sábado, 21 de maio de 2011

Mantega pede que Petrobrás seja “realista” com trabalho para desaquecer a economia 


O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, disse na quarta-feira (18), em Londres, que “o ministro Guido Mantega pediu uma meta mais realista para o Conselho de Administração da Petrobrás”.

O ministro da Fazenda preside o Conselho, que se reuniu na última sexta-feira (13) para analisar o novo Plano de Negócios da estatal (PN 2011-2015), que deveria ter valores maiores que o atual (PN 2010-2014), de US$ 224 bilhões.

Em nota, a Petrobrás divulgou uma declaração do seu diretor Financeiro, Almir Barbassa, admitindo que há recomendação para se fazer estudo para redução de investimento: “Nós fomos demandados pelo Conselho de Administração para reexaminar, prosseguir com estudos de sensibilidade.

 Um desses estudos incorpora a redução do CAPEX (investimento), mas não é a única questão a ser examinada, existem diversas variáveis em estudo. Como dito, nós faremos as análises de sensibilidade, apresentaremos ao Conselho, e a decisão será tomada”.

Ao defender o corte nos investimentos da Petrobrás, Coutinho declarou que os planos atuais são muito ambiciosos e difíceis de serem efetivados, por isso a estatal está sendo pressionada a aumentar sua “eficiência”.

Do ponto de vista dos interesses do país, isto é, da autossuficência em petróleo e produção do pré-sal, a redução de investimentos não tem nada a ver com “meta realista”, “eficiência” ou outra coisa semelhante. E sim com a cruzada de Mantega pra derrubar o crescimento da economia brasileira, conforme reiterou em entrevista à Globo News: “A gente está trabalhando para desaquecer a economia”.
Para o desenvolvimento do Brasil, os investimentos do Estado, especialmente os da Petrobrás, são essenciais e isso foi comprovado nos oito anos de governo Lula.

A então ministra Dilma Rousseff presidiu o Conselho de Administração da estatal do início de 2003 a março de 2010. Após participar da última reunião, Dilma avaliou sua experiência à frente do conselho: “Saio muito feliz porque quando cheguei à Petrobrás tinha um nível de investimentos baixo e saio com um nível de investimento elevado, com a empresa tendo descoberto o pré-sal e voltando a investir em refinarias, em petroquímicas, tendo concluído gasodutos.

A Petrobrás saiu em situação de ser quase insignificante em termelétricas e hoje é uma das grandes empresas nessa área. Participa também da área de biocombustíveis. Convivi com pessoas pelas quais tenho admiração no Conselho. Tenho uma nova visão de Brasil após ter participado do Conselho”.

Por tudo que representa, a Petrobrás se tornou um verdadeiro símbolo do Brasil. Apesar da sabotagem no período tucano, tornou o país autossuficiente em petróleo e descobriu as gigantescas reservas do pré-sal, que, como disse o ex-presidente Lula, é o nosso passaporte para o futuro. Essa descoberta implicou na mudança da Lei do Petróleo, tornando a Petrobrás como operadora única nessa camada.

Por isso, inclusive, foi feita uma capitalização da Companhia no ano passado, atingindo o total de R$ 120,2 bilhões, dos quais R$ 74,8 bilhões foram para o Tesouro Nacional, como pagamento da compra de 5 bilhões de barris de petróleo que serão retirados do pré-sal.

O PN 2010-2014 estabeleceu investimentos de US$ 224 bilhões, dois quais US$ 118,8 bilhões (53%) em Exploração e Produção (E&P) e US$ 73,6 bilhões (33%) em Refino. Do total de E&P, US$ 33 bilhões destinados ao pré-sal. O início do projeto piloto no campo Tupi e a manutenção do Teste de Longa Duração (TLD) no local colaboraram para o recorde na produção do pré-sal no em dezembro de 2010, com 65,2 mil barris por dia de petróleo e 2,312 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural.

Estava prevista a antecipação para 2012 a produção em Baleia Azul, com 100 mil barris por dia. No ano seguinte, mais 120 mil diários em Guará. Em 2014, 120 mil barris por dias em Tupi Nordeste. Entre 2011 e 2014 a previsão era de realização de 13 TLDs.

Ainda segundo o PN 2010-2014, “produção e demanda nacionais superam a capacidade de refino”. Quanto aos investimentos em distribuição, a recente atuação da BR Distribuidora para queda do preço do etanol - forçando sua queda inclusive em postos com outras bandeiras – demonstra o quanto é fundamental.

Também no dia 13, a Petrobrás divulgou seu balanço trimestral, registrando aumento do lucro líquido de 42%, de R$ 7,726 bilhões nos três primeiros meses do ano passado para R$ 10,98 bilhões neste ano. O governo é o principal acionista da Companhia. Mas, no afã de derrubar o crescimento de 7,5% para 4%, talvez o dublê de ministro da Fazenda e presidente do Conselho de Administração deva considerá-lo excessivo. Bom mesmo é o aperto fiscal.
VALDO CRUZ

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