará somente os que se resistirem ao Império

Para chegar a ser o gendarme do mundo, a OTAN avança efetivamente passo a passo. Uma guerra na Europa contra a Iugoslávia, uma guerra na Ásia contra o Afeganistão e, agora, uma guerra na África contra a Líbia. Já vão três continentes! Gostaria de intervir também na América latina organizando manobras na Venezuela faz dois anos. Mas aí, era demasiado arriscado, pois a América Latina está a cada vez mais unida e recusa "gendarmes" americanos.

Por que Washington quer absolutamente instalar a OTAN como gendarme da África? Por causa dos novos relacionamentos de força mundiais analisadas mais acima: EUA em declínio, contestado pela Alemanha, Rússia, América latina e China, inclusive por pequenos países do Terceiro mundo.

Por que não se fala do AFRICOM?

O que mais inquieta Washington é a potência crescente da China. Ao propor relacionamentos mais igualitários aos países asiáticos, africanos e latino-americanos, comprando suas matérias-prima ao melhor preço e sem chantagem colonial, oferecendo créditos mais interessantes, fazendo trabalhos de infraestrutura úteis ao desenvolvimento, a China está lhes oferecendo uma alternativa à dependência de Washington, Londres ou Paris. Então que fazer para contra-arrestar a China?

O problema é que uma potência em declínio tem menos meios de pressão financeira inclusive sobre os países africanos; EUA, portanto, decidiu utilizar sua melhor arma: a opção militar. Convém saber que suas despesas militares ultrapassam os de todos os outros países do globo juntos. Desde faz anos vem avançando seus peões pouco a pouco sobre o continente africano. No 1º de outubro de 2008, montaram o "Africom" (Africa Comand). Todo o continente africano, menos o Egito, ficou sob um único comando USA unificado que reagrupa o US Army, US Navy, o US Air Force, os marines e as "operações especiais" (desembarcos, golpes de estado, ações clandestinas...) A ideia é repetir o mecanismo com a OTAN para apoiar as forças USA.

Washington, que vê terroristas por todas as partes, também os encontrou na África. Como por acaso, nos arredores do petróleo nigeriano e de outros recursos naturais ambicionados. Então, se quiserem saber onde se desenvolverão os próximos episódios de sua famosa "guerra contra o terrorismo", é só buscar no mapa do petróleo, o urânio e ao coltan, e ali o encontrarão. E como o Islã está expandido em numerosos países africanos, entre eles a Nigéria, já têm o próximo palco...

O objetivo real do Africom? "estabilizar" a dependência da África, impedir sua emancipação, impedi-la de chegar a ser um ator independente que pudesse ser aliado com a China e a América latina. Africom constitui uma arma essencial nos planos de dominação mundial dos EUA, que quer poder ser apoiado em uma África e em umas matérias-primas sob seu controle exclusivo na grande batalha que se desatou pelo controle da Ásia e o controle de suas rotas marítimas. Efetivamente, a Ásia é o continente onde se vai jogar, doravante, a batalha econômica decisiva do século XXI. Mas é um bocado duro com uma China muito forte e uma frente de economias emergentes que têm interesse em formar um bloco. Washington quer por isso controlar a África por completo e fechar essa porta aos chineses.

A guerra contra a Líbia é pois uma primeira etapa para impor o Africom a todo o continente africano. Abre uma era não de pacificação do mundo, mas de novas guerras. Na África e no Oriente médio, mas também em torno do Oceano Índico, entre a África e a China.

Por que o Oceano Índico? Porque se olharem um mapa, verão vocês que é a grande porta da China e de toda a Ásia. Portanto, para controlar este oceano, Washington tenta dominar várias zonas estratégicas: 1. Médio Oriente e o Golfo Pérsico, daí seu nervosismo relativamente a países como a Arábia saudita, Iêmen, Bahrein e Irã.
2. O Corno da África, daí a sua agressividade para com a Somália e a Eritréia. Voltaremos mais adiante sobre estas geoestratégias no livro Comprendre le monde musulman: Entretiens avec Mohamed Hassan que estamos preparando para daqui a breve.

O grande crime de Kadafi

Voltemos à Líbia. No enquadramento da batalha por controlar o continente negro, África do Norte é um objetivo maior. Ao despregar uma dezena de bases militares na Tunísia, Marrocos e Argélia, bem como em outras nações africanas, Washington abriria a via para estabelecer uma rede completa de bases militares que cobriria todo o continente.

Mas o projeto Africom deparou-se com uma séria resistência dos países africanos. De maneira altamente simbólica, nenhum aceitou acolher em seu território a sede central do Africom. E Washington teve que manter sua sede em Stuttgart, Alemanha, o que era muito humilhante. Nesta perspetiva, a guerra para derrocar Kadafi no fundo é uma advertência muito clara aos chefes de Estado africanos que tiverem a tentação de seguir uma via demasiado independente.

Este é o grande crime de Kadafi: A Líbia não aceitava nenhuma ligação com o Africom ou com a OTAN. No passado, os EUA possuíam uma importante base militar na Líbia. Mas Kadafi fechou-a em 1969. É evidente, a guerra atual tem sobretudo como objetivo recuperar a Líbia. Seria uma avançada estratégica que lhe permitiria intervir militarmente no Egito se este escapasse do controle de EUA.

Quais os próximos objetivos na África?

A pergunta seguinte será pois: após Líbia, vai ser a vez de quem? Que países africanos poderiam ser atacados pelos EUA? É muito simples. Sabendo que a Iugoslávia era também atacada porque se recusava a entrar na OTAN, basta olharmos a lista de países que não aceitaram se integrar no Africom, sob o comando militar dos EUA. São cinco: Líbia, Sudão, Costa do Marfim, Zimbabué, Eritréia. Estes são os próximos objetivos.

O Sudão está dividido e sob a pressão de sanções internacionais. O Zimbabué está também submetido a sanções. A Costa do Marfim viu-se imersa em uma guerra civil fomentada por Ocidente. A Eritréia, obrigada a uma guerra contra a Etiópia, agente dos EUA na região, atualmente também está sob sanções.

Todos estes países foram ou vão ser objetivo de campanhas de propaganda e desinformação. Sejam dirigidos ou não por dirigentes virtuosos e democráticos, isso não tem nada que ver. A Eritréia está tentando uma experiência de desenvolvimento econômico e social autônomo e recusa as "ajudas" que lhe possam vir impostas pelo Banco Mundial e o FMI controlados por Washington. Este pequeno país está a obter os primeiros sucessos de seu desenvolvimento, mas continua sob a ameaça internacional. Outros países, se "se portarem mal", estão também na mira dos EUA. Argélia concretamente. De fato não é bom seguir a própria via...

E para os que ainda acham que tudo isto não é mais que uma "teoria do complô", que os EUA não tem programado tanta guerra, que improvisa reagindo segundo o que acontecer, lembremos o que declarava em 2007 o ex general Wesley Clarck (comandante supremo das forças da OTAN na Europa entre 1997 e 2001, que dirigiu os bombardeios sobre a Iugoslávia): "Em 2001, no Pentágono, um general disse-me: vamos tomar sete países em cinco anos, começando pelo Iraque, seguindo na Síria, Líbano, Líbia, Somália, Sudão, para terminar com o Irã?[12]. Dos sonhos à realidade há uma margem, mas os planos estão aí. Só que atrasados.

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