quinta-feira, 28 de abril de 2011

WikiLeaks revela crimes em Guantánamo:

EUA manteve crianças, idosos e doentes mentais sob tortura

"Não consta nenhuma razão pela qual o detido tenha sido enviado às instalações de Guantánamo". "O avaliamos como uma criança-soldado, obrigada pelos talibãs a se alistar em suas tropas". "Não é membro da Al Qaeda nem um líder talibã.

Não representa uma ameaça para os interesses dos EUA e de seus aliados". Essas são frases do alto mando militar americano de Guantánamo que fazem parte dos documentos divulgados nos últimos dias pelo Wikileaks sobre a prisão norte-americana em Cuba. Referem-se a alguns dos 14 menores de idade ou aos maiores de 65 anos que passaram pela base militar estadunidense, durante os últimos nove anos.

Segundo o próprio Pentágono é difícil quantificar o número exato de crianças e adolescentes que passaram por Guantánamo. Porque além desses 14 reclusos que tinham menos de 18 anos ao entrar na cadeia (quatro deles, com menos de 15), outra dúzia estava perto de alcançar a maioridade e outros acabaram de o fazer.

O afegão Mohamed Sadiq, de 89 anos, entrou na prisão em 4 de maio de 2002 e foi submetido a testes, onde se demonstrou que não sabia usar o telefone celular que encontraram perto de sua casa.

Tampouco conhecia a identidade de ninguém de uma lista de telefones suspeitos de ter ligação o grupo talibã. Passou seis meses sendo interrogado violentamente ou encerrado em sua cela até que um informe do general de divisão Michael E. Dunlavey recomendou a sua entrega às autoridades afegãs pela sua doença e porque não tinha "nenhum valor de inteligência para os EUA".

Os documentos do Wikileaks revelam que trinta presos em Guantánamo padeciam doenças psiquiátricas, depressões profundas, graves transtornos de personalidade e muitos tentaram o suicídio, repetidas vezes, em alguns casos, com sucesso.

Modulá Abdul Ra-ziq, de 40 anos, consumia suas próprias fezes, bebia xampu e besuntava com excre-mentos seu corpo nu na cela de Guantánamo.

O afegão foi solto não porque reconhecessem o aberrante erro, mas porque seu estado psiquiátrico "dificulta ou impossibilita obter informação durante os interrogatórios", segundo um informe secreto em que o general de brigada Michael R. Lehnert, do corpo de Marines, pede sua repatriação ao Afeganistão.
HP

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