segunda-feira, 16 de maio de 2011

Gregos fazem greve geral contra novo pacote de recessão e arrocho



Congelamento de salários, corte nas aposentadorias, demissões em massa e entrega das estatais levou à greve geral e provocou confrontos em Atenas






A Grécia parou no dia 11 de maio quando os trabalhadores gregos de todos os setores da economia atenderam ao chamado das duas principais centrais sindicais do país, a GSEE e a ADEDY que congregam trabalhadores dos setores público e privado respectivamente.

A paralisação que atingiu – segundo dados das centrais – 100% da produção nas refinarias, estaleiros e transporte naval; 95% dos portos e 90% na construção civil e na mineração. A indústria parou em 75% de sua atividade. Os transportes terrestres também pararam à exceção dos que conduziram os trabalhadores para o ato de repúdio ao arrocho e as medidas que o agravam, propostas pela missão do FMI e BC da Europa que se encontra em Atenas.

CONFRONTOS 
Houve confrontos entre policiais e manifestantes perto do parlamento e do local onde a missão era recebida pelos representantes do governo. Trabalhadores mais jovens e estudantes participaram do confronto atirando pedras e coquetéis molotov sobre os policiais.


“Estamos aqui para reafirmar a nossa oposição aos planos do governo e para exigir mudanças em uma política que vem mergulhando o país no mais dramático desemprego e na recessão”, afirmou o secretário-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores Gregos (GSEE), Nikolaos Kioutsoukis.

“Uma política cujo objetivo é apenas garantir os lucros dos credores e nós viemos aqui para demonstrar nossa resistência ao servilismo desse governo aos mercados”, acrescentou Kioutsioukis.

“Além de ameaçar a economia, as propostas do governo excitam o apetite dos que têm saqueado a riqueza nacional durante todos estes anos. Querem que os trabalhadores, os aposentados, os desempregados - que o sistema quer transformar em burros de carga - carreguem o peso do pagamento de mais 76 bilhões de euros até 2015”, destacou o dirigente sindical.


Durante o ato que reuniu as centrais no dia 18 de abril e que convocou a greve, o presidente da GSEE, Yannis Panagopoulos, denunciou que os trabalhadores, já sob arrocho, estão sendo chamados “a pagar mais uma conta e não os que podem fazê-lo”.
“Somos contra a privatização.

Nenhuma riqueza nacional, infraestrutura, e especialmente as estatais que atendem a necessidades sociais como empresas de água, e energia podem ser vendidas da noite para o dia”, declarou Panagopoulos.

Os trabalhadores gregos contestam os ataques aos contratos coletivos de trabalho que abrigam o conjunto dos trabalhadores dos atos arbitrários dos patrões .

“Que a crise seja paga pela plutocracia e não o povo”, entoavam em coro os manifestantes em Atenas.

ATAQUE ESPECULATIVO
 
A tensão sobre a economia grega aumentou com mais um ataque especulativo da ‘agência de risco’ Standard & Poor’s que acaba de baixar a classificação dos papéis gregos com base em uma matéria do Der Spiegel onde se declara que talvez o país não consiga mais rolar a dívida por causa da exorbitância cobrada em juros quando o governo grego os tentar renegociar com base na ida aos bancos para vender novos títulos e que isso levaria a Grécia a sair da Zona do Euro. O governo grego apressou-se a negar as “previsões” da Spiegel, mas não adiantou.

Para a S&P o nível passou para B já no terreno dos papéis junkies (lixo) um passo apenas acima dos títulos paquistaneses, por exemplo.

É nesse clima que a missão do FMI chega à Grécia para discutir o ritmo e a execução do plano do governo grego para levantar 76 bilhões de euros de 2011 a 2015, dos quais 50 bilhões com arrocho e entrega de estatais.

Caso essa desastrosa destruição da economia grega esteja “indo bem” do ponto de vista do FMI, será liberada mais uma fatia do acordo com o fundo, desta vez de 12 bilhões de euros para que o governo pague títulos que estão vencendo no valor de 13,7 bilhões de euros.
HP

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